AS ORIGENS DO TERMO SATAN
Os
judeus começaram a adotar nas suas crenças o termo satan, mais ou menos quinze
anos após a morte de Zoroastro(660-583 a . C.), na época em que foram levados em
cativeiro para Babilônia no ano 600. Até mesmo por que Lúcifer, considerado
posteriormente pelos teólogos como chefe
dos demônios, era na realidade a “Estrela da Manhã”, um título conferido
rei da Babilônia, pelo seu poder e grandeza, segundo o que realmente se refere
o profeta Isaías, cap. 14, v.12 do Velho Testamento. Desta forma, verificando-se o capítulo 24, do livro II de
Samuel, e do capítulo 21 do livro de Crônicas, onde se vê claramente que os
Judeus reconheceram a inconseqüência de um Deus bom praticando o mal, matando
setenta mil pessoas, ficaram apavorados com
as pragas e maldições do deus Jeová, pois um verdadeiro Pai não entregaria o
seu povo a tais tormentos. Velhos, crianças, virgens, mulheres, doentes,
vítimas inocentes da cólera de um deus vingativo, cruel e sem misericórdia. O
povo Judeu nunca mais invocou o nome de Jeová até o nascimento de Jesus. Por
isso talvez, adotaram o dualismo da teologia de Zoroastro. O nascimento do
termo “Satanás”, que séculos mais
tarde seria identificado erroneamente,
diga-se de passagem, como uma entidade personificadora do mal, originou-se de
uma disputa entre duas raças e aconteceu da seguinte forma: A raça branca
originaria do polo boreal, era chamada pelos europeus, de raça boreana e
hiperboreana. Moisés, a chamava de Ghiboreana, esta raça tinha horror a raça negra
pelas suas funestas incursões, por isso é que a denominaram Sudeana. Deste
termo se originaram os termos Suth ou Soth dos egípcios, Sath dos fenícios e
Shatan ou Satan dos árabes e dos hebreus. Esse termo na realidade identificava
a raça negra, que naquela época era inimiga da raça branca. Portanto nesse
período a que estamos nos referindo, os povos de uma maneira geral, ainda não
tinham adotado o princípio do mal, como uma entidade celestial decaída, que só
muitíssimo mais tarde, essas idéias foram surgindo na imaginação dos místicos e
religiosos, por influência ou absorção de outras culturas.
O termo demônio e a maneira como hoje é entendido
percorre também um caminho de intrincadas modificações e inúmeras adaptações
sobre o seu verdadeiro significado. Nos Vedas,
religião primordial da Índia, os deuses recebiam o nome de Deva, essa palavra
nesse país, significa “brilhante”,
pois o esplendor ou a luz era um dos atributos mais gerais pertencentes, em
comum, às diferentes manifestações da Divindade. No Zend-Avesta, livro persa
que retrata as idéias religiosas de Zoroastro, a palavra “deva”, passou a “daeva”,
significando “espírito mau”. Na Grécia, os próprios gregos tinham seus deuses, e
a palavra daimon que gerou a palavra
demônio nos evangelhos, advém de “deva”, termo natural da Índia, e na
acepção grega, esse termo designava todos os espíritos de uma forma geral, bons
e maus. Tanto é que Sócrates, talvez depois de Jesus, o mais sábio espírito que
já tenha baixado à Terra, dialogava freqüentemente com o seu daimon, ou seja,
espírito mentor, ou anjo da guarda, como queiram designar. A palavra “diabo” assim como “ satan” , na realidade significa, ser contrário, e foi termo
utilizado por Jesus para identificar a contrariedade de Pedro e de Judas
conforme podemos verificar nas escrituras do Novo Testamento. A conotação de
entidade maléfica desse termo se solidificou a partir dos primórdios do
Catolicismo com a finalidade de afastar as pessoas dos cultos pagãos, tão
naturais naquelas épocas. Mas tarde esses conceitos foram transmitidos para o Islamismo e
Protestantismo respectivamente, perdurando até os dias de hoje.
Portanto, satanás-diabo, são termos que significam
oposição, sendo importante relembrar, que antes dessa personificação do mal
através de uma figura antagônica aos poderes de Deus, os judeus acreditavam que
somente Deus é quem punia os pecadores e premiava os justos. Hoje em dia, com
surgimento das novas idéias no seio da Igreja Católica, muitos teólogos estão
voltando as velhas concepções judaicas, admitindo que na Bíblia não existem
evidências concretas da existência de Satanás ou do Diabo.
Esta reformulação de pensamento de alguns teólogos se enquadra perfeitamente dentro dos preceitos básicos demonstrados pelo Espiritismo, doutrina codificada por Allan Kardec, no século XIX. Vejamos em algumas passagens, a prova bíblica que o Judaísmo nos seus primórdios, ou seja, anteriormente aos conceitos de Zoroastro ou de Manes, não atribuía de forma alguma o mal a figura de satanás. Para os judeus, Deus era a causa de todos acontecimentos de suas vidas, fossem eles positivos ou negativos.
Esta reformulação de pensamento de alguns teólogos se enquadra perfeitamente dentro dos preceitos básicos demonstrados pelo Espiritismo, doutrina codificada por Allan Kardec, no século XIX. Vejamos em algumas passagens, a prova bíblica que o Judaísmo nos seus primórdios, ou seja, anteriormente aos conceitos de Zoroastro ou de Manes, não atribuía de forma alguma o mal a figura de satanás. Para os judeus, Deus era a causa de todos acontecimentos de suas vidas, fossem eles positivos ou negativos.
