A SANTÍSSIMA TRINDADE
“Como deve ser considerada, no Espiritismo, a chamada “Santíssima
Trindade”, da teologia católica?
Os
textos primitivos da
organização cristã não falam da concepção da Igreja Romana,
quanto à chamada “Santíssima Trindade”.Devemos esclarecer, ainda, que o ponto
de vista católico provem de sutilezas teológicas sem base séria nos ensinamentos
de Jesus.Por largos anos, antes da Boa Nova, o bramanismo guardava a concepção
de Deus, dividido em três princípios essenciais, que os seus sacerdotes
denominavam Brama, Vishnu e Çiva.(O Padre Alta, em O
Cristianismo do
Cristo e de seus vigários, nos diz que a fórmula de catecismo __ 3 pessoas
em Deus __ era verdadeira em latim, onde o vocábulo persona significa forma, aspecto, aparência. E falsa, porém, em
francês ou em português, com acepção de indivíduo).Contudo, a Teologia, que
organizava, sobre os antigos do politeísmo romano, necessitava apresentar um
complexo de enunciados religiosos de modo a confundir espíritos mais simples
mesmo porque sabemos que a Igreja foi, no princípio, depositária das tradições
cristãs, não tardou muito que o sacerdócio eliminasse as mais belas expressões
do profetismo, inumando o Evangelho sob um acervo de convenções religiosas, e
roubando às revelações primitivas a sua feição de simplicidade e de amor.
Para esse desiderato, as forças que vinham disputar o
domínio do Estado, em face da invasão dos povos considerados bárbaros, se
apressaram, no poder, em transformar os ensinos de Jesus em instrumento de
política administrativa, adulterando os princípios evangélicos nos seus textos
primitivos e assimilando velhas doutrinas como as da Índia legendária, e
organizando novidades teológicas, com as quais o Catolicismo se reduziu a uma
força respeitável, mas puramente humana, distante do Reino de Jesus, que, na
afirmação do Mestre, simples e profunda, não tem ainda fundamentos divinos na
face da Terra.(Emmanuel, O Consolador, págs.159 e 160, questão 264).
“A tradução de Osterwald está
conforme o texto primitivo. Diz: “Não renasce da água e do Espírito”; a de Sacy
diz: do Santo Espírito; a de Lamennais: do Espírito Santo.À nota de Allan
Kardec, podemos hoje acrescentar que as modernas traduções já restituíram o
texto primitivo, pois que só imprimem “Espírito” e não o Espírito Santo. Examinemos a tradução
brasileira, a inglesa, a em Esperanto, a de Ferreira de Almeida, e em todas
elas está somente “Espírito”. Além dessas modernas, encontramos a confirmação
numa latina de Theodoro de Beza, de 1642, que diz: “... genitus ex aqua et Spiritu ...” “...et quod genitum est ex Spiritu, spiritus
est.” É fora de dúvida que a
palavra “Santo” foi interpolada, como
diz Kardec. À Editora da FEB, 1947.” (Allan Kardec. O
Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. IV, pág.86).
