A INFLUÊNCIA DOS POVOS DA ANTIGA MESOPOTÂMIA NO CRISTIANISMO
A Mesopotâmia,
região dos rios Tigre e Eufrates, abrigou as mais antigas e tradicionais
civilizações do mundo a que se tem notícia, como a Suméria, Caldéia, Assíria e
por último a Babilônia, cujas tradições foram difundidas para o resto do mundo.
Já naquela época a Mesopotâmia, detinha
na visão do sobrenatural, como fusão de várias crenças acádias e sumérias,
resultando num dos primeiros sincretismos religiosos a que se tem notícia. Na
realidade esse fenômeno ocorre em todas as culturas politeístas no passado como
nas monoteístas do presente, sendo que muitas dessas antigas concepções deram
início as tradições, judaicas, cristãs e muçulmanas, que encontram as suas mais
profundas raízes nas civilizações que se desenvolveram nos vales intrecortados
pelos rios do crescente fértil, região esta, hoje situada entre o Iraque e
países do Golfo Árabe. Nessa terra, os deuses eram consultados constantemente
por mágicos, xamâs e feiticeiros, com a finalidade de resolver inúmeros problemas políticos,
pessoais, bem como os de caráter familiar. O grande historiador Herótodo,
visitou a Babilônia, por volta de 460
a . C. relatando
que no templo dedicado ao deus Marduk,
existia um quarto, quase que vazio, possuindo apenas uma cama larga e
uma mesa, sendo ambas douradas, escrevendo: “Os Caldeus afirmam – mas eu não acredito – que o próprio deus é
convidado a visitar o santuário e descansa então em cima da cama...”
Herótodo visita a Babilônia
Esse santuário babilônico, apesar de bem anterior , muito se assemelha com a “tenda” de Moisés(Êxodo cap. 26) e o “santuário” erigido pelo rei Salomão (I Reis cap. 6). O relato de Herótodo, nos demonstra claramente a importância que era atribuída aos deuses e a religião de uma maneira geral, nesse império, muito embora a Bíblia refira-se a essa civilização como a terra das grandes abominações impregnada de luxúria e decadência moral. A Babilônia naqueles tempos era uma cidade bastante cosmopolita, ou seja, recebia forte influência de diversas partes do mundo antigo, e por esse fato, era um polo concentrador e divulgador de cultura e conhecimento, permitindo-se naturalmente tanto sofrer como influenciar diretamente outros povos e outras culturas. Em um de seus comentários sobre a Babilônia, Herótodo revela; “Ultrapassa em esplendor qualquer outra cidade do mundo conhecida”.
Foi desta forma, que os escribas hebreus, nos tempos de exílio foram naturalmente e mais diretamente contagiados pelas “lendas”, “mitos” e “crenças” que se fundiram ou foram adaptadas a sua história. É neste cenário, que encontramos muitos mitos que originaram certamente tantas outras narrativas na antigüidade. Em razão disso, verificamos alguns pontos de contato entre os mitos babilônicos e a Bíblia Hebraica, como a estória da criação da humanidade descrita na Gênese. A bem da verdade, verificamos que alguns elementos das narrativas quando comparadas, encontram-se em oposição, mas as correspondências mesmo antagônicas indicam para pontos em comum, que podem ter sido naturalmente modificados para darem um idéia de autenticidade as histórias. Observamos que muitos dos “Mito Sumérios”, encontram-se registrados em tábuas de argila, datadas aproximadamente de 3.000 anos de Cristo, encontradas por arqueólogos, que afirmam que a sua inscrição compreende ao período da Terceira Dinastia de Ur, que a propósito era a terra natal do patriarca bíblico Abrão(Gênesis,cap.12,v.21), filiado a uma ordem religiosa existente na Caldéia, a qual Melchisedec era um dos seus últimos sacerdotes(Gênesis, cap.14, v.18).
A própria Bíblia, expõe claramente esses pontos de contato, no Livro de Gênesis, especificamente na genealogia de Adão, relatando-nos que Cam um dos filhos de Noé, gerou Cus, e este gerou Nemrod, que foi o primeiro homem poderoso da Terra e o fundador da grande cidade assíria de Nínive.
