A TENTAÇÃO DE JESUS
MATEUS
CAP.4,VS. 1 a
11
Analisando este trecho
,observamos que a chamada tentação no deserto. Deve ser assinalada, de início,
a dificuldade em admitir-se que um Espírito da categoria evolutiva de Jesus
tenha passado por tentações daquela sorte, ficando praticamente à mercê se
seres muitíssimo inferiores a ele.( Hermínio C. Miranda, Cristianismo: a
mensagem esquecida,pág.62).
“O demônio transportou-o à cidade santa, colocou-o no ponto mais alto do templo e
disse-lhe: “Se és o Filho de Deus,
lança-te abaixo, pois está
escrito: Ele deu a seus anjos ordens a teu respeito; proteger-te-ão com as
mãos, com cuidado, para não machucares o teu pé n’alguma pedra.(Salmo 90,11s).”
Disse-lhe Jesus: “Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus (Deut.
6,16).O demônio transportou-o uma vez a um monte muito alto, e lhes mostrou
todos os reinos do mundo e a sua glória,
e disse-lhe: “Dar-te-ei tudo isto, se prostrando diante de mim me
adorares.” Respondeu-lhe Jesus: Para trás, Satanás, pois está escrito: Adorarás
o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás “(Deut. 6,13).Em seguida, o demônio o
deixou, e os anjos aproximaram-se dele para servi-lo.Pouco importa, nesta, como
em outras passagens, o flagrante desrespeito à lógica de uma realidade incontestável.
Que sentido faz a cena segundo a qual a figura mitológica do Demônio oferece a
Jesus o poder sobre a Terra que este já possui, mas o “outro”? Mesmo o demônio
tivesse em suas mãos o poder do planeta, por que razão iria passá-lo a Jesus? O mais grave, porém é que alguns ainda acabaram concluindo
que a última citação mencionada atesta a divindade de Jesus, o que não e de
espantar, porque para isso foi articulada.”(Hermínio C.Corrêa,Cristianismo: A
Mensagem Esquecida, pág.62).
Permitam-me fazer também uma
indagação a respeito das tentações descritas nos evangelhos; se Jesus primava
sempre obrar em silêncio, e o mesmo se encontra sozinho nas referidas
passagens, como os evangelistas registraram estes diálogos?
Resposta: não aconteceram, apenas registram uma alegoria, um
grande ensinamento o qual ninguém está livre de tentações, portanto oremos e vigiemos!
Satanás significava um ser
contrário, uma idéia antagônica, e não a personificação do mal, tanto é verdade
que em uma determinada situação Jesus chama Pedro de Diabo. Vejamos:
MATEUS
CAP.16,VS.22 e 23
Pedro
então começou a interpelá-lo e protestar nestes termos: “ Que Deus não permita
isto, Senhor! Isto não te acontecerá.!” Mas
Jesus, voltando-se para ele, disse-lhe: Afasta-te Satanás, tu és para mim um
escândalo; teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens!”
Essa idéia ainda fica mais clara
nesta passagem de João:
JOÃO
CAP.6,V.70
Jesus
acrescentou: “Não vos escolhi eu todos os doze? Contudo, um de vós é um demônio! ... “Ele se referia a Judas, filho de Simão Iscariotes, por que era quem havia de entregar, não
obstante ser um dos doze.
“Quando a teologia se reporta ao
diabo, o crente imagina, de imediato, o senhor absoluto do mal, dominado num
inferno sem fim.Na concepção do aprendiz, a região amaldiçoada localiza-se em
esfera distante, no seio de tormentosas trevas. Sim, as zonas purgatoriais são
inúmeras e sóbrias, terríveis e dolorosas, entretanto, consoante a afirmativa
do próprio Jesus, o diabo partilhava os serviços apostólicos, permanecia junto
dos aprendizes e um deles se constituirá em representação do próprio gênio
infernal. Basta isto para que nos informemos de que o termo “diabo” não
indicava, no conceito do Mestre, um gigante de perversidade, poderoso e eterno,
no espaço e no tempo. Designa o próprio homem, quando algemado às torpitudes do
sentimento inferior.Daí concluiremos que cada criatura humana apresenta certa
percentagem de expressão diabólica na parte inferior da personalidade. Satanás
simbolizará então a força contrária ao bem. Quando
o homem o descobre, no vasto mundo de si mesmo, compreende o mal, dá-lhe
combate, evita o inferno íntimo e desenvolve as qualidades divinas que o elevam
à espiritualidade superior. Grandes multidões mergulham em desesperos seculares,
porque não conseguiriam ainda identificar semelhante verdade.E, comentando esta
passagem de João, somos compelidos a ponderar: __ “Se, entre os doze apóstolos,
um havia que se convertera em diabo, não obstante a missão divina do círculo
que se destinava à transformação do mundo, quantos existirão em cada grupo de
homens comuns na Terra? (Emmanuel, Pão Nosso, Cap.164, pág.339 e 340).
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