terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Religião Egipcia


A RELIGIÃO EGÍPCIA

                        A religião dos egípcios é uma instituição dominante em todos os aspectos de suas vidas, originariamente totêmica, tornou-se politeísta, e a unificação política reduziu os inúmeros deuses locais a um conjunto de deuses nacionais, porém o culto dos deuses locais jamais desapareceu e as divindades menores sempre mereceram destaque e devoção. Em visita ao Egito o grande historiador Herótodo escreveu: “Os egípcios são o mais religioso dos povos”. Seu culto diário consistia basicamente em preces, gestos consagrados, hinos e defumações de incenso, realizado pelos sacerdotes, como delegados do faraó, que em teoria era o único habilitado a estabelecer a ligação entre os homens e os deuses. 





Todas as manhãs e tardes, de uma maneira geral em todo o Egito, as portas dos santuários localizadas nos interiores dos templos, eram abertas e as estátuas dos deuses reverenciados, lavadas e adornadas, recebendo alimentos e bebidas. Ao povo somente era permitido fazer suas oferendas e adorações na parte exterior do templo. A crença na vida após a morte e a concepção de alma explicam o costume do embalsamamento. Depois de passar longo tempo no mundo espiritual, a alma, segundo as crenças dos egípcios, renascia em novo corpo na Terra. Por isso cuidavam de embalsamar e conservar os corpos dos mortos; pois pensavam que a alma não precisaria reencarnar enquanto estivesse conservada a sua múmia. Por isso também cada rei, quando subia ao trono, começava, antes de tudo, a construir o seu túmulo, em forma de pirâmide, a qual porém, servia também para estudos astronômicos e ocultistas.





Segundo a crença egípcia, quando o deus Khnum, modelava cada pessoa no seu torno de oleiro, além do corpo físico, conferia-lhe outros elementos importantes para a sobrevivência do ser mesmo após a morte, como: o Ka, o Ba, o Akh. O Akh, representava o traço de união entre o Ba e o Ka. A destruição de um dois, representava a destruição imediata da pessoa. Embora alguns elementos, como o Ka, necessitassem de um suporte físico, outros como o Ba, podiam deslocar-se pelo túmulo e sair dele. Desta forma o Ba correspondia a alma, o Ka, a força vital ou duplo etérico, e Akh a força divina ou espírito. Para conservar o  Ka, elemento de ligação do corpo físico, e passível de decompor-se na mesma proporção do corpo físico, os egípcios tinham por hábito o embalsamamento. Além disso, a alma para obter a imortalidade deveria naturalmente conhecer e recitar os textos de fundo moral e ético, contidos no Livro dos Mortos, ao comparecer ao tribunal de Osiris. Eis aqui um dos textos  mais conhecidos:

“Glória a ti, Senhor da Verdade e da Justiça! Glória a ti, Grande Deus, Senhor da Verdade e da Justiça! A ti vim, meu Senhor, e a ti me apresento para contemplar as tuas perfeições. Porque te conheço, conheço o teu nome e os nomes das quarenta e duas divindades que estão contigo na sala da Verdade e da Justiça, vivendo dos despojos dos pecadores e fartando-se do seu sangue, no dia em que se pesam as palavras perante Osíris, o da voz justa: Duplo Espírito, Senhor da Verdade e da Justiça é o teu nome. Em verdade eu conheço-vos, senhores da Verdade e da Justiça; trouxe-vos a verdade e destruí, por vós, a mentira. Não cometi qualquer fraude contra os homens; não atormentei as viúvas; não menti em tribunal; não sei o que é má fé; nada fiz de proibido; não obriguei o capataz de trabalhadores a fazer diariamente mais que o trabalho devido; não fui negligente; não estive ocioso; nada fiz de abominável aos deuses; não prejudiquei escravo perante o seu senhor; não fiz padecer de fome; não fiz chorar; não matei; não ordenei à morte a traição, não defraudei ninguém, não tirei os pães do templo; não subtraí as oferendas dos deuses; não roubei nem as provisões nem as ligaduras dos mortos; não auferi lucros fraudulentos; não alterei as medidas dos cereais; não usurpei terras; não tive ganhos ilegítimos por meio de pesos de prato da balança; não tirei leite da boca dos meninos; não cacei com rede as aves divinas; não pesquei os peixes sagrados nos seus tanques; não cortei a água na sua passagem; não apaguei o fogo sagrado na tua hora; não violei o divino céu nas suas oferendas escolhidas; não escorracei os bois das propriedades divinas; não afastei qualquer deus ao passar. Sou puro! Sou puro! Sou puro!”



