PAULO DE TARSO E OS ESSÊNIOS
Algumas semelhanças são
constantemente observadas nos primórdios do cristianismo entre a doutrina dos
essênios e o pensamento de Paulo de Tarso, como em diversas passagens do
Evangelho de João. Uma constatação da influência dos essênios no pensamento e
na filosofia de Paulo Tarso, é justamente o contraste evidenciando na luta dos
Filhos das Trevas com os Filhos da Luz, ou seja, uma nova versão do Zoroastrimo
incrementado pelo Manequeísmo. O dualismo se apresenta sobre vários
aspectos em suas cartas; espírito e
carne, bem e mal, luz e trevas. Paulo era um rabino judeu culto, fora instruído
por Gamaliel, e provavelmente conhecia a seita dos essênios, e ao que tudo
indica, adaptou parte dessa doutrina para o novo cristianismo nascente, que
para ele passou a existir a partir do momento do seu encontro com Jesus na
estrada de Damasco. Paulo queria de toda a maneira evitar o fardo da lei
mosaica, para aqueles que convertia, encontrou na teologia dos essênios campo
fértil, pois esses rejeitavam o Templo de Jerusalém e o seu culto, consideravam
o seu halabot (Lado legal e obrigatório do judaísmo, compreendendo as práticas e
observâncias judaicas relativas à vida diária, festivais, normas alimentares,
rituais de pureza, lei civil e criminal.) substitutas das leis bíblicas
outorgadas pelo próprio Deus. A simples idéia de leis serem acrescentadas às da
Bíblia era um anátema para a seita dos essênios de Qumran, pois eles somente
aprovavam as leis oriundas do Torá, ou seja, os cinco primeiros livros do
Antigo Testamento. Para o apóstolo dos gentios, essa divergência era
fundamental, pelo menos politicamente, pois os essênios tinham idéias e
concepções que ele como profundo conhecedor do Judaísmo, deveria conhecer e até
concordar, como é o que parece ter acontecido. Existindo apenas uma diferença,
para Paulo, Jesus era a sua razão; já
para os essênios o motivo de sua richa, era o judaísmo ritualístico e
helenizado pregado no Templo de Jerusalém. Sendo assim, as idéias comungadas
pela comunidade dos essênios, no pensamento de Paulo, apresentavam um caminho
para a mudança de pensamento judaico e consequentemente uma posterior aceitação
das idéias do Cristo.
O pensamento apocalíptico
dos essênios, observava que o fim do mundo estava próximo, e vemos isso
claramente expresso em diversos trechos das cartas de Paulo aos Coríntios, que
expressam claramente esse pensamento. Mas existia uma diferença, os essênios
entendiam que o apocalipse se efetuaria
com a vinda do Messias, tal como descrito em Êxodo , cap.19, vs. 5 a 6, que iria transformar o
povo de Deus, os judeus, num reino de
sacerdotes, a partir da vitória das forças do bem sobre os forças do mal, para
eles o Armagedon, já havia começado. Para
Paulo o reino de Deus, se concretizaria com o retorno de Jesus, que
entendia estar próxima. Vejamos:
I CORÍNTIOS,
CAP.1,VS.7 e 8
Assim, enquanto aguardais a manifestação de Nosso
Senhor Jesus Cristo, não nos falta dom algum. Ele há de vos confirmar até o
fim.
I CORÍNTIOS,
CAP.3,V.13
... a obra
de cada um aparecerá. O dia (do
julgamento) demonstrá-lo-á. Será descoberto pelo fogo; o fogo provará o que vale o trabalho de cada um.
I CORÍNTIOS,
CAP.4,V.5
Por isso não
julgueis antes do tempo; esperai que
venha o Senhor. Ele porá às claras o que se acha escondido nas trevas. Ele
manifestará as intenções dos corações. Então, cada um receberá de Deus o louvor
que merece.
I CORÍNTIOS,
CAP.6,V.2 e 3
Não sabeis que os santos julgarão o mundo? E, se o mundo há de ser julgado por vós sereis indignos de julgar os
processos de mínima importância. Não sabeis que julgaremos os anjos? Quanto
mais, as pequenas questões dessa vida!
I CORÍNTIOS,
CAP,.11,V.26
Assim, todas
as vezes que comeis deste pão e bebeis deste cálice, lembrais da morte do
Senhor, até que venha.
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