terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Politeísmo


O POLITEÍSMO


O politeísmo crença em vários deuses divide-se basicamente em três principais estágios: a idolatria que consiste na adoração aos ídolos, no feiticismo, adoração de objetos e coisas como rios, montanhas, lugares, plantas, árvores amimais aos quais se atribuíam poderes, parentesco, ascendência ou representação espiritual; e por último o sabismo que era o culto dos astros cujas as supostas origens encontram-se no povo sabeu que habitava país de Sabá. Esse mesmo país abrigou tempos mais tarde a rainha que encantou o rei Salomão, como bem a Bíblia nos descreve. Reportando-se as Sagradas Escrituras, mais especificamente no Antigo Testamento Hebraico, observamos que as narrativas  não falam apenas de um deus, mais sim de vários deuses, em Gênesis (cap.1, v.26), vemos: ”Façamos o homem a nossa imagem e semelhança”, em outro trecho verificamos que o relator emprega o plural para identificar os deuses que povoavam a Terra ao lado dos homens, isto verificamos em Gênese (cap.6, v.2). A  palavra hebraica para Deus é Elobim, já em outras línguas semitas, e ocasionalmente no hebraico, essa palavra reflete o plural “deuses”. Portanto para os israelitas os “Filhos de Deus” nada mais eram do que os deuses que pertenciam naturalmente ao culto e a  mitologia hebraica originalmente.



 Com o passar dos tempos eles os substituíram por Jeová, transformando a adoração de um panteão de deuses para um deus único através de Moisés. Já o culto politeísta de uma forma geral e universal, se caracterizava em conferir aos deuses atitudes humanas. Na própria Bíblia, o próprio Javé ou Jeová, o Deus monoteísta de Israel, tinha vários atributos humanos, e por sinal bem inferiores. Nos tempos de guerra e conquista era denominado o “Deus dos Exércitos”(Jeremias cap.5,v.14), quando ao atendimento na questões espirituais das mas variadas formas denominava-se “Deus dos Espíritos”(Números cap.27,v.15), e na particularização da exortação da suprema vaidade do povo hebreu denominava-se “Deus de Israel”(I Reis,cap.1,v.48). Faltando ao homem,  naqueles tempos a capacidade intelectual e moral para a compreensão das verdades espirituais mais elevadas, surge então o antropomorfismo, que é justamente a atribuição das virtudes e das imperfeições humanas aos deuses ou mesmo ao Deus único de Abraão. Dessa maneira o Supremo Criador, arrepende-se em Gênesis (cap.6,v.6); irrita-se em Deuteronômio (cap.4,v.21), entre outras.


 Os homens se retratam nos deuses, já dizia o grego Xenofónes, filósofo e fundador da escola de Eléa, 600 anos antes de Cristo, que sustentava a idéia de que os homens tinham criado os deuses, atribuindo-lhes as suas paixões, a sua voz, a sua fisionomia. Diz o grande filósofo, que se os bois e os cavalos tivessem mãos, se soubessem pintar e trabalhar com as mãos, como fazem os homens, os cavalos utilizariam cavalos e os bois aproveitariam os bois para representar seus deuses, dando-lhes corpo idêntico ao seu. Xenofónes, refutou as superstições que consistiam em atribuir aos deuses a própria cor, como por exemplo, a dos Etíopes que, em serem negros de nariz chato, assim representavam os seus deuses; os Trácios, que lhe emprestavam olhos azuis e cabelos ruivos, e os Medas e Persas, que não fugiam a regra.
Assim o entendimento da divindade refletia na humanidade muitas das vezes a necessidade momentânea de conseguir os seus propósitos e objetivos. A Bíblia faz referência a este politeísmo, que era de fato, vivenciado pelo povo hebreu, pois da mesma forma  dos outros povos da antigüidade vivenciaram a transição do politeísmo para o monoteísmo. Um exemplo disso, observamos em Gênesis (cap.31,v.19), onde Raquel rouba os terafim de Jacó. Esses terafins, na realidade, nada mais eram do que ídolos domésticos que podiam ter a forma e o entalhe humano. No livro de Crônicas (cap. 28, vs. 2 e 3),  o rei hebreu Acad,  mandou esculpir várias estátuas dos ballins, e passou a queimar seus próprios filhos, oferecendo-os em sacrifício aos deuses fenícios que eram o motivo de sua adoração. Jefté sacrificou a própria filha em holocausto ao Senhor(Juizes, cap.11, v.39). Os povos pagãos substituíram o sacrifício humano pelo animal primeiramente que os israelitas. Ao contrário que muita gente pensa, as deidades, foram por muito tempo cultuadas pelos hebreus e por todos os povos semitas de uma maneira geral, sendo posteriormente essas práticas condenadas pelos profetas, que logicamente detinham uma visão mais abrangente da divindade e não concordavam efetivamente com essa antropomorfização. Outro aspecto importante que está diretamente ligado a adoração dos deuses por parte dos israelitas, é a concepção que nos lugares altos como as montanhas destinavam-se a ser a morada dos deuses, desses pontos as deidades poderiam observar tudo o que se passava na terra interferindo quando fosse necessário na ordem e nos destinos dos seres e das coisas. Seguindo essa linha de pensamento a torre de Babel foi erigida na frustrada tentativa de se chegar mais perto de Deus pelas vias materiais. O mesmo raciocínio, embora mais elevado, encontramos na Grécia, onde o mítico Monte Olimpo, figurava como sendo a morada de todos os deuses gregos. Os lugares altos eram cheios de mistérios e religiosidade, o próprio  Moisés o legislador egípcio-hebreu é convocado a subir no monte Sinai para receber os Dez Mandamentos e Jesus também não fugiu a regra,  sobe ao Tabor para encontrar com Moisés e Elias, assim como profere do alto o “Sermão da Montanha”.