Nimrod, fundador de Nínive
Em virtude desses relatos que a própria Bíblia nos apresenta, verificamos que estas histórias foram repassadas oralmente, aliás, como determinava a tradição naqueles tempos, pois seus fundadores eram comprovadamente cidadãos das civilizações da mesopotâmia, como a própria Bíblia nos atesta. Observamos então na Gênese suméria-babilônica, que o nascimento de deusas que vêm ao mundo, dão a luz sem sofrimento, é notadamente uma antítese da história de Eva, que após comer do fruto proibido iria conceber com dor. A gula de Enki, considerado deus da sabedoria, que veio habitar a Terra, segundo o mito sumério-babilônico, que ao comer as oito plantas sagradas que deram origem ao mundo vegetal, desobedecendo assim seu criador, ilustra perfeitamente a inspiração para o motivo do fruto proibido, comido por Eva e Adão, nesse caso a maçã. Da mesma forma que Adão, Enki torna-se mortal e é expulso do paraíso que aliás chamava-se Jardim de Ednnu, e a mesma idéia do Sabbat judaico pode ser encontrada no dia do repouso sumeriano, o Sabattu.
Herótodo visita a Babilônia
Esse santuário babilônico, apesar de bem anterior , muito se assemelha com a “tenda” de Moisés(Êxodo cap. 26) e o “santuário” erigido pelo rei Salomão (I Reis cap. 6). O relato de Herótodo, nos demonstra claramente a importância que era atribuída aos deuses e a religião de uma maneira geral, nesse império, muito embora a Bíblia refira-se a essa civilização como a terra das grandes abominações impregnada de luxúria e decadência moral. A Babilônia naqueles tempos era uma cidade bastante cosmopolita, ou seja, recebia forte influência de diversas partes do mundo antigo, e por esse fato, era um polo concentrador e divulgador de cultura e conhecimento, permitindo-se naturalmente tanto sofrer como influenciar diretamente outros povos e outras culturas. Em um de seus comentários sobre a Babilônia, Herótodo revela; “Ultrapassa em esplendor qualquer outra cidade do mundo conhecida”.
Foi desta forma, que os escribas hebreus, nos tempos de exílio foram naturalmente e mais diretamente contagiados pelas “lendas”, “mitos” e “crenças” que se fundiram ou foram adaptadas a sua história. É neste cenário, que encontramos muitos mitos que originaram certamente tantas outras narrativas na antigüidade. Em razão disso, verificamos alguns pontos de contato entre os mitos babilônicos e a Bíblia Hebraica, como a estória da criação da humanidade descrita na Gênese. A bem da verdade, verificamos que alguns elementos das narrativas quando comparadas, encontram-se em oposição, mas as correspondências mesmo antagônicas indicam para pontos em comum, que podem ter sido naturalmente modificados para darem um idéia de autenticidade as histórias. Observamos que muitos dos “Mito Sumérios”, encontram-se registrados em tábuas de argila, datadas aproximadamente de 3.000 anos de Cristo, encontradas por arqueólogos, que afirmam que a sua inscrição compreende ao período da Terceira Dinastia de Ur, que a propósito era a terra natal do patriarca bíblico Abrão(Gênesis,cap.12,v.21), filiado a uma ordem religiosa existente na Caldéia, a qual Melchisedec era um dos seus últimos sacerdotes(Gênesis, cap.14, v.18).
Cidade de Ur na Caldéia
A própria Bíblia, expõe claramente esses pontos de contato, no Livro de Gênesis, especificamente na genealogia de Adão, relatando-nos que Cam um dos filhos de Noé, gerou Cus, e este gerou Nemrod, que foi o primeiro homem poderoso da Terra e o fundador da grande cidade assíria de Nínive.
Nimrod, fundador de Nínive
Nínive
Em virtude desses relatos que a própria Bíblia nos apresenta, verificamos que estas histórias foram repassadas oralmente, aliás, como determinava a tradição naqueles tempos, pois seus fundadores eram comprovadamente cidadãos das civilizações da mesopotâmia, como a própria Bíblia nos atesta. Observamos então na Gênese suméria-babilônica, que o nascimento de deusas que vêm ao mundo, dão a luz sem sofrimento, é notadamente uma antítese da história de Eva, que após comer do fruto proibido iria conceber com dor. A gula de Enki, considerado deus da sabedoria, que veio habitar a Terra, segundo o mito sumério-babilônico, que ao comer as oito plantas sagradas que deram origem ao mundo vegetal, desobedecendo assim seu criador, ilustra perfeitamente a inspiração para o motivo do fruto proibido, comido por Eva e Adão, nesse caso a maçã. Da mesma forma que Adão, Enki torna-se mortal e é expulso do paraíso que aliás chamava-se Jardim de Ednnu, e a mesma idéia do Sabbat judaico pode ser encontrada no dia do repouso sumeriano, o Sabattu.