Este
tema foi arranjado pelo catolicismo, de acordo com as crenças pagãs, já
adotadas pelos povos de uma época inconcebível, quiça, anti-diluviana, no tempo
dos Sumerianos, anterior a Babilônia, em que os Cabiras representavam a
trindade por Ea, pai, Istar, mãe, Tamuz, filho. Os Orphicos, da Grécia,
chamavam essa trindade: Axier, pai celeste, Axiokersa, mãe terrestre, Axipkers,
filho do céu e da terra, aos quais apelidavam de Zeus.Nos mistérios de Eleusis,
a ordem é outra: o pai é Dionísio, a mãe, Demeter, Iachos o filho.Na antiga
Canaan, era Ball, pai, Astarté, mãe, Adonis Echmun, o filho.No Egito, Osiris é pai, Isis, a mãe, Horus o filho.Na
índia Brama,é o pai, Siva, a mãe, Vishnu, o filho.Na China, Brahma, é o pai,
Siva, a mãe, Buda o filho.Na Pérsia de Zoroastro, era Orzmud, o pai, Ariman, a
mãe, Mithra, o filho.N a primitiva Germânia era Votan, o pai, Friga, a mãe, Dinar,
o filho. Vemos também que até o sinal da cruz ao qual se faz menção ao Pai, ao
Filho e ao Espírito Santo, não é senão mais uma adaptação da Igreja, na
realidade, o sinal da cruz servia para que os cristãos se identificassem e se
reconhecessem. Vejamos o que diz Emmanuel:
“Sempre que um Peregrino mais dedicado aportava à
cidade, havia um aviso comum a todos os conversos. O sinal da cruz, feito de
qualquer forma, era a senha silenciosa entre os irmãos de crença, e, feito
desse ou daquele modo especial, significava um aviso, cujo sentido era
imediatamente compreendido.”( Emmanuel,Há Dois Mil Anos,Ed. Feb., Cap. III,
pág.273)
“Nesse comenos, experimentando a
secreta confiança que lhe inspirava aquela mulher simples, traçou com a destra, na poeira do solo, um
pequeno sinal da cruz, mediante o qual todos os cristãos da cidade se
reconheciam.
Ambas trocaram então um olhar
expressivo de simpatia, enquanto a desconhecida se aproximava, exclamando
bondosamente:
__ És cristã? “(Emmanuel, 50
Anos Depois,Ed. Feb.,Cap. III, pág. 213 e 214).
“No Cristinismo primitivo, nem Jesus,
nem Pedro, nem João, nem Tiago, nem Paulo de Tarso jamais cogitaram dessa
trilogia, no sentido de ser o Espírito Santo uma das três partes de Deus. O s
evangelistas a nada disso de referem. Jesus jamais ensinou que seu Pai
Celestial tivesse três pessoas distintas contidas numa só, das quais ele seria
uma delas. É fora de dúvida que o termo “Espírito Santo” foi incorporado às
traduções dos Evangelhos, não tendo jamais constado dos originais. Isso foi
feito com o propósito de servir aos interesses
da Igreja, que, no Concílio de Nicéia, realizado no ano 325, e no
Concílio de Constantinopla, realizado em 381, havia o dogma da Trindade, pelo
qual o Pai, Filho e o Espírito Santo constituem uma só pessoa, uma única
entidade. Havia, portanto, necessidade de o assunto ser corroborado pelos
livros sagrados, o que, evidentemente, lhe daria foro de verdade. “ “Os primitivos cristãos comunicavam-se com os
Espíritos dos chamados mortos e deles recebiam
ensinamentos.Nenhuma dúvida é possível sobre esse ponto, porque são abundantes
os testemunhos. Resultam dos próprios textos dos livros canônicos, textos que
conseguiram escapar às vicissitudes dos tempos e cuja autenticidade é
indubitável.” (Cristianismo e Espiritismo - Léon Denis) (Cap.V- pags.51 e 52).
“Os Espíritos desencarnados sempre se
comunicaram com os homens. Foi somente depois da Vulgata que a palavra sanctus
foi constantemente ligada ao Spiritus,
não conseguindo essa junção, na maioria dos casos, senão tornar o sentido mais
obscuro e, mesmo, às vezes, ininteligível. Os tradutores franceses dos livros
canônicos foram ainda mais longe a esse respeito e contribuíram para desnaturar
o sentido primitivo. Eis aqui um exemplo, entre muitos outros: lê-se em (Lucas,
cap. 11:9-13), texto grego: “Aquele que
pede recebe; o que procura acha; ao que bate se lhe abrirá. Se, portanto, bem
que sejais maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, com muito mais forte
razão vosso Pai enviará do Céu um Bom
Espírito àqueles que lhe pedirem.” As traduções francesas trazem o Espírito Santo. É um contra-senso. Na Vulgata, tradução latina do grego, está escrito Spiritum bonun, palavra por palavra, Espírito Bom. A Vulgata
não fala absolutamente do Espírito Santo.” (Casos Controvertidos do Evangelho-Paulo
Alves Godoy, pags.79 e 80)
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