 Dessa maneira, indaga o rei Davi em Deuteronômio (cap. 38, vs. 15 a 22),  “Quem pode subir à montanha(o lugar elevado) do Senhor?” “Quem pode ficar de pé no lugar de seu Kadesh”. Os santos do Kadeshuth da Bíblia eram idênticos, no que diz respeito aos deveres de seu ofício, às donzelas Nautch dos pagodes hindus mais recentes. Os kadeshim hebraicos viviam no “no Templo do Senhor,onde as mulheres teciam véus para o bosquete”, ou busto de Vênus-Astartê, diz o sétimo verso do capítulo vinte e três do II Livro dos Reis.
            Ainda em II Reis cap. (17, vs. 29 a 33), observamos nitidamente aspectos da transição do politeísmo para o monoteísmo, no qual os israletias adoravam um panteão diversificado de deuses babilônicos conjuntamente com o “Senhor Jeová ”: “Apesar disso cada nação conservou seu próprio deus que colocou-os nos santuários nos lugares altos estabelecidos pelos samaritanos; cada povo colocou seus deuses  no lugar em que habitava. Os babilônios fizeram uma estátua de Socot-Benot, os de Cuta uma de Nergal, os de Emat uma de Asima, os de Ava uma de Neabaaz e uma de Tartac; os de Sefarvaim queimavam seus filhos em honra de Adramelec e Anamelec, seus deuses. Adoravam também ao Senhor, mas constituíram sacerdotes para os lugares altos, tirados dentre o povo, os quais oficiavam por eles nos santuários dos lugares altos. Desse modo, adoravam o Senhor, e ao mesmo tempo deuses, segundo o costume das nações donde tinham sido transportados.”
Ainda na Bíblia, especificamente  numa passagem em Daniel (cap.10, v.13), é exposto um tipo de pensamento, que reflete exatamente a idéia de politeísmo nos tempos antigos. Diz o trecho ressaltando que cada reino tem o seu anjo ou deus local, onde cada anjo vela sobre cada reino. Esses guardiões muitas das vezes necessitavam se enfrentar no mundo invisível,  para resolver as questões de natureza material e ideológica, que afligiam os seres humanos em seus mais variados anseios, fossem eles amorosos, políticos,  econômicos, sociais ou de guerra. Esta visão está diretamente ligada a concepção dos deuses, em outras culturas, como a da própria mitologia grega e egípcia, por exemplo. O mundo na antigüidade era politeísta, todos os povos da antigüidade veneravam os seus deuses, a idéia monoteísta passa existir no cenário religioso a partir do pacto de Abraão com Deus, na antiga Suméria, e  é  justamente a partir desse momento que a semente de um novo pensamento e entendimento, é percebido e desenvolvido pelos homens ao longo dos tempos. A transição é realizada muito lentamente em diversas partes do mundo antigo, os indivíduos  por sua vez, vão incorporando a idéia do Deus único lentamente. Entre esses dois extremos surgiu a Monolatria, que  é justamente uma crença intermediária ao politeísmo e o monoteísmo. Implica a adoração de um único Deus, sem negar a existência de outro(s). Como por exemplo, na religião germânica dentre muitos deuses, podia-se escolher entre Tor (deus da guerra) e Odin (princípio de todas as coisas), aquele que se tivesse maior confiança. Verificamos que esse estágio existe ainda hoje na Índia e de uma forma disfarçada entre os santos do catolicismo das religiões afro-brasileiras.



Thor

 A própria Bíblia que figura como a suposta detentora da palavra de Deus aos homens, narra fatos que denotam a adoração de deuses por parte desse povo, como citamos acima. Sabemos portanto que Deus o Supremo criador, se faz sempre presente aos homens, e é compreendido através de muitas formas, pensamentos e  atitudes, que estão fragmentados nas diversas religiões, criando um elo com a divindade, que sempre se estabelece segundo a compreensão de cada época, de cada costume, e de cada povo, bem como da elevação dos espíritos que encarnam em cada período do processo evolutivo do planeta. Alguns desses, Espíritos missionários descem a Terra, com o propósito e a missão de elevar o crescimento espiritual do homem, procurando através de seus mais elevados  pensamentos, traduzir a natureza divina, segundo o entendimento que cada época consegue suportar e abrigar. Zoroastro, Krisna, Buda, Confúcio, Lao-Tsé, Mêncio, Akenaton, Sócartes, Platão, Abraão, Moisés e Jesus o maior de todos, são apenas alguns exemplos dessa plêiade de abnegados espíritos que vieram a Terra com o firme propósito de elevar o nível espiritual do planeta, através do legado das suas nobres e sublimes lições. Deus nos criou a sua imagem e semelhança em espírito. E é em espírito e verdade é que devemos adorá-lo.

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