JESUS E OS ESSÊNIOS
Para
muitos, Jesus era essênio ou viveu entre eles, onde nessa comunidade, teria
crescido, estudado e aprimorado os seus conhecimentos. O médium Edgard
Cayce, afirma que muitos essênios
ajudaram na viagem da família sagrada ao Egito, pois conheciam enormemente os
caminhos e os perigos do deserto. Pesquisando sobre o assunto,
verificamos que muitas literaturas insistem em apregoar, que Jesus era um
essênio, mas após estudos mais aprofundados, esse ponto de vista parece não
coadunar-se com algumas atitudes de Jesus e suas advertências, principalmente
se comparar-mos com a doutrina pregada pelos essênios. Vale apenas aqui, uma
colocação com relação a esse impasse, e uma pergunta surge como ponto de
partida para as nossas investigações. Será
que tudo que está escrito nos Evangelhos é a descrição perfeita dos
acontecimentos e dos fatos ocorridos? Pois, como sabemos foram escritos em
média 30 anos após a morte de Jesus, e isso significa dizer que as analogias da
figura de Jesus com os documentos encontrados dos essênios, como vimos no
capítulo precedente, podem estar diretamente ligadas a aceitação de Jesus por
parte dessa seita, como o próprio “Mestre
da Justiça”, que teria retornado, e que segundo os próprios textos dos
essênios teria inicialmente surgido em 586 antes de Cristo, na chamada “Idade da Ira”, sendo primeiramente
martirizado e consequentemente morto,
(assim como Jesus), prometendo um dia
retornar para livrar o povo de Israel de toda a opressão. Jesus então seria a própria reencarnação do “Mestre da Justiça”. Uma vez que parte
dos essênios aceitaram Jesus como o verdadeiro messias, uma vez que o próprio
João Batista, que era essênio, o tinha aceitado e reconhecido, fica muito mais
fácil entender que a base dos evangelhos tenha alicerçado seus pilares nesses
documentos. Cabendo-nos ressaltar que, a razão pela qual motivou os essênios a
edificarem a comunidade no deserto, estão em consonância, para eles, com o propósito da vinda de Jesus
a terra. Sendo assim, ao meu ver a
comunidade do cristianismo primitivo envolveu-se com os essênios, ao ponto de
identificar Jesus, com o tão esperado Mestre da Justiça dos essênios.
O fato dos essênios
aparentemente não serem mencionados na Bíblia, faz muita gente naturalmente pensar, que Jesus
seria uma essênio ou teria se criado entre esse povo, aludindo que no período
dos 12 aos 30 anos, por não haverem menções bíblicas a esse intervalo, muitos
acreditam que Jesus teria passado esse
período no monastério dos essênios que localizava-se no deserto na região
da Judéia. Fato é, que como a Bíblia
mesmo nos informa, em Lucas cap.2 vs.46 a 52, que Jesus permaneceu três dias no
templo de Jerusalém por ocasião da Páscoa, interrogando e ouvindo os doutores e
sábios que lá se encontravam: “Todos os que o ouviam ficavam maravilhados
da sabedoria de suas respostas.”, fica patente aqui, que Jesus já
possuía grandes conhecimentos, capazes de admirar as mentes mais brilhantes da
época, e isso com apenas 12 anos de idade. Além disso o evangelista ainda
revela que quando sua mãe Maria, retorna ao templo e o encontra, (pois para ela
ele havia se perdido) Jesus em sua clareza espiritual, a repreende; respondendo-lhe:
“Não
sabeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai”. Isto posto, fica aqui
bem claro que o conhecimento que Jesus possuía não foi conquistado nos
monastérios essênios, ou mesmo em alguma outra parte, como na Índia ou no
Egito, o que não impede que Jesus em algum período da sua vida ter visitado ou
mesmo vivido nesses lugares. Outro relato que elucida-nos bastante a esse
respeito é a narrativa do evangelhista Mateus no cap. 11 v.19, onde descreve um
comportamento de Jesus ao qual era motivo de condenação entre os essênios: “Veio o filho do homem que come e bebe, e
dizem: Eis um glutão e bebedor de vinho.” Percebemos que Jesus e o Essênios
utilizaram de meios parecidos para interpretar as sagradas escrituras fazendo
que muitos pensassem que Jesus estaria ligado diretamente a seita essênica.
Eles lêem sob a orientação do Espírito e assegurando as promessas de Deus
e ambos, Jesus e os Essênios foram
escatologicamente orientados, compartilhando o princípio da hermenêutica, e
compreensão esotérica sobre o significado das sagradas escrituras. Insistiram
que os profetas falaram sobre o fim dos tempos e que este tempo futuro era
agora e em sua própria comunidade. Muito
embora a Bíblia não cite os essênios diretamente, é bem provável que Jesus
tenha se referido a eles
apreciativamente no dito sobre os eunucos
em Mateus cap. 19, vs 11 e 12.
