terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Moisés e Akenaton


MOISÉS  E  AKENATON

       Em seu livro, “Moisés e o Monoteísmo”, Sigmund Freud, sugeriu que Moisés teria sido um oficial da corte de Akenaton e que fora provavelmente uma das filhas desse rei quem retirara das águas o cestinho de junco onde se achava a criança que receberia o nome de Moisés. Com o colapso da corte de Akenaton e do seu sistema monoteísta em Armana, que ocorreu após a sua morte, tudo aquilo foi destruído, Moisés que na corte egípcia, era um ministro convicto, reuniu um grupo de pessoas que trabalhavam no delta do Nilo e com elas deixou o Egito para dar continuidade ao culto monoteísta que adotara, criando assim o mito do Êxodo. A tese apresentada por Freud, foi provavelmente desenvolvida seguindo a teoria de Estrabão, geógrafo e historiador grego, nascido na Capadócia (58 a c.C. 25 D.c.), autor de 17 livros sobre sabedoria antiga, que viveu na Época de Cristo. O mesmo, refere-se que êxodo do Egito teve lugar da seguinte forma: “Moisés Sacerdote egípcio que também dirigia uma província egípcia, dali partiu porque não estava satisfeito com o estado da coisas local e com ele partiram muitos pelas mesmas razões religiosas





Entretanto, o chamado monoteísmo de Akenaton apresentava algumas diferenças com relação ao de Moisés: para Akenaton, o mistério representado no disco solar é que conferia uma forma a todos os deuses, aliás uma visão eminentemente Indiana. “Você é aquele que aparece sobre esta forma aqui, sob esta ou aquela forma mais adiante..., dizia o faraó. Mas em contrapartida o monoteísmo de Moisés nasce através de Iavé, que afirma categoricamente: “Não há outro Deus no mundo, os outros deuses são demônios”. Há portanto, existe uma distinção parcial que terá de ser reconhecida, pois se pretende compreender o que está ocorrendo. Para Akenaton, assim como para a filosofia  hindu, “Deus” se personificava em várias divindades, segundo a necessidade. Mas para Moisés, Deus, era uno e indivisível. Observa-se nitidamente nessa transição uma evolução do pensamento teológico por parte de Moisés. Os símbolos do poderio de Akenaton são  mais uma vez o cajado do bom pastor que guarda o seu rebanho e o açoite de joeirar que separa o joio do trigo. Essa disciplina e essa proteção constituem os dois aspectos da regra o deus bom e misericordioso e o deus justiceiro, ou seja, aqui ele se apresenta em sintonia com o Deus de Moisés. Não podemos esquecer, que era no cajado de Moisés, uma espécie de talismã, que Deus colocara toda a sua força, no qual permitia que segundo a Bíblia, Moisés operasse inúmeros prodígios.Akenaton não teve filhos varões(homens), com Nefretiti considerada a mais bela rainha egípcia, teve sim, três filhas encantadoras, sendo que uma delas casou-se com o jovem príncipe Tutanc-Âmon. A origem de Nefretiti era completamente desconhecida considerando-se sua ascendência. Sabe-se perfeitamente que havia casamentos arranjados, mesmo no Egito, muito embora o casamento entre irmãos fossem os mais prováveis para  manterem-se as dinastias. Os próprios filhos de Akenaton, assim como ele mesmo,  apresentavam deformidades cranianas sugerindo que ele e sua descendência poderiam ser fruto dessas uniões próximas. Muito embora essa assertiva não implique que todos os filhos de Akenaton fossem necessariamente de Nefretiti, pois como sabemos só faraós possuíam várias mulheres. Mas a rainha poderia também, pertencer a um lugar, distante do Egito, onde adorava-se um único Deus. Caso essa hipótese seja verdadeira, ela  pode ter influenciado diretamente Akenaton, induzindo-o a fundar uma nova religião. De qualquer forma, logo após a morte de Akenaton, Nefretiti reinou aproximadamente  por mais um ano período em que ocorreu foi assassinada pelos mesmos motivos religiosos que levaram a morte de seu esposo. A partir desses fatos, o clero de Âmon se reergueu e o jovem faraó Tutanc-Âmon, voltou ao culto de Âmóm  e dos deuses antigos. Não obstante, o disco solar e as mãos que abençoavam permaneceram após a sua morte, sendo incorporados a tradição egípcia. Indagamos se Moisés era de fato um membro da corte de Akenaton, como sugere a teoria de Freud, o Êxodo deve ter ocorrido por volta de 1358 antes de Cristo, na altura da morte de Akenaton. Mas só que no livro do Êxodo, o faraó mencionado é Ramisés II, cujas as datas aproximadas são 1305 a 1234 antes de Cristo. Seu reinado foi extremamente longo, e a propósito ele não se afogou no “Mar Vermelho”, Ramisés II, está sepultado em Abu Simbel, lado a lado com os deuses Hórus, Amon e Path.