 Segundo Emmanuel, em “A Caminho da Luz”, dos Espíritos que foram degredados na Terra, pertencentes ao sistema de Capela, o povo egípcio era o que menos débitos possuíam perante o Tribunal da Justiça Divina, seu único desejo era o de regressar mais rápido possível ao sistema de Capela, e foi justamente por isso, que no céu encontraram a inspiração para sua estada que tinha por natureza uma dupla  finalidade; a remissão das suas faltas e a promulgação do desenvolvimento intelectual em diversas áreas do orbe terrestre. O Egito se apresentava como uma terra cósmica, os egípcios representavam o céu na terra através de suas magníficas construções, desta forma faziam associações dos seus deuses com as inúmeras constelações que observavam e que de alguma forma sabiam que delas eram oriundos.



 Os conhecimentos mais profundos eram circunscritos aos altos sacerdotes, que conheciam profundamente a doutrina da reencarnação, a imortalidade da alma, as ciências psíquicas, o destino das almas no mundo invisível,  as recompensas e castigos de uma outra vida, e os procedimentos secretos para se comunicar com os mortos(Espíritos). O grande ocultista Edouard Schuré, revela-nos que os antigos sacerdotes egípcios tinham uma linguagem que expressava seus pensamentos de três diferentes modos simultaneamente. O primeiro literal; o segundo, simbólico e figurativo; o terceiro sagrado e hieróglifo.





A respeito do monoteísmo, vemos nos escritos dos livros sagrados: “As nossas mãos não podem toca-lo. Tudo que existe está em seu seio.” No famoso Livro dos Mortos, traduzido por Lepsius em 1842, vemos: “Eu sou aquele que existia no Nada; Eu sou o que cria; eu sou aquele que criara por si próprio; Eu sou o homem e conheço o amanhã, sempre e nunca.”  O Templo de Sais, antiga cidade do Baixo Egito, trazia gravado em seu portal: “Eu sou tudo o que foi, que é e que será, nenhum mortal jamais levantou o véu que me encobre. Apesar de todos os deuses, essas inscrições referem-se ao Deus Desconhecido, o mesmo encontrado por Paulo de Tarso, na cidade de Atenas, conforme se vê em Atos dos Apóstolos cap.16. v.23. 





O povo egípcio de uma maneira geral, ainda não estava preparado para absorver estes ensinamentos mais profundos ministrados pelos altos sarcedotes, então esses, apresentavam uma imagem simbólica para o Deus único, que viria a ser pregado mais diretamente tempos depois pelo faraó Akenaton e por Moisés. Os iniciados escolheram o Sol como a manifestação divina do corpo de Deus, e a base da doutrina secreta era que Deus manifestava-se aos homens pelo Sol. Esta divindade suprema era conhecida pelos egípcios pelo nome de Amon-Rá, todos os demais deuses do panteão do Egito estavam subordinados diretamente a ele.




O Egito portanto, de uma maneira geral era politeísta, apesar desses altos ensinamentos o culto aos diversos deuses ainda prevalecia para as massas, é isso que Emmanuel em “A Caminho da Luz”, págs. 43 e 44, nos esclarece: “As massas requeriam esse politeísmo simbólico, nas grandes festividades exteriores da religião. Já os sacerdotes da época, conheciam essa fraqueza das almas jovens, de todos os tempos, satisfazendo-as com as expressões esotéricas de suas lições sublimadas. Dessa idéia de homenagear as forças invisíveis que controlam os fenômenos naturais, classificando-as para o espírito das massas, na categoria de deuses, é que nasceu a mitologia.”





     A terra que abrigou Jesus, Maria e José da cruel perseguição de Herodes,  influenciou enormemente os grandes patriarcas hebreus, e por conseguinte o povo de Israel. Acreditamos que  esse intercâmbio hipoteticamente começou a consolidar-se, a partir do patriarca bíblico Abraão(Gênese,cap.12,v.21), que também viveu no Egito(Gênese,cap.12.v.10). 






