CATALEPSIA E
RESSURREIÇÕES NA BÍBLIA
“Em
certos estágios patológicos, quando um Espírito há deixado o corpo e o
perispírito só por alguns pontos se lhe acha aderido, apresenta ele, o corpo,
todas as aparências da morte e enuncia-se uma verdade absoluta, dizendo que a
vida aí esta por um fio. Semelhante estado pode durar mais ou menos tempo;
podem mesmo algumas partes do corpo entrar em decomposição, sem que, no
entanto, a vida se ache definitivamente extinta. Enquanto não se haja rompido o
último foi, pode o Espírito, quer seja por ação enérgica, da sua própria
vontade, quer por um influxo fluídico estranho, igualmente forte, ser chamado a
volver ao corpo. É como se explicam certos fatos de prolongamento da vida
contra todas as probabilidades e algumas supostas ressurreições. É a planta
renascer, como às vezes se dá, de uma só fibrila da raiz. Quando, porém, as
últimas moléculas do corpo fluídico se têm destacado do corpo carnal, ou quando
este último há chegado a um estado irreparável de degradação, impossível se
torna todo regresso à vida.” (Hermínio C. Miranda, Cristianismo: a mensagem
esquecida, pág. 129 e 130.).
II SAMUEL CAP.14,V.14
Quando morremos, somos como a água que não mais se
pode recolher, uma vez derramada na terra. Deus
não faz voltar uma alma.
SABEDORIA CAP 16 VS 13 e14
Porque vós sois Senhor da vida e da morte. Vós
conduzis as portas do Hades e de lá tirais; enquanto o homem, se pode matar por
sua maldade, não pode fazer voltar o
espírito uma vez saído, nem chamar de volta a alma que o Hades já recebeu.
MARCOS CAP.5,V.38 e 39
Ao chegar à casa do chefe da sinagoga, viu o alvoroço,
e os que estavam chorando e fazendo grandes lamentações. Ele entrou e
disse-lhes: “Por que todo esse barulho e
esses choros? A menina não morreu, ela
está dormindo.”
JOÃO CAP.11,V.11
Depois destas palavras ele acrescentou: Lázaro, nosso
amigo, dorme, mas vou despertá-lo.”
ATOS DOS APÓSTOLOS CAP.20,V.9 e 10
Aconteceu que um moço,
chamado Êutico, que estava
sentado numa janela, foi tomado de
profundo sono, enquanto Paulo ia prolongando seu discurso. Vencido caiu do
terceiro andar abaixo, e foi levantado morto. Paulo desceu, debruçou-se sobre
ele, tomou-os nos braços e disse: “Não
vos perturbeis, porque sua alma está nele.”
OS
RESSUSCITADOS NO VELHO TESTAMENTO
A
exemplo de Lázaro, muito antes da vinda de Cristo, a Bíblia encerra dois casos
de ressucitamento. Um com o profeta Elias o outro com Eliseu, vejamos:
I REIS CAP.17, VS.19 a 24
“ Dá-me o teu filho ”, respondeu Elias, Ele tomou-o
nos braços de sua mãe e levou-o ao quarto de cima da onde dormia e deitou-o em
seu leito. Em seguida orou ao Senhor, dizendo Senhor, meu Deus, até uma viúva,
que me hospeda, quereis afligir, matando-lhe o filho? Estendeu-se em seguida
sobre o menino por três vezes invocando
de novo o Senhor: Senhor meu Deus,
rogo-vos que a alma deste menino volte a
ele.” O Senhor ouviu a oração de Elias; a alma do menino voltou a ele, e ele recuperou a vida. Elias tomou
o menino, desceu do quarto superior ao interior da casa e entregou-o a mãe
dizendo: “Vê: teu filho vive.”A mulher exclamou: “Agora vejo que és um homem de
Deus e que a palavra de Deus está verdadeiramente em teus lábios.”
II REIS CAP.4,VS. 32 a 36
Eliseu entrou na casa, onde estava o menino morto em
cima da cama. Entrou, fechou a porta atrás de si e do morto, e orou ao Senhor.
