terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Jesus e o Cristianismo Primitivo


JESUS E O CRISTIANISMO PRIMITIVO


O Cristianismo nasce no cenário mundial efetivamente a partir do nascimento de Jesus e de sua doutrina de amor que é a pura essência da vida, mas que ao longo dos tempos foi deturpada para atender a interesses da conveniência arbitrária e estacionária, surgindo nesse mesmo momento da história inúmeras controvérsias a respeito de sua vida e da sua missão no planeta. 



O nascimento de Jesus não foi descrito somente pelos profetas de Israel, mas como sacerdotes, sacerdotisas  e  sibilas  do Egito, da Pérsia, da Grécia, da Babilônia, dentre outros. Nasce Jesus de parto normal, atendendo os preceitos das leis naturais, não de uma virgem, mas de uma jovem mulher denominada Maria, tendo como pai José. As questões que envolvem o nascimento virginal de Jesus, foram um dos pontos que desencadearam no decorrer dos tempos a deturpação da sua doutrina. Das interpretações mitológicas do passado, que ainda hoje vigoram, Jesus nasce milagrosamente de uma virgem assim como Krisna, Buda, Zoroastro, e tantos outros avataves do passado longínquo a que temos notícia  também nasceram de igual forma. O Espírito Ramatis em uma elucidação esplendorosa, indagado sobre o nascimento do Mestre Galileu, assim se pronuncia em “Mensagens do Astral”, págs. 371 e seg.: ”Jesus como o primeiro filho que se gerou em Maria, nasceu realmente de uma virgem, pois virgem era sua genitora, quando retirada do templo de Jerusalém para a primeira núpcia. Cumpria-se a profecia e se identificava o principal sinal, que seria o nascimento de uma criança, filha de uma virgem, ou seja, o primeiro filho nascido da primeira concepção conjugal. Maria na realidade era um “espírito santo”, ou seja, um anjo decaído dos céus na forma de mulher, para servir de matriz carnal e santificada pelo espírito, isenta de provas redentoras e em missão junto ao sublime  Jesus.” Corroborando a tese espiritualista, foi encontrada em Jerusalém uma urna funerária de pedra de 2.000 anos com a inscrição em aramaico:”Ya´acov bar Yosef akhui di Yeshua”, que significa: “Tiago, filho de José, irmão de Jesus”. Segundo o historiador Flávio Josefo, Tiago foi executado por apedrejamento no ano de 63. A urna muito provavelmente familiar, é a mais antiga referência a Cristo num objeto, e segundo pesquisadores teria sido confeccionada não só para guardar os ossos de Tiago mais também de alguns parentes próximos. Essa prática de transferir os ossos dos mortos para pequenas caixas de 50 cm, conhecidas como ossários comum entre os judeus do primeiro século, foi abandonada logo após a destruição do Templo de Jerusalém. Essa informação pressupõe que realmente Maria teve outros filhos com José,  e cai por terra a afirmação da Igreja, de que Jesus não tinham irmãos, esse achado coloca também em cheque a concepção virginal de Maria.  Sobre o mês de nascimento do Cristo, tudo nos leva a crer que Jesus nasceu em um mês que não correspondia ao inverno, pois quem conhece o clima de Israel, sabe muito bem que em Dezembro é inverno naquela região, e é praticamente impossível ficar exposto ao tempo nesse período. Sabe-se que devido a um erro de cálculo no calendário, cometido no século VI d.C. pelo monge Dionísio, o Pequeno, sabe-se que Jesus nasceu entre 8 e 6 a .C., pois o recenseamento comentado por Lucas somente ocorreu nesse período. O Evangelista Lucas cap. 2, v.8, diz que os pastores estavam no campo quando do nascimento de Jesus. É perfeitamente lógico entender que os pastores não ficariam no campo numa noite de inverno. Além do mais, não existem pastagens sendo inseguro e desconfortante para o rebanho.
            Aliado ao nascimento virginal, que já é uma deturpação, Jesus não teria encarnado em um corpo carnal, era um ