PAULO DE
TARSO: O APÓSTOLO DOS GENTIOS
Paulo(5 a .C. – 64) era natural da
cidade de Tarso(Turquia), da Cecília uma província grega cosmopolita, seu
ambiente de filósofos, gramáticos e poetas, provavelmente deve ter influenciado
e contribuindo para a sua habilidade intelectual. Sua família era de judeus
rigorosos, tanto ele quanto o pai eram fariseus, era fluente na língua
hebraica. Era Promotor(Atos cap. 8, v.3), consta que escolheu o colégio de
rabinos em Jerusalém para os seus estudos e foi instruído pelo conceituado
Gamaliel neto de Hilel. Antes do seu encontro com o Espírito Jesus na estrada
de Damasco, era Saulo, um hebreu que comungava pensamentos do farisaísmo, mais
a partir de Damasco, reformula o pensamento, redirecionando-o para Cristo. Na
realidade ele sonhava com um Cristianismo puro, severo, bem estruturado, assim
como a disciplina judaica que ele bem conhecia do Templo de Jerusalém. Durante
16 anos de apostolado cristão, percorreu mais de 20.000 quilômetros
a pé, em quatro grandes viagens, pregando e fundando Igrejas na Síria, na Ásia,
na Grécia e em Roma.
Escreveu 14 cartas ou epístolas que enviava as suas Igrejas,
sendo que treze delas foram anexadas aos Evangelhos. Foi o considerado o
primeiro autor cristão e o arquiteto da expansão do Cristianismo. No ano de 56
foi pregar em Jerusalém, em 58 foi preso e levado para a fortaleza de Cesaréia.
Em 60 foi levado a Roma, local de pregação do Apóstolo Pedro, e apesar de viver sobre o regime de prisão
domiciliar graças a sua cidadania romana, não deixou um só momento de pregar o
Cristianismo. Em 64, ocorreu um violento incêndio iniciado nos bairros pobres
de reduto cristão em Roma, alguns estudiosos asseveram que teria sido
encomendado por Nero com a finalidade dupla de acusar os cristãos e reconstruir
um grande castelo naquele local. Desse fato, resultam terríveis perseguições,
torturas e suplícios aos seguidores do Cristo, Pedro e Paulo, não fogem a
regra, ambos foram presos, Paulo por ter cidadania romana, livrou-se da
crucificação, tendo o supremo “privilégio”
de ser decapitado, enquanto Pedro, por ser judeu, fora crucificado a seu pedido
de cabeça para baixo, pois não se achava digno de morrer como Jesus. Para
muitos protestantes existe um divisor entre a
doutrina da incircuncisão Paulo, e a da circuncisão de Pedro. Acreditam
que após a revelação ocorrida na estrada de Damasco, Paulo seria o instrumento
do consolador prometido por Jesus, que se revelou através de seu pensamento
expostos em suas cartas.
O PENSAMENTO DE PAULO DE TARSO
Mesmo após a sua conversão ao Cristianismo,
Paulo acalentava a antiga idéia judaica de que o sacrifício era remido pelo
sacrifício.
ROMANOS CAP.5,VS.6 a 10
Com efeito,
quando éramos ainda fracos, Cristo a seu tempo morreu pelos ímpios. Em rigor, a gente aceitaria morrer por um
justo; por um homem de bem, quiçá, se consentiria em morrer. Mas , eis aqui
a prova brilhante do amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. Portanto, muito
mais agora, que estamos justificados
pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Se, quando éramos ainda
inimigos fomos reconciliados com Deus
pela morte de seu Filho, com muito mais razão, estando já reconciliados, seremos salvos por sua vida. Ainda
mais: Nós nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por quem desde
agora temos conseguido a reconciliação!
A
fé, para Paulo de Tarso é uma espécie de conhecimento prévio das verdades
espirituais, é o que percebemos quando lemos em Hebreus cap.11,v.1 ”A fé é o fundamento da esperança, é uma
certeza a respeito do que não se vê.”. Portanto a idéia da fé no entender do apóstolo é uma
antevisão da certeza de uma verdade preexistente que pela intuição começa a se
desenhar na mente o indivíduo e que ainda de alguma forma ainda não desenvolveu
o intelecto para poder adiquiri-la através do conhecimento. A palavra fé,
portanto advém de fidelidade que se caracteriza pela observância e plena
obediência aos preceitos de Deus. Segundo ainda nos informa a Bíblia de
Jerusalém, os tradutores da Setuaginta(versão do Antigo Testamento em grego)
trocaram a palavra fidelidade por fé. Desta colocação séculos mas tarde Lutero
desenvolveria a doutrina da justificação pela fé.
ROMANOS CAP.4,VS. 5 e 6
Mas aquele que
sem obra alguma crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada em conta de justiça. É assim que Davi
proclama bem-aventurado o homem, a quem Deus atribui justiça independentemente das obras.
ROMANOS CAP.5,V.1
Justificados, pois, pela fé, temos a paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.
ROMANOS CAP.8,V.1
De agora em
diante, pois, já não há nenhuma
condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo
II CORÍNTIOS CAP.5 VS. 19 a
21
Porque é Deus que, em Cristo, reconciliava
consigo o mundo, não levando mais em conta os pecados dos homens, e pôs em
nossos lábios a mensagem da reconciliação. Portanto, desempenhamos o encargo de
embaixadores em nome de Cristo, e é Deus mesmo que exorta por nosso intermédio.
Em nome de Cristo vos rogamos: reconciliai-vos com Deus! Aquele que não
conheceu o pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornássemos
justiça de Deus.
HEBREUS CAP 12, V.1
Coramos com
perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus.
Paulo de Tarso considerava como válida a concepção
do pegado original, e a propagação desse mesmo pecado por Adão, para toda
humanidade, sendo o sacrifício de Jesus através de seu sangue derramado na cruz
o é o único meio para a salvação dos homens na Terra.
ROMANOS, CAP.5,V.12
“...contudo, reinou
a morte desde Adão até Moisés, ainda sobre aqueles que não pecaram com a
transgressão semelhante à de Adão...”
ROMANOS CAP.5,V.18
Portanto, como
pelo pecado de um só a condenação se
estendeu a todos os homens, assim por um único ato de justiça recebem todos
os homens a justificação da vida.
A
questão da castidade ou mesmo da abstinência sexual era uma pensamento da
filosofia gnóstica(conhecimento das verdades espirituais) vivida pelos essênios
na época de Cristo.Paulo parece que pensava da mesma forma e admite o casamento
somente como alternativa menos indesejável para aquele que não conseguia ainda
dominar o impulso animal do sexo. Para o apóstolo dos gentios, a prática sexual
evidencia o comportamento animal existente no homem, que aliás é em muitas das
vezes é o fator preponderante de sua queda. Para ele a sublimação da
sexualidade levaria o homem mais rapidamente a evolução espiritual. Fato que
não podemos descartar é que os judeus desde antes o nascimento de Jesus, já
viviam em uma filosofia apocalíptica, sendo assim, não era do conhecimento de
Paulo que a humanidade deveria ainda existir
por muitos milênios no planeta Terra, como bem nos informou Jesus,
quando nos disse no Sermão da Montanha, descrito em Mateus cap.5.v.5,”Bem aventurados os mansos, porque possuirão
a terra!”.
Portanto, Paulo assim como
muitos cristãos acreditavam que Jesus deveria estar por retornar logo, sendo
assim, a humanidade não precisaria ser reproduzir, segundo o pensamento de
Paulo, pois todos deveriam aguardar a vinda do Senhor. Viver somente para o
espírito, essa era a filosofia pregada por Paulo de Tarso, e nas suas pregações
o próprio fazia uma distinção entre os homens espirituais, ou seja aqueles que
de alguma forma já tinham se libertados em vida dos liames da matéria e os
carnais, logicamente a grande maioria ainda enontravam-se presos aos atavismos
da matéria densa. A respeito das pessoas virgens, não tenho mandamento do
Senhor; porém dou o meu conselho, como homem que recebeu a misericórdia do
Senhor a graça de ser digno de confiança. Julgo, pois, em razão das
dificuldades presentes, se conveniente ficar o homem assim como é. Estas
casado? Não procure desligar-te. Não estás casado? Não procures mulher.
I CORÍNTIOS CAP.7. VS 8 e 9; 25 e 26
Aos solteiros
e as viúvas digo que lhes bom se permaneceram assim, como eu. Mas, se não podem guardar a continência,
casem-se. É melhor casar do que
abrasar-se.
Para Paulo de Tarso, a lei
mosaica existiu até o seu encontro com Jesus, a partir desse momento a salvação
deveria basear-se na fé em
Jesus Cristo.
ROMANOS CAP. 7, V.6
Agora, mortos para essa lei que os mantinha
sujeitos, dela nos temos libertado, e nosso serviço realizava-se conforme a
renovação do Espírito e não mais sob a
autoridade envelhecida da letra.
HEBREUS CAP.8, V.7
Ora, se a primeira tivesse vindo sem defeito,
certamente não haveria lugar para outra.
ROMANOS CAP.10,V.9
“Portanto, se com tua boca confessares que
Jesus Cristo é o Senhor, e se em teu coração creres que Deus o ressuscitou
dentre os mortos , serás salvo.”
O Apóstolo dos Gentios,
acreditava, que a lei existia somente para identificar o pecado, a salvação requeria
algo mas do que o simples conhecimento das leis e cumprimento fiel dos rituais
judaicos, ritual esse que ele chamava de “LEI”.
ROMANOS CAP.3, V.20
“Pois ninguém será justificado perante Ele(Deus) pelas obras da lei, pois a lei não dá
senão o conhecimento do pecado.”
ROMANOS CAP.2, V. 17
“Mas se tu dizes judeu e descansas na lei; que te glorias em
Deus, que conheces sua vontade; “
A salvação, no entender de
Paulo, deveria vir primeiro para o povo eleito; os judeus, e depois para os
demais povos, partir da aceitação de
Jesus. Esse pensamento expressa claramente suas raízes judaicas. O “Deus de Israel”, ainda sobrevive de
alguma forma no coração do rabino Paulo, caracterizando a predileção pelo povo
judaico.
ROMANOS CAP.1, V.16
Com efeito, não me envergonho do Evangelho: pois lei é
uma força vinda de Deus para a salvação de todo aquele que crê, ao judeu em primeiro lugar e depois para o
grego”
Paulo de Tarso, acreditava
em anjos e espíritos, pois sua fonte de ensinamentos era o Torá, no qual inúmeras
passagens demonstram a existência e a interferência deles na vida dos homens na
Terra.
ATOS DOS APÓSTOLOS CAP.23, VS.6 a 8
Paulo sabia
que uma parte do sinédrio era de sacudeus e a outra de fariseus e disse em alta
voz: “Irmãos, eu sou fariseu, filho de
fariseus. Por causa de minha esperança na ressurreição dos mortos
é que sou julgado.” Ao dizer estas
palavras, houve uma discussão entre os
fariseus e os sacudeus, e dividiu-se a assembléia (Pois os sacudeus afirmam não haver ressurreição, nem anjos nem espíritos mas os fariseus admitem uma e outra coisa).
Paulo acreditava no juízo
final, idéia essa que absorveu dos essênios que cultuavam esse pensamento,
assim como viviam de forma a aguardar esse momento, que para eles também estava
próximo. A diferença entre é que Paulo, aguardava o retorno de Jesus, que iria
presidir o julgamento.
ROMANOS CAP.2 , VS. 5 a
6
“Pela dureza e
impertinência de teu coração, vais entesourando contra ti a cólera, para o dia da cólera e da revelação do
justo juízo de Deus.”
Paulo
de Tarso, acreditava na ressurreição dos
mortos, ou seja, que o espírito sobrevivia a morte física e poderia até
mesmo se manifestar. Esse pensamento surge e se fortalece no apóstolo dos
gentios a partir de sua visão de Jesus, na estrada de Damasco. Tanto isso é uma
verdade que em sua carta aos Coríntios cap.15, vs 40 a 44, Paulo observa e
adverte que na ressurreição dos mortos o que ressuscita é o corpo espiritual, e
ainda enfatiza que se existe um corpo animal é porque existe um corpo espiritual.
Portanto a ressurreição de Paulo é evidentemente espiritual.
ATOS DOS APÓSTOLOS CAP.24,VS.15 e 21
Tenho
esperança em Deus, como também eles esperam, de que há de haver a ressurreição dos justos e pecadores. A
não ser única frase que proferi em voz alta no meio deles: Por causa da ressurreição dos mortos é que sou
julgado hoje diante de vós.
ATOS DOS APÓSTOLOS CAP. 26,VS. 6 a 8
Mas agora sou
acusado em juízo, por esperar a promessa que foi feita por Deus aos nossos
pais, e a qual as nossas doze tribos esperam alcançar, servindo a Deus noite e
dia. Por esta esperança, ó rei, é que sou acusado pelos judeus. Que pensais vós ? É coisa incrível que
Deus ressuscite os mortos?
I CORÍNTIOS CAP.15, VS.12 a 16, 20 e 21
Ora, se prega
que Jesus ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns de vós que não há
ressurreição dos mortos? Se não há
ressurreição dos mortos,
nem Cristo ressuscitou. Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa
pregação, e também é vã a nossa fé. Além
disso, seríamos convencidos de ser falsas testemunhas de Deus, por termos dado
testemunho contra Deus, afirmando que ele ressuscitou a Cristo, ao qual não
ressuscitou(se os mortos não ressuscitam).
Pois se os mortos não ressuscitam,
também Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou é inútil a vossa
fé, e ainda estas em vossos pecados. Mas não, Cristo ressuscitou dentre os
mortos, como primícias dos que morreram! Com efeito, se por um homem veio a
morte, por um homem vem a ressurreição dos mortos.
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