A idéia dos deuses que habitavam a Terra, por
parte dos sumérios-babilônicos, naqueles tempos encontram ressonância e
similaridade com a passagem bíblica descrita em Gênese,cap.6,vs.2 e 4, que
narra uma suposta união dos filhos de Deus, entendida por muitos como deuses ou
anjos ou mesmo extraterrestres, com as filhas dos homens gerando filhos que
seriam os grandes heróis da antigüidade. Encontramos também correspondências
com a Bíblia quanto a criação do primeiro ser, conta a Gênese
suméria-babilônica, que a deusa Aruru,
modelou na argila, figuras femininas, semelhantes a ela própria, tal
qual encontramos em Gênesis, cap.2, vs.7, aonde Deus formou o homem do barro da
terra a sua imagem e semelhança. Com a diferença que para a história suméria-babilônica, menos
maxista, a mulher foi criada primeiro
que o homem.
Temos
ainda a incrível narrativa do dilúvio universal ocorrido pelo menos a dois mil
anos antes do dilúvio hebreu. Conta-nos que os humanos ainda não tendo uma
origem divina, não se comportavam em conseqüência disso, como deviam e
incomodavam sobremaneira os deuses. Estes decidiram inundar a Terra, para que
assim, perecesse a raça humana. Mas a deidade que governava sobre as águas,
apiedou-se dos humanos, e assim escolheu entre eles o mais inteligente e preparado
dos habitantes da terra, para levar a termo o seu plano de salvação de todas as
criaturas viventes. O escolhido fora Gilgamesh, ordenou-lhe a divindade então, que construísse uma embarcação de
dimensões bem avantajadas para que nela introduzisse além de sua família e seus
utensílios, animais domésticos e selvagens, assim como um exemplar de cada
espécie de ave. Uma vez atendida todas as solicitações, começou um imenso
temporal que durou seis dias e seis noites e a água cobriu toda a terra, e toda
a espécie humana e vivente ficou convertida num imenso lodo. Mas ao amanhecer
do sétimo dia, a calma voltou, como por encanto a reinar sobre a Terra. A barca
encalhou no cimo do monte Nissir, este não tinha sido coberto pelas águas e da
barca saiu uma pomba e uma andorinha, mas depois de algum tempo retornaram,
porque não tinham encontrado um lugar para repousar. Passado um tempo, saiu da
barca um corvo e não regressando entendeu Gilgamesh o Noé sumeriano, que podia
então abrir a arca, e todas as criaturas desceram e assim repovoaram a Terra.
Na
Bíblia encontramos o mesmo motivo que foi a corrupção da humanidade, Noé o
escolhido que recebe instruções diretas para a construção da arca, desta feita
podendo levar sua família, compreendida de sua mulher, de seus filhos
acompanhados de suas esposas, que o ajudam na construção da arca e da captura
do casal de cada espécie de animal vivente, inclusive aves e repteis. Choveu
torrencialmente por toda a Terra por quarenta dias e quarenta noites,
estudiosos acreditam que esse tempo é uma alusão ao tempo que os judeus
estiveram no deserto. Com o término do dilúvio, a arca atraca no monte Ararat.
