terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Espiritismo e Astrologia


O ESPIRITISMO E A ASTROLOGIA


O Espírito  Emmanuel  em  “O Consolador”, questão 140, indagado se os astros influenciam igualmente na vida do homem na Terra, reponde-nos quase de uma maneira ambígua:

 “o campo magnético e as conjunções dos planetas influenciam no complexo celular do homem físico, em sua formação orgânica e em seu nascimento na Terra

A resposta de Emmanuel retrata sem por menores, uma influência material no organismo, e não o livre arbítrio ou mesmo na personalidade humana, como apregoam os astrólogos. Mesmo essa influência no organismo é mínima e quase desprezível como bem colocamos acima. Sendo ele um Espírito, partidário da reencarnação, e profundo conhecedor das leis de causa e efeito, de forma alguma atrelaria o futuro psíquico do indivíduo na Terra, única e exclusivamente  ao momento do seu nascimento. Como um Espírito possuidor de grandes conhecimentos, não poderia omitir-se ao fato, de que mesmo sendo mínima esse tipo de influencia existe, como bem nos colocou o Espírito Arago, em “A Gênese”, afirmando categoricamente, ao mesmo tempo ressaltando que a suposta  influência dos corpos celestes e dos corpos de uma maneira geral não possuem o poder de modificar o nosso livre-arbítrio.


Cap. XVIII, Item 8, págs. 404 e 407 - ARAGO


Num mesmo sistema planetário, todos os corpos que o constituem reagem uns sobre os outros; todas as influências físicas são nele solidárias e nem um só há, dos defeitos que designais pelo nome de grandes perturbações, que não seja conseqüência da competente das influências de todo sistema Vou mais longe: digo que os sistemas planetários reagem uns sobre os outros, na razão da proximidade ou do afastamento resultantes do movimento de translação deles, através das miríades de sistemas que compõem a nossa nebulosa. Ainda vou mais longe: digo que a nossa nebulosa, que é um arquipélago na imensidade, tendo também, seu movimento de translação através das miríades de nebulosas, sofre a influência das de que ela se aproxima. De sorte que as nebulosas reagem sobre as nebulosas, os sistemas reagem sobre os sistemas, como os planetas reagem sobre os planetas, como os elementos de cada planeta reagem uns sobre os outros e assim sucessivamente   até  o  átomo.  Daí,  em  cada  mundo,  revoluções  locais  ou  gerais,  que  só  não  parecem perturbações porque a brevidade da vida não permite se lhes percebam mais do que efeitos parciais. A matéria orgânica não poderia escapar a essas influências; as perturbações que ela sofre podem, pois, alterar o estado físico dos seres vivos e determinar algumas dessas enfermidades que atacam o modo geral as plantas, os animais e os homens, enfermidades que, como todos os flagelos, são, para a inteligência humana, um estimulante que a impele,  por força da necessidade,  a procurar meios de os combater e a descobrir leis da Natureza. Mas a matéria orgânica, a seu turno, reage sobre o Espírito. Este, pelo seu contato e sua ligação íntima com os elementos materiais, também sofre influências que lhe modificam as disposições, sem no entanto, privá-lo do livre arbítrio, que lhe sobreexcitam ou atenuam a atividade e que pois, contribuem para o seu desenvolvimento. A efervescência que por vezes se manifesta em toda a população, entre os homens de uma mesma raça, não é coisa fortuita, nem resultado de um capricho; tem sua causa nas leis da Natureza. Essa efervescência, inconsciente a princípio, não passando de vago desejo, de aspiração indefinida por alguma coisa melhor, de certa necessidade de mudança, traduz-se por uma surda agitação, depois por atos que levam às revoluções sociais, que, acreditai-o, também têm sua periodicidade, como as revoluções físicas, pois tudo se encadeia. Se não tivésseis a visão espiritual limitada pelo véu do mundo espiritual às do mundo material.    Quando se vos diz que a Humanidade chegou a um período de transformação e que a Terra tem de se elevar na hierarquia dos mundos, nada de místico vejais nessas palavras; vede, ao contrário, a execução de uma das grandes leis fatais do Universo, contra as quais de quebra a má-vontade humana.”