I SAMUEL CAP.2,V.25
Se um homem
pecar contra o outro , Deus o julga; se ele pecar, porém contra o Senhor, quem
intervirá a seu favor? Mas não ouviam a voz de seu pai, porque Deus os queria perder.
II SAMUEL CAP.
1,V.1
A cólera do Senhor se inflamou novamente contra Israel e excitou Davi
contra eles; dizendo-lhe: “Vai recensear Israel e Judá.”
II REIS CAP.
22, V. 23
O Senhor pôs um espírito de mentira na boca de todos
os profetas aqui presentes, ma é a tua perda que o
Senhor decretou.
JÓ CAP.14,
V.13
Se, pelo
menos, me escondesses na região dos mortos, ao abrigo, até tua cólera tivesse passado, se me fixasses um limite em que te
lembrasses de mim!
SALMOS CAP.29,
VS. 4 a 6
Senhor minha
alma foi tirada por vós da habitação dos mortos; dentre os que descem para o túmulo, vós me salvastes. Ó vós, fiéis
do Senhor, cantai a sua glória, dai graças ao seu santo nome Porque sua
indignação dura apenas um momento,
enquanto sua benevolência é para toda a vida.
SALMOS,CAP.70
VS.20 e 21
Vós me
fizestes passar por numerosas e amargas
tribulações, para de novo, me fazer viver e dos abismos da terra novamente me tirar.
SALMOS
CAP.84,VS. 6 e 7
Acaso será eterna contra nós a vossa cólera? Estendereis vossa ira sobre todas as gerações? Não nos restituireis a
vida, para que vosso povo se rejubile em vós.
SALMOS, CAP.
88,VS. 47 e 48
Até quando Senhor? Até quando
continuareis escondido? Até quando
estará acesa a vossa cólera? Lembrai-vos de como é curta a nossa vida, e
quão efêmeros os homens que criastes.
ISAÍAS,
CAP.45, V.7
“Eu formo a luz e crio as trevas, asseguro o bem estar e crio a desgraça;
sim eu Yaveh, faço tudo isto”
ISAÍAS, CAP.
57, VS. 16 a
18
Realmente, não
desejo controvérsias sem fim, nem persistir sempre no descontentamento, senão o
espírito desfalecerá diante de mim, assim como as almas que criei. Por causa de
crime de meu povo me irritei um momento; feri-o,
dando-lhe as costas na minha indignação, enquanto o rebelde agia conforme a
sua fantasia. Vi a sua conduta, disse o
Senhor, e o curarei. Vou guiá-lo e consolá-lo.
ECLESIASTICO,
CAP.21,V.30
Quando o ímpio
amaldiçoa o adversário(diabo),
amaldiçoa-se a si mesmo.
MIQUÉIAS, CAP.7, VS. 18 e 19
Qual é o Deus
que, como vós, apaga a iniquidade e perdoa o pecado do resto do seu povo, que não se ira para sempre porque prefere a
misericórdia? Uma vez mais, tende piedade de nós! Esquecei as nossas faltas
e jogai nossos pecados nas profundezas do mar!
Satanás
significava um ser contrário ou inimigo, uma peste, gente ímpia, caracterizando
sempre uma idéia antagônica, e não a personificação do mal, tanto é verdade que
em uma determinada situação Jesus chama Pedro de Satanás/Diabo, da mesma forma
refere-se a Judas Iscariotes. Vejamos:
MATEUS
CAP.16,VS.22 e 23
Pedro então
começou a interpelá-lo e protestar nestes termos: “ Que Deus não permita isto,
Senhor! Isto não te acontecerá.!” Mas
Jesus, voltando-se para ele, disse-lhe: Afasta-te Satanás, tu és para mim um
escândalo; teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens!”
JOÃO
CAP.6,V.70
Jesus
acrescentou: “Não vos escolhi eu todos os doze? Contudo, um de vós é um demônio! ... “Ele se referia a Judas, filho de Simão Iscariotes, por que era quem havia de entregar, não
obstante ser um dos doze.
Terminaremos essa capítulo,
com esta belíssima e elucidativa explanação de Emmanuel, descrita no livro
intitulado Pão Nosso,Edição da Feb, Cap.164, pág.339 e 340:
“Quando a teologia se reporta ao diabo, o crente
imagina, de imediato, o senhor absoluto do mal, dominado num inferno sem fim. Na concepção do aprendiz, a região amaldiçoada localiza-se em esfera
distante, no seio de tormentosas trevas.Sim, as zonas purgatoriais são inúmeras
e sóbrias, terríveis e dolorosas, entretanto, consoante a afirmativa do próprio
Jesus, o diabo partilhava os serviços apostólicos, permanecia junto dos
aprendizes e um deles se constituirá em representação do próprio gênio
infernal. Basta isto para que nos informemos de que o termo “diabo” não indicava, no conceito do Mestre, um gigante de perversidade,
poderoso e eterno, no espaço e no tempo. Designa o próprio homem, quando
algemado às torpitudes do sentimento inferior.Daí concluiremos que cada criatura humana apresenta certa
percentagem de expressão diabólica na parte inferior da personalidade. Satanás simbolizará então a força contrária
ao bem. Quando o homem o descobre, no vasto mundo de si mesmo, compreende o
mal, dá-lhe combate, evita o inferno íntimo e desenvolve as qualidades divinas
que o elevam à espiritualidade superior. Grandes multidões mergulham em
desesperos seculares, porque não conseguiriam ainda identificar semelhante
verdade. E, comentando esta passagem de João, somos compelidos a ponderar: __ “Se, entre os doze apóstolos, um havia que
se convertera em diabo, não obstante a missão divina do círculo que se
destinava à transformação do mundo, quantos existirão em cada grupo de homens
comuns na Terra?”
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