Depois, subiu à cama, deitou-se em cima do menino, colocou seus olhos sobre os
olhos dele, e enquanto estava assim estendido, o corpo do menino aqueceu-se. Eliseu levantou-se, deu algumas
voltas pelo quarto, tornou a subir e estendeu-se sobre o menino; este espirou sete vezes e abriu os olhos.
Eliseu chamou Giezi e disse-lhe: “Chama a sunamita”; o que ele fez. Ela entrou
e Eliseu disse-lhe: “Toma o teu filho.”
II REIS CAP.13, VS. 20 e 21
Eliseu morreu e foi sepultado.Guerrilheiros moabitas
faziam cada ano incursões na terra. Ora, aconteceu que um grupo de pessoas,
estando a enterrar um homem, viu uma turma desses guerrilheiros e jogou o
cadáver no túmulo de Eliseu. O morto, ao
tocar no túmulo de Eliseu, voltou à vida, e pôs-se de pé.
“Os
episódios invocados neste ponto não se referem a casos semelhantes ao de Jesus,
que ressurgiu no seu segundo corpo, o espiritual. Os livros do Reis narram duas
situações em que as crianças haviam sido dadas como mortas, mas, como ocorreu
ao próprio Paulo, em Atos 20, com Êutico, a alma ou espírito, com seu
respectivo corpo imaterial, ainda não se havia desligado completamente do corpo
físico, sendo possível fazê-la retornar, restabelecendo-lhe a vida orgânica.
Essa é uma ressurreição autêntica, apoiada no conteúdo semântico do termo, como
retorno do Espírito ao corpo físico. No primeiro episódio (I Reis), Elias ora
pelo morto, procedendo da seguinte maneira:
__
Estendeu-se por três vezes sobre o menino e invocou Javé: “Javé, meu Deus, eu
te peço, faze voltar a ele a alma do menino”.
O
contato físico entre o profeta e o cadáver __ em Reis Eliseu procede da
mesma maneira em caso semelhante _ destina-se a fazer uma transfusão de
energia, de modo que a alma, já parcialmente desligada do corpo físico, volte a
encontrar neste mínimo de recurso energético que lhe permita reassumir o
controle dele. Foi o que aconteceu em ambos os casos _ os corpos reviveram,
literalmente por ressurreição, ou seja, devolução da vida ao corpo físico, que
se levantou e retomou suas funções normais. “As carnes do menino se aqueceram _
diz-se em II Reis
_ e ele acabou espirrando ( talvez respirando seria melhor) e abriu os olhos”.
Aliás, Eliseu parece fazer uma respiração boca-a-boca.”
“Não
dispomos de boas razões para recusar sumariamente a autenticidade dos
episódios, mesmo porque tais casos são muito mais comuns do que parecem a
primeira vista. Demonstra-se isto hoje com a boa safra de livros que relatam
experiências confiáveis do ponto de vista pessoal e do ponto de vista da
observação médica ou uma combinação de ambos. Um deles passou por uma crise de
morte clínica, retomou o corpo e , depois,
como médico, relatou a
experiência.Aliás, a medicina desenvolveu boas técnicas de ressurreição. Ressurreição
mesmo, na realidade semântica do termo e por isso tais relatos começam a surgir
com maior freqüência.Há portanto, situações em que se dá a ressurreição, isto
é, a volta da alma ou espírito para o corpo físico depois de considerada a
pessoa clinicamente morta. Episódios destes não acarretam problema algum de fé;
apenas o de credibilidade dos seus relatores e testemunhas. Se estamos
razoavelmente convictos de que são fatos reais, que necessidade temos de fé
para aceitá-los?Da mesma forma, se nos conversemos de que existe um corpo
espiritual que sobrevive à desintegração do corpo físico, o problema escapa ao
domínio da fé para situar-se no terreno livre da lógica, da racionalidade, onde
aceitamos ou rejeitamos as coisas pelo que elas são.Atenção, porém, isso não
quer dizer que a fé seja desnecessária ou que esteja superado o seu conceito:
quer dizer, ao contrário,
que a fé
não exclui a razão e nem a razão destrói a fé, que esta
só será legítima quando os princípios formulados por ela forem racionais.A fé
no absurdo é uma incongruência, é mera fantasia, quando não alienação.(Hermínio
C. Miranda, Cristianismo: a mensagem esquecida, pág. 129 e 130.).
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