Noé então, deixa sair um corvo e uma pomba, as aves porém não encontrando terra
para pousar retornaram a arca, Noé
espera mais sete dias, e solta de novo uma pomba, e desta feita retorna
trazendo no bico uma folha verde de oliveira. Assim, Noé compreendeu que as
águas tinham baixado sobre a terra. Uma vez aberta a arca a Terra foi novamente
repovoada. Pelos diferentes relatos verifica-se que todos os povos do Oriente
conheciam o fato e se referiam a um dilúvio ocorrido nessa vasta região e em
alguns desses relatos as semelhanças
são flagrantes e nos
dão a
entender que, ou o conhecimento se originou de uma mesma fonte
informativa, de um enorme cataclismo que
atingiu toda essa região e deixando na consciência coletiva dos
diferentes povos que a habitavam a recordação histórica, para logo transformada
em tradição religiosa ou em
mito. Por outro lado, tudo, explica-se, admitindo-se que a
existência do homem é anterior à época em que vulgarmente se pretende que ela
começou; que diversas são as origens; que Adão, vivendo há seis mil anos, tenha
povoado uma região ainda, desabitada; que o dilúvio de Noé foi uma catástrofe
parcial e não total, confundida com o cataclismo geológico; e atendendo-se
finalmente, na forma alegórica peculiar ao estilo oriental, forma que se nos
depara nos livros sagrados de todos os povos. Segundo Allan Kardec, em A Gênese , cap. IX, pág.
179, escreve: “O dilúvio bíblico, também
conhecido pela denominação de ‘grande dilúvio asiático’ é fato cuja realidade
não se pode contestar. Deve tê-lo ocasionado o levantamento de uma parte das
montanhas daquela região, como o México.
Corrobora esta opinião a existência de um mar interior, que ia outrora do mar
Negro ao oceano Boreal, comprovada pelas observações geológicas.” Essas
narrativas correspondem, a luz da ciência a um fenômeno natural conhecido
academicamente em tese proposta por dois oceanógrafos da Universidade de
Colúmbia, em Nova Jork (EUA)
Willian Ryan e Walter Pitman, como o “Colapso do Portal de Bosporus”, que na
realidade veio a ser o rompimento de uma barreira rochosa natural, precipitando
assim as águas represadas do oceano Mediterrâneo, num grande vale verdejante,
hoje conhecido por Mar Morto. Submerso nas águas desse oceano recentemente
formado, os arqueólogos encontraram vários artefatos comprovando que no passado de fato existiu naquele local, uma civilização agro pastoril, coincidindo a
data de sua existência com o dilúvio narrado pelos antigos povos da
Mesopotâmia, ou seja 7.500 anos.
Em nossas pesquisas encontramos aspectos bem
similares com a narrativa bíblica sobre o nascimento de Moisés, com a história
do rei Sargão I, que veio a ser o primeiro imperador semita dessa região que
temos conhecimento. Diz a história, que o rei Sargão nascera de mãe humilde das
regiões do alto Tigre após o seu nascimento sua mãe o teria colocado num cesto de juncos, impermeabilizado
por piche, e o confiou às águas do famoso rio. Ele flutuou rio abaixo e foi
tirado das águas por um jardineiro das propriedades reais. A deusa se lhe
afeiçoou e assim ele foi enobrecido, chegando finalmente a tornar-se rei. Isto aconteceu cerca de 2.000 mil anos
antes da história que a Bíblia(Êxodo, cap.2) relata sobre Moisés que é para nós
muito conhecida, quase idêntica, só que a história bíblica foi escrita centenas
de anos depois como atestam os arqueólogos. Por outro lado também podemos
observar uma legenda idêntica no Mahabharata, da Índia, escrita muito
anteriormente a existência de Sargão I e portanto de Moisés. Narra o
Mahabharata, que uma cesta seguiu o curso do Ganges e aportou na cidade de
Champa, no território de Suta. Um casal sem filho que por ali passava, vendo a cesta
a recolheu, tirando dela um lindo menino, belo como o sol, revestido de uma
armadura de ouro, com as orelhas ornadas de ricos brincos e o criaram. O rapaz,
ao qual deram o nome de Kama, tornou-se um poderoso Chefe. Diversos modelos bíblicos
sustentam suas raízes mais profundas nas culturas que se desenvolveram na
antiga mesopotâmia. O dragão mecânico de bronze babilônico (Daniel, cap.14, vs.