A partir das explicações do Espírito Arago, observamos que as pessoas que vivem em países de clima tropical subordinadas no seu quotidiano  a conviver com intenso calor,  teriam uma maior propensão a irritabilidade do que os indivíduos que vivem em países de clima ameno. Como também sobre outro enfoque os esquimós pela própria natureza estão condicionados a viver sob um frio intenso e descomunal que os obrigam a suportar afim de  garantir-lhes  a sobrevivência, além dos diversos problemas psíquicos e orgânicos a superar ocasionados por esses fatores. Paralelo a isso, somos sabedores que natureza dispõe de inúmeros mecanismos para remediar esses possíveis problemas orgânicos ocasionados por essas diferenças climáticas a que o homem na Terra esta subordinado. Observamos que ao longo dos tempos a própria natureza através de um sistema engenhoso promove a adaptação dos organismos ao meio em que vivem, corrigindo assim pela própria necessidade de sobrevivência dos seres, a vida de modo geral no planeta. 








Portanto essas intempéries que hora acometem o homem dos trópicos, assim como  o esquimó dos pólos, nesse nosso exemplo comparativo, não interferem diretamente no comportamento moral, apenas criam um desconforto orgânico passível de ser remediado pela própria inteligência do homem por ocasião dessas vicissitudes climáticas. Desta forma e sob este aspecto o meio através dos elementos interfere no homem, dando-o sempre a partir das próprias dificuldades as devidas oportunidades para a sua própria  evolução. Seguindo os nossos estudos, encontramos no “Livro dos Espíritos”, Parte 3º, Cap. X, Questão 867, mais uma referência com relação a Astrologia. Indagados os Espíritos sobre a antiga expressão: ”Nascer sob uma boa estrela”, os colaboradores espirituais responderam a Kardec o seguinte:

 ”Antiga superstição, que pretendia às estrelas os destinos dos homens. Alegoria que algumas pessoas fazem tolice de tomar ao pé da letra.”


ALLAN KARDEC E A ASTROLOGIA


            Allan Kardec, o insigne codificador do Espiritismo em  “O Céu e o Inferno” , 1º Parte, cap. XI, pág. 158 relata: “Uma vez porém que os espíritas não interrogam os astros”. Em  “A  Gênese”, contesta da mesma forma, a astrologia, dando-nos explicações bem razoáveis, que serão para nós; penso eu, muito proveitosas, as quais destacamos: 

 A  Gênese, Cap. I, Item 19, pág. 23 - KARDEC


A Astrologia se apoiava na posição e no movimento dos astros, que ela estudara; mas, na ignorância das verdadeiras leis que o regem o mecanismo do Universo, os astros eram, para o vulgo, seres misteriosos, aos quais a superstição atribuía uma influência moral e um sentido revelador. Quando Galileu, Newton e Kepler  torraram  conhecidas essas leis,  quando  o  telescópio rasgou  o véu e mergulhou nas profundezas do espaço um olhar que algumas criaturas acharam indiscreto, os planetas apareceram como simples mundos semelhantes ao nosso e todo o castelo do maravilhoso desmoronou.”

 A Gênese, Cap. V, Item 12, págs. 100 e 101 - KARDEC


“As estrelas deixaram de estar confinadas numa zona da esfera celeste, para estarem irregularmente disseminadas pelo espaço sem limites, encontrando-se a distâncias incomensuráveis umas das outras as que parecem tocar-se, sendo as aparentemente menores as mais afastadas de nós e as maiores as que estão mais perto, porém, ainda sim, a centenas de bilhões de léguas .Os grupos que tomaram o nome de constelações mais não são do que agregados aparentes, causados pela distância: suas figuras não passam de efeitos de perspectiva, como as luzes espalhadas por uma vasta planície, ou as árvores de uma floresta formam, aos olhos de quem as observa colocado num ponto fixo. Na realidade, porém, tais agrupamentos não existem. Se nós pudéssemos transportar para a reunião de uma dessas constelações à medida que nos aproximássemos dela, a sua forma se desmancharia e novos grupos se nos desconheceriam à vista.         Ora, não existindo esses agrupamentos senão na aparência, é ilusória a significação que uma supersticiosa crença vulgar lhe atribui e somente na imaginação pode existir. Para distinguirem as constelações, deram-se-lhes nomes como estes: Leão, Touro, Gêmeos, Virgem, Balança, Capricórnio, Câncer, Orion, Hércules, Grande Ursa ou Carro de David, Pequena Ursa, Lira, etc .,e, para nomes lembram, fantasiosas em sua maioria e, em nenhum caso, guardando qualquer relação com os grupos de estrelas assim chamados. Fora,  pois inútil procurar no céu tais formas. A crença na influência das constelações, sobretudo das que constituem os doze signos do zodíaco, proveio da idéia ligada as nomes que elas trazem. Se à que se chama leão fosse dada o nome de asno ou de ovelha, certamente lhe teriam atribuído outra influência.”