Mas voltemos ao faraó herético. Sabemos pois, que Akenaton, não dava muita atenção ao império, pois sua preocupação maior era a unificação do império através da religiosidade e das suas idéias monoteístas. Sendo assim, como atestam os registros, chegavam a sua corte em Amarna, inúmeras cartas escritas em babilônio, conhecidas como as cartas de Amarna, as quais eram enviadas pelos governadores das várias províncias da Ásia, que se queixavam de que suas aldeias estavam sendo invadidas por beduínos vindos do deserto,  denominados Haberu. Ocorriam portanto invasões no tempo de Akenaton, no entanto no livro do Êxodo, elas estão geralmente associadas a época de Ramisés II, que foi posterior a Akenaton. Mas se não é impossível, penso ser pouco provável acreditar que tal fatos possam ter ocorrido no tempo de Ramisés II, pois sendo um faraó preocupado com guerras e conquistas seria pouquíssimo provável que essa situação realmente acontecesse com tamanha intensidade no seu reinado. Esses indícios nos remetem a teoria sugerida por Freud sobre Moisés no início desse capítulo, ou seja, que Moisés viveu na época do rei Akenaton. Sugerimos ao leitor, agora uma nova teoria a partir da de Freud, que agora passaremos a expor. Suponhamos que Moisés como um   iniciado nos cultos de mistério a Ísis, e educado no Templo de Amoon-Rá, talvez possa ter absorvido o pensamento e as idéias de Akenaton, por meio dos instrutores que cuidavam da sua educação, que aliás era bastante diversificada, como narra a própria Bíblia em Atos dos Apóstolos, cap.7, vs.20 a 22, vemos que ”Moisés foi instruído em todas as ciências dos egípcios, e tornou-se forte em palavras e obras.”. O Apóstolo Lucas em Atos dos Apóstolos (cap. 7 vs. 20 a 22), escreve que a ciência secreta egípcia, era direcionada para o bem e por causa dela, as palavras e obras do iniciado Moisés eram altamente poderosas. O Espírito Emmanuel confirma essas informações em a “Caminho da Luz”, na pag.66, onde escreve: “Moisés saturou-se de todos os conhecimentos iniciáticos do Egito Antigo, onde seu Espírito recebeu primorosa educação, `a sombra do prestígio de Térmutis, cuja a caridade fraterna o recolhera.”
            Isto posto, concluímos a partir de análise comparativa dos textos bíblicos, que Moisés era depositário da tradição de Abraão, o qual, por seu turno, era filiado a ordem religiosa do sacerdote Melchisedec na antiga Caldéia,(Gênesis cap. 14, vs.18 a 20). Ordem essa superior ainda a dos sacerdotes de Levi, motivo pelo qual a Patriarca Abraão pagou-lhe o dízimo. Tendo portanto, o Mestre Jesus exaltado Abraão, Moisés, Jacob e todos os profetas, e sendo ele Jesus, o Pontífice Eterno anunciado, segundo a Ordem do próprio Melchisedec, confirmado por Paulo de Tarso,(Hebreus cap. 7 vs. 1 a 3). Ainda no cap. 18 do Êxodo, observamos que Moisés, mesmo após a visão da “Sarça Ardente” que seria considerada por alguns contextos religiosos como um encontro direto com Deus, seguia os conselhos de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madiã, aplicando-os diretamente na condução do povo de Israel. Essa submissão pode ser explicada somente pela condição de superioridade de Jetro e da doutrina oculta que muito embora Moisés tivesse conhecimento, o sacerdote de Madiã dominava perfeitamente e  incumbiu-se de transmiti-la a Moisés. Desta forma, torna-se bastante claro que os preceitos religiosos adotados por Jesus estavam já difundidos sob a guarda dos altos sacerdotes da Índia, da Pérsia, da Babilônia, da Gália, e por fim do Egito com o próprio Akenaton, razão pela qual todos esses povos tiveram indivíduos altamente capacitados espiritualmente que predisseram a sua vinda. Os magos, oriundos do oriente (Pérsia ou Babilônia),  que vieram adorar Jesus, orientado pelas hierarquias divinas, muito provavelmente seguiam a doutrina de Melchisedec que lhes foi transmitida por Zoroastro. Essa doutrina oculta descrita por Paulo de Tarso nos tempos de Jesus, como “mistério de Deus, revelado pelo Espírito aos santos apóstolos e profetas” em Efésios (cap. 3 v.5), nada mais eram do que a mesma doutrina secreta que Abraão absorveu de Melchisedec na antiga Suméria. Se lermos os originais hebraicos do Velho Testamento : “assim como tudo que detinha”, inclui além dos bens materiais a tradição que lhe foi transmitida por seus ancestrais.Sobre essas influências, vários pesquisadores sustentam que os sumérios eram descendentes das populações dravidianas do vale do Indo, onde floresceram as grandes civilizações de Mohenjo-Daro e Harappa. O próprio nome de Abraão  deriva do sanscristo e significam luz. Os lingüistas apontam as diversas afinidades entre o antigo idioma sumério e as línguas dravidianas, entre elas o tâmil, ainda hoje falado por milhões de habitantes do sul da Índia. Escavações realizadas em Ur, já trouxeram à luz sinetes, selos e outros objetos gravados com símbolos e caracteres harappanos. Mohenjo-Daro, Harappa e suas cidades irmãs do vale do Indo eram grandes centros de religião shivaísta e podem ter constituído a principal rota de transmissão do shivaísmo para o Ocidente. Esses elementos, por si só, já sugerem a possibilidade de algum ponto de contato com a saga abrâmica e a tradição de Shiva. Quer tenham sido arrasadas por invasores arianos, como sustentam diversos historiadores, quer tenham sido arruinadas por fatores ambientais, como afirmam outros, Mohenjo-Daro, Harappa e as demais cidades do Indo encerram seu longo e brilhante período de atividade por volta de 1800 a.C., data cronológica da viagem de Abraão. Uma hipótese extremamente interessante, é que o nome de Abraão não designaria uma pessoa, mas a linhagem dos abrâmanes, dravidianos que negavam a religião bramanista dos invasores arianos. Ora, esses rebeldes não eram outros se não os siddhas, os chamados “iogues perfeitos” da tradição shivaísta. O elo entre a religião shivaísta e o judaísmo, pode ser selado pelo fato de Jacó, neto de Abraão ser um dos 18 siddhas reverenciados até hoje pela população tâmil do sul da Índia.