22 e 23), chamado de Sirro, foi posteriormente representado como uma deidade
maléfica. A narrativa bíblica, forneceu subsídios para a formação de um mito,
gerando séculos mais tarde, mais um ingrediente, que adicionado a tantas outras
interpretações errôneas, resultou na estruturação da figura do mal, como hoje
conhecemos. Em Isaías cap. 27, v.1, esse mesmo dragão toma vida e reaparece
como o Leviatã, monstro marinho, serpente veloz e sinuosa, conhecida em todo o
mundo fenício como dragão dos mares, sendo
imediatamente associado pelos doutores da Igreja Católica, como uma personificação
da mesma serpente maliciosa que em Gênesis, havia tentado Eva no paraíso. No
começo da idade média, esse mesmo dragão que Daniel havia destruído, funde-se
com o Leviatã citado pelo profeta Isaías, e com o dragão derrubado por São
Miguel, reaparecendo no contexto terreno segundo os preceitos da teologia
católica, duelando com um valente cavaleiro mítico, montado num maravilhoso
cavalo branco equipado por uma armadura de aço reluzente, quase divina, chamado (São) Jorge, que na realidade foi um
príncipe cristão de uma antiga região da Ásia menor denominada Capadócia,
martirizado no tempo do imperador Diocleciano(245-313), em 303. A imagem de um
cavaleiro medieval foi a caracterização mais oportuna e adequada que a igreja
encontrou naquele período para identificar e
personificar a figura do bem sobrepujando as forças do mal e das trevas,
além de substituir o culto do deus Mithra entre os romanos. O fato dos dragões
cuspirem fogo, e viverem em cavernas, segundo as crenças ocidentais do passado,
reforçava a idéia que eles eram oriundos do subterrâneo, local onde na
antigüidade acreditava-se estar situado o Inferno, daí a relação da figura
antagônica ao bem com o fogo. Foi a partir desses símbolos, oriundos da
imaginação dos antigos Babilônicos e
Fenícios é que mais tarde se desenvolveram as imagens que iriam eclodir o
conceito de um “Ser Maligno”,
provocador da desordem e do caos. A respeito do conceito de morte e ressurreição, os teólogos judeus da
época buscaram inspiração nos cultos aos deuses dos Babilônicos, Bel,
personificava a deusa da terra, Marduk,
o deus supremo e Tammuz, o deus da
primavera. Segundo as crenças babilônicas essas deidades morriam e ressuscitavam incessantemente
através do Sol, o qual nessa civilização ocupava uma função e papel
preponderante e relacionava-se diretamente com os três deuses supracitados:
Bel, Marduk e Tammuz. Esta representação originou-se a partir do momento em que
os babilônicos começaram a associar seus deuses aos astros, e desta forma, o
equinócio de outono, que acontecia devido a inclinação média e natural do curso
do Sol, a terra entrava no inverno, ou
seja, nas trevas, segundo as antigas concepções, e as divindades, que por sua
vez, estivessem atreladas a esse mecanismo “morriam”,
para renascerem novamente na primavera dando nova vida ao mundo. O profeta
Ezequiel atesta essa crença no (cap. 8, v.14), do seu livro, nos descrevendo
que as mulheres de Jerusalém ficavam sentadas as portas setentrionais da
cidade, chorando a morte de Tammuz, e o profeta Zacarias nos lembra outra cena idêntica, atestando dessa forma o culto
desses deuses. Esse pensamento alegórico, gerou deduções errôneas sobre a
ressurreição, que perduram até os dias de hoje, apesar das advertências de
Paulo de Tarso, principalmente em sua carta aos Coríntios, enfatizando que após
a morte o que ressuscita é o corpo espiritual. O apóstolo dos gentios,
obviamente conhecia pela sua formação cultural e cosmopolita, os fundamentos
das crenças na ressurreição nos tempos antigos, especialmente entre os
babilônicos, os quais caracterizavam os
astros como deidades. O próprio Egito, terra dos deuses nos apresenta conto
similar sobre a ressurreição com mito de Set e Osíris. A tradição judaica de
soltar um preso na páscoa nos tempos de Jesus, tem suas raízes na Babilônia, na
qual o deus Marduk era consagrado na festa de ano-novo, colocando-se um
criminoso em liberdade, enquanto Marduk, ou seja, um homem que o representava ,