Pelo que podemos depreender a doutrina praticada pela comunidade de Qumran e muitos aspectos se assemelhavam em muito ao cristianismo primitivo, isso não há o que negar, mas conhecendo-se mais profundamente o seus pensamentos vemos perfeitamente algumas alusões de Jesus, como que a repreender diretamente em alguns aspectos a seita do Mar Morto. No Sermão da Montanha, Jesus diz a multidão conforme Mateus cap.5 v.43: “Ouviste o que foi dito... Odiarás o teu inimigo. Eu porém, vos digo, amai os vossos inimigos”. No Manual da Disciplina, encontrado em Qumran, os essênios se comprometem mediante juramento, amar os Filhos da Luz, que seriam justamente os próprios integrantes da comunidade, e a odiar por toda a total eternidade os Filhos das Trevas. Portanto a referência no Sermão da Montanha, ao que tudo indica era direcionada para os essênios, que pela vida ascética de alguma forma influenciava muitos em Israel, e não estando de acordo com a doutrina de amor incondicional pregada, foi naturalmente combatida por Jesus. Outra passagem aparentemente enigmática no Novo Testamento, pode agora ser entendida perfeitamente, demonstrando-nos uma postura totalmente anti-essênia por parte de Jesus, a qual encontramos descrita em Marcos cap.8, vs14 a
21, pode ser esclarecida pelos próprios
Manuscritos do Mar Morto, num dos seus diversos textos, intitulado de “Pergaminho do Templo”. Segundo narra o
Novo Testamento através de Marcos, Jesus encontra-se num barco no mar da
Galiléia, tendo apenas um pão; ele adverte os seus discípulos: “Guardai-vos do fermento dos fariseus e
do fermento de Herodes.” Os
discípulos se preocupam com a falta de pão e Jesus os censura: ”Tendo olhos, não vedes? Tendo ouvidos não
ouvis? Não vos lembrais?” Então, Jesus lhes recorda o milagre da
multiplicação dos pães:
Pelo que podemos depreender a doutrina praticada pela comunidade de Qumran e muitos aspectos se assemelhavam em muito ao cristianismo primitivo, isso não há o que negar, mas conhecendo-se mais profundamente o seus pensamentos vemos perfeitamente algumas alusões de Jesus, como que a repreender diretamente em alguns aspectos a seita do Mar Morto. No Sermão da Montanha, Jesus diz a multidão conforme Mateus cap.5 v.43: “Ouviste o que foi dito... Odiarás o teu inimigo. Eu porém, vos digo, amai os vossos inimigos”. No Manual da Disciplina, encontrado em Qumran, os essênios se comprometem mediante juramento, amar os Filhos da Luz, que seriam justamente os próprios integrantes da comunidade, e a odiar por toda a total eternidade os Filhos das Trevas. Portanto a referência no Sermão da Montanha, ao que tudo indica era direcionada para os essênios, que pela vida ascética de alguma forma influenciava muitos em Israel, e não estando de acordo com a doutrina de amor incondicional pregada, foi naturalmente combatida por Jesus. Outra passagem aparentemente enigmática no Novo Testamento, pode agora ser entendida perfeitamente, demonstrando-nos uma postura totalmente anti-essênia por parte de Jesus, a qual encontramos descrita em Marcos cap.8, vs
”Quando parti os cinco pães para cinco mil, quanto
cestos de pedaços recolhestes? “
“Responderam eles: ”Doze”
“E os sete pães para quatro mil, quanto cestos de
pedaços recolhestes?”
“Responderam: “Sete.”
Ao que lhes disse Jesus: “Não compreenderam ainda?”
Agora
através das informações dos Manuscritos encontrados em Qumran, mais
especificamente em um dos seus livros intitulado “Pergaminho
do Templo”, tentaremos clarear o nosso entendimento a partir desse texto
aparentemente obscuro. Os doze cestos citados por Jesus são na realidade uma
alusão aos fariseus que controlavam o Templo de Jerusalém. A cada semana num
ritual, os sacerdotes comiam os doze pães da presença conforme está
escrito em Lévítico cap.24, vs. 5
a 9. A
segunda passagem diz respeito aos pães herodianos, aqui Jesus refere-se aos sete
pães
que os essênios utilizavam nos sete dias da cerimônia anual de ordenação dos
sacerdotes(Levítico cap.8,v.2). Mas estaríamos nos perguntando, por que os pães
dos essênios eram apelidados de pães herodianos ou de Herodes? Simplesmente
porque, como nos diz o historiador Flávio Josefo em seu livro “Antigüidades Judaicas”, o rei Herodes
era o protetor dos essênios e segundo o historiador mostrava muita simpatia por
eles, daí a alusão de Jesus. Em contraste com Jesus, os Essênios desenvolveram
regras extensas e rígidas para protege-los das impurezas, para punir aqueles
dentre eles que tenham sido violadores , e para restaurar sua momentânea pureza
perdida. O Qumranic código penal, que incluía a pena de morte, foi
estreitamente alinhada com as regras para pureza entre os essênios, já o
conceito de Jesus de pureza esteve categoricamente diferente do Essênios. Para
Jesus, impureza não era um perigo, como era para os Essênios. Jesus convivia
com os comuns, e até mesmo com leprosos, os proscritos, e mulheres adúlteras;
essas ações poderiam teriam sido anátema (amaldiçoado) aos Essênios. Jesus
incluiu mulheres em seu grupo,
considerando-as discípulas, ensinando as sagradas escrituras (Lucas cap. 10;
vs. 38 a
42), e até mesmo quebrou tabus Judaicos por conversar com uma mulher Gentia da
Syrophoenicia e uma mulher de Samaria. Jesus quebrou as formas da família
patriarcal em nome de Deus o Pai, e reconhecendo o direito natural das mulheres para a humanidade igual aos homens.
O Essênios, em contraste arrojado com Jesus, considerava segundo o historiador
Josefo as mulheres indignas de confiança e sem fé , dessa forma lutaram para
separar eles mesmos do contato natural de uma mulher. Dessa forma, um essênio
jamais perdoaria uma mulher adúltera, ou mesmo sentaria à mesa com um cobrador
de impostos.
Segundo os Manuscritos do Mar
Morto, documento pelo qual podemos conhecer mais profundamente o pensamento da
seita praticada pelos essênios, no Pergaminho do Templo, documento o qual eles
se reportavam, proíbe terminantemente que
todos os leprosos não deveriam entrar na cidade de Jerusalém. Esse
pensamento advém, de que naquela época acreditava-se piamente que a lepra se
propagava pelo vento. Em Jerusalém existe até hoje a predominância do vento
oeste que sopra para o leste, motivo pelo qual, os rabinos proibiam que se
caminhasse a leste de um leproso, pois alguém poderia segundo esses preceitos
se contaminar. Diz o Pergaminho do Templo, manual de conduta para a vida dos
essênios, que os contaminados pela lepra viviam numa colônia a leste da cidade
para evitar que a doença penetrasse na cidade levada pelo vento. Desta forma, a
cidade de Betânia, situa-se a leste de Jerusalém, mais precisamente na entrada
oriental do monte das Oliveiras, e ao que tudo indica era uma aldeia de
leprosos. Jesus, segundo informa os Evangelhos (Mateus cap.26, vs. 6 a 13; Marcos cap.14, vs. 3 a 9; João cap.12, vs. 1 a 11), foi a Betânia, antes
de entrar na cidade de Jerusalém. Isso constituiu uma enorme ofensa para os
rabinos de Jerusalém, assim como esse
procedimento denotava falta grave, segundo os preceitos e a legislação dos
essênios, que nesse ponto era muito similar com a dos fariseus que controlavam
o Templo de Jerusalém. Sendo assim, esse comportamento por parte de Jesus,
pressupõe mais uma vez, que ele não seguida as regras essênias, ou pelo menos
aquelas que ele não concordava. Emmanuel em “A Caminho da Luz”,pág. 106, psicografia de Francisco Cândido
Xavier, especificamente no capítulo “Cristo
e os Essênios” , faz-nos um breve comentário com o qual encerraremos esse
capítulo:
“Muitos séculos
depois da sua exemplificação incompreendida, há quem veja, entre os essênios, aprendendo as suas doutrinas, antes do
seu messianismo de amor e redenção. As próprias esferas mais próximas da
Terra, que pela força das circunstâncias se acercam mais das controvérsias dos
homens que do sincero aprendizado dos espíritos estudiosos e desprendidos do
orbe, refletem as opiniões contraditórias da Humanidade, a respeito do Salvador
de todas as criaturas. O Mestre, porém,
não obstante a elevada cultura das escolas essênias, não necessitou da sua
contribuição. Desde os seus primeiros dias na Terra, mostrou-se
qual era, com a superioridade que o planeta lhe conheceu desde os tempos
longínquos do princípio.”
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