Este pode perfeitamente ter adaptado certas histórias que conheceu no Egito fundindo-as com as da antiga Suméria, sua terra natal, transmitindo-as as futuras gerações pela tradição oral formando posteriormente alguns aliceceres da Bíblia. O próprio judeu José, vendido pelos próprios irmãos, viveu no Egito por muitos anos(Gênesis,cap.37),alcançando um alto posto na corte pode ter influenciado em muito os israelitas. José pelo que se sabe, estava completamente envolvido com as tradições e cultura egípcias, chegando ao ponto de mandar embalsamar o seu pai, como a própria Gênesis relata no cap.50, v.1 a 10, coisa que um judeu ortodoxo jamais o faria. 




Não poderíamos deixar de citar Moisés, o grande iniciado nos mistérios de Ísis,  e possível relator do Pentateuco Hebraico, conforme nos atesta o evangelista Lucas em Atos dos Apóstolos, cap.7, vs.20 a 22: ”Moisés foi instruído em todas as ciências dos egípcios, e tornou-se forte em palavras e obras.”A bem da verdade é que existe uma similaridade muito grande entre muitos alegorias descritas na  Bíblia com a mitologia da terra dos Faraós. Estes fatos são inquestionáveis, principalmente pelo fato que o Egito se estabeleceu como sociedade organizada muito antes dos israelitas.




Filha do Faraó encontra Moises


Moises na corte egipcia

A cronologia dinástica dos egípcios por exemplo, registradas por Herótodo (480-425 a. C.), dividia a história Egípcia em quatro subgrupos gerais: o domínio dos deuses, dos semideuses,  dos heróis e dos homens mortais. Essas subdivisões, como todos podem perceber, correspondem perfeitamente aos Ehoin Bíblicos, os filhos de Deus,  os Gigantes e os homens noéticos mortais descrito no livro de Gênesis. Estes pilares bíblicos citados, certamente deixaram-se influenciar pela estrutura mítica egípcia levando para o povo hebreu não só muito de seus mitos e lendas, mas também fatos que achavam negativos e que poderiam causar-lhes problemas futuros, daí as inúmeras proibições e punições existentes no Deuteronômio de Moisés, para aqueles que se aventurassem a desobedecer as leis sancionadas por Deus no Sinai.




 Em razão disso, podemos observar uma nítida similaridade entre a história de Set que assassina o seu irmão Osíris por ciúme, com história de Caim e Abel narrada na Gênese bíblica. Com relação ao dilúvio diz a tradição egípcia: “Houve grandes destruições de homens, causadas pelas águas. Os deuses, querendo expurgar a Terra, submergiram-na.”
Estas podem ter sido repassadas oralmente, aliás, como determinava a tradição naqueles tempos, não se limitando somente as suas dinastias, perduram até os nossos dias, em várias religiões encontramos os fundamentos religiosos dos egípcios, como também de outros povos da antigüidade. 



O próprio catolicismo não fugiu a esta regra, nele podemos encontrar vários vestígios de hábitos egípcios. O egípcio levava o cadáver ao Templo de Osíris, para que pudesse entrar em comunicação efetiva com Deus. 


O catolicismo faz o mesmo levando o seu morto a uma igreja ou a uma capela. Os egípcios colocavam amuletos no túmulo para afugentar os maus espíritos; o católico faz o mesmo depositando santinhos, rosários, flores, etc. O mito de um deus que morre e ressuscita, e o nascimento virginal de um libertador, são crenças que já existiam muito antes do cristianismo, ou melhor dizendo do catolicismo, e faz parte da mitologia de quase todas as antigas religiões, inclusive da egípcia. A missa católica e a representação do pão e do vinho, na eucaristia, encontra suas raízes mais profundas também no Egito, assim é que se lê no “Livro dos Mortos”: “Osíris, é o filho que deve vir da terra ressuscitado. Osíris é a alma do pão. Os homens devem comer a carne de Osíris. Tu és o pão e a mãe dos homens eles respiram pelo teu sopro, eles comem tua carne. Que este vinho seja o sangue de Osíris".

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