era martirizado e morto, no posto do criminoso verdadeiro. Desta forma, a
tradição judaica da Páscoa, (diga-se de passagem, uma cópia fiel de parte dos
ritos de ano-novo da Babilônia), de se libertar um criminoso anteposto ao
Cristo no julgamento conduzido por Pilatos conforme narram os evangelhos, é um indício proeminente dessa absorção
cultural. Encontramos em Mateus no (cap.27, vs. 16 e seg.), que descreve o nome do criminoso como
Barrabás, mais existe uma variante do mesmo Evangelho segundo depoimentos do
chamado Pai da Igreja Primitiva, Orígenes
de Alexandria, que apresenta o nome do criminoso como Jesus-Barabas, que significa
“filho do pai” ou “filho do pai Iavé”. Para os povos
semitas, “Filho do Pai”, era uma
forma genérica para designar os homens oferecidos em sacrifício expiatório,
pelos próprios pais, ao deus supremo. Desta forma, a própria versão do nome
Barrabás, como Jesus-Barabas, apresenta-nos ingredientes míticos que
possivelmente associam-se aos mitos babilônicos e a expiação de Marduk. A própria árvore
de natal, um símbolo de consagração, é um mito referente a adoração da deusa
fenícia da vegetação, que era representada
por um tronco ou uma árvore segundo Deuteronômio (cap.16 v.22; Jeremias cap.40
vs 2-6, Isaías cap.44 vs 14-17, Oseás cap.4 v13 ). Sabe-se que os babilônicos
consagravam uma árvore aos pés dos deuses e levavam para casa como aprovação
dos mesmos; era símbolo do deus dentro de casa, porque não era permitido fazer
a réplica da imagem. Sabe-se que a árvore sagrada(macieira) encontrada no
centro do paraíso bíblico em Gênesis, figurando como a “Árvore do Conhecimento”, é
um símbolo de conhecimento iniciático, encontrado em todas as tradições
ancestrais. A árvore Bodhi, representada por uma figueira, na qual Buda depois
de quarenta e nove dias em meditação recebeu a iluminação é um exemplo dessa
conecção com a natureza cósmica. Assim como a árvore nórdica denominada
Yggdrasil, representava o deus Odin. servia de abrigo para as reuniões e
concílios e seus galhos ultrapassavam os limites dos céus.
A cultura da antiga
mesopotâmia provavelmente, foi inicialmente levada pelo patriarca Abraão como
já citamos acima, e reforçada pelo exílio hebreu na Babilônia. Esta hipótese
encontra alicerce em uma contradição verificada em Gênese (cap.10,v.10), aonde
observamos que Nemrod bisneto de Noé, poderia ter vivido e se instalado na
Babilônia, mais indagamos como esse fato teria acontecido, se simplesmente a
Babilônia por essa época, ainda não
existia. Daí surge a suposição por nossa parte da estrutura da Bíblia ter sido
modificada nos tempos do exílio, pois os babilônios eram muito liberais
permitindo que os hebreus cultuassem o seu Deus ,praticassem os seus rituais e
escrevessem seus textos sagrados. Em uma terra aonde os deuses imperavam, que
mal havia de fazer o “Deus” hebreu,
pensavam os babilônicos. Outro aspecto importante a ser abordado é que a
Babilônia, era uma cidade cosmopolita, as pessoas que lá viviam tinham grandes
conhecimentos, e poderiam ter muito bem influenciado os escribas hebreus em
muitos pontos. No romance histórico Semíramis, de Camilo Chaves, editora Lake,
páginas 286 e 287, encontramos uma colocação
bem pertinente sobre este aspecto:“Tornara-se
pois, a Babilônia uma grande colmeia humana, com seus dez milhões de
habitantes, acrescido de inúmeros
forasteiros, atraídos pelas notícias dos acontecimentos inaugurais, nas
suas praças e jardins, fervilhava gente de todos os países, em festiva algazarra, lembrando o abstruso
linguagem dos tempos bíblicos da confusão de línguas.”
A própria torre de Babel, só poderia ser um
zigurate,( torres piramidais utilizadas como templos), de origem Suméria,
Assíria e Babilônica, uma vez que o povo hebreu não tinha conhecimento nem
tecnologia para efetuar construção de tamanho vulto. Sendo assim, encontramos
na raízes da Antiga Mesopotâmia, os fundamentos que originaram a base para as
três principais religiões monoteítas que
hoje conhecemos: O Judaísmo, Catolicismo e o Islamismo.
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