Cabe-nos ressaltar, que nesses tempos o Deus altíssimo de todo oriente próximo, El, ou uma variante como Eloah, Elyon, Alá, etc., era o Ser inexprimível e inefável que reinava sobre o panteão prolífero de deuses locais. Elohim é o plural de Elo, um nome que os hebreus e caldeus davam ao Ser Supremo, e ele próprio derivado da raiz El, que representa elevação, força e poder expansivo, e que num sentido universal significa Deus. No tempo de Abraão, o ser supremo justo e Amoroso, chamado El, há muito havia sido esquecido em favor da multidão de manifestações divinas inferiores locais. Jacó, portanto como Abraão e seu filho Isac, foi iniciado numa religião solar que restabelecia o culto do Ser Supremo e rebaixava as divindades locais desérticas locais, até então os únicos objetos de culto entre os semitas da Palestina. Desta forma, a  iniciação de Abraão por Melchisedec, o rei sacerdote de Salém, no culto de El ou Elyon, o Deus Altíssimo, resultou no conhecimento mais profundo dos ensinamentos secretos da Cabala, e a partir daí Abraão fundou uma nova linhagem espiritual.
A partir da idéia básica difundida pela ordem a qual é iniciado, Moisés aperfeiçoa sua teologia, que foi  reforçada pelo seu alto grau de mediunidade, tendo em vista os diversos fenômenos dessa natureza que envolveram a sua vida. Moisés na realidade teria dado de alguma forma, continuidade ao conceito de Akenaton, e isso não quer dizer que ele tenha propriamente convivido com o faraó, como nos sugere Freud, mas as idéias de Akenaton podem muito bem terem sobrevivido e cultuadas por muito tempo no Egito, mesmo secretamente, como foi o caso dos fiéis seguidores do Cristo nos primórdios do Cristianismo. Moisés fazendo parte da corte egípcia, teria naturalmente acesso a inúmeras informações, desta forma, filiou-se a ordem dos sacerdotes egípcios aos quais eram depositários da tradição de Melchisedec,  reforçando o pensamento no povo hebreu, ao qual estaria mais afeito a idéia do monoteísmo como já nos descreve a própria Bíblia, quando o próprio Deus se manifestou a  Noé criando com ele uma aliança,(Gênesis,cap.9,v.1) e a Abraão com a promessa de uma grande nação(Gênesis,cap.12,v.2).  Nunca é menos lembrar que o Egito, como a própria história nos revela, encontrava-se  massificado  por um enorme  panteão de deuses e deusas, obrigando aos  devotos a seguir inúmeros rituais com finalidades diversas em detrimento de uma  conduta moral mas elevada.  Por isso, talvez, Moisés tenha  sancionado severas admoestações a esse respeito, como vemos no Deuteronômio, envolvendo as práticas astrológicas, advinhatórias e profetismo, pois estas também influenciavam o povo hebreu sobremaneira e segundo Moisés era necessário estirpar esse pensamento que fatalmente levaria a falência espiritual do seu povo, assim como segundo ele levou ao Egito. Essas práticas se permitidas, sem um preparo prévio(Números cap.11 vs. 24 a 30), poderiam logicamente ocasionar não somente o caos a  nova concepção do Deus único, mas também o sentido da revelação desse mesmo Deus a Moisés. Essas práticas afetariam diretamente sua credibilidade como profeta escolhido para a condução do povo hebreu para a  tão esperada terra prometida. Moisés sendo conhecedor da história de Akenaton, temia que o mesmo pudesse acontecer com ele, ocasionando a assim o fracasso de sua missão. 

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