A Gênese, Cap. IX, pág.182 - KARDEC


A precessão dos equinócios ocasiona outra mudança:  a que se opera na posição dos signos do zodíaco. Girando a Terra ao derredor do Sol em um ano, à medida que ela avança, o Sol, cada mês, se encontra  diante  de  uma  constelação. Estas  são  em  número  de  doze, a  saber: o  Carneiro, o Touro, os Gêmeos, o Câncer, o Leão, a Virgem, a Balança, o Escorpião, o Sagitário, o Capricórnio, o Aquário, os Peixes. São chamadas constelações do zodiacais, ou signos do zodíaco, e formam um círculo no plano do equador terrestre.  Conforme o mês do nascimento de um indivíduo dizia-se que ele nascera sob tal ou tal signo; daí os prognósticos  da  Astrologia. Mas,  em  virtude  da  precessão  dos equinócios,  acontece que os meses já não correspondem às mesmas constelações. Um que nasça no mês de julho já não está no signo do Leão,  porém no do Câncer. Cai assim a idéia supersticiosa da influência dos signos.”


Devido a precessão dos equinócios, e a movimentação dos signos no zodíaco, cerca de 2.000 anos após Ptolomeu ter idealizado o zodíaco, a correspondência seria a seguinte:

SIGNOS ANTIGOS
SIGNOS ATUAIS
ÁRIES
PEIXES
TOURO
ÁRIES
GÊMEOS
TOURO
CÂNCER
GÊMEOS
LEÃO
CÂNCER
VIRGEM
LEÃO
LIBRA
VIRGEM
ESCORPIÃO
LIBRA
SAGITÁRIO
ESCORPIÃO
CAPRICÓRNIO
SAGITÁRIO
AQUÁRIO
CAPRICÓRNIO
PEIXES
AQUÁRIO


                        Terminaremos esse capítulo com o ponto de vista do grande astrônomo Camille Flammarion a respeito da Astrologia.

Camille Flammarion , A Morte e seus Mistérios, Vol.I, Pág. 312




“Poderíamos, nesta exposição de observações à vista do futuro, falar das premonições, das previsões, das predições calculadas pela Astrologia, por mais inexplicáveis que igualmente sejam. Que o nosso destino possa ser lido nos astros, eis o que parece inadmissível, e absolutamente ilógico para a nossa inteligência, depois que a aparência geocêntrica foi dada como falsa pela Astronomia moderna.”  

2 comentários:

  1. Há uma vontade forte no texto em comprovar que a astrologia não tem base sólida. Tenho ao máximo não julgar o texto, assim como gostaria que não julgasse a este comentário. A astrologia é debatida com argumentos que são falhos na ótica de um conhecimento médio de astrologia e de espiritismo. Obviamente não seria esperado uma vontade em aprofundar o conhecimento em uma área que é considerada superstição. Mas vale o alerta: as respostas dos espíritos são perfeitas na ótica das astrologia, no entanto as interpretações destas repostas são falhas e tendenciosas. Entre algumas questões básicas da astrologia estão o livre arbítrio, a influência e não o determinismo, a evolução dos seres e das coisas e as leis do universo. Os erros mais gritantes são: (1) a inversão da ordem - não é o momento de nascimento que determina a personalidade e o grau evolutivo, ao contrário o grau evolutivo e a peronalidade existentes que determinam o momento do nascimento pela vibração energética. (2)As constalações não determinão os signos, os signos são divisões de um ciclo, os nomes são apenas símbolos que remetem a mitologia para descrever semelhanças características. A base da astrologia está exatamente na resposta de Emmanuel, que foi mal interpretada. As leis que regem o universo não são os astros propriamente ditos, mas existem os ciclos e as influências. A precessão dos equinócios faz parte do ciclo da galáxia e não muda os signos determinados pelos ciclos do sol e da terra. De uma forma mais simples, segue um desafio intrigante: faça um mapa astral com um astrólogo conceituado (tem que ser um bom astrólogo). Garanto que não é caro. Garanto também que vai se surpreendar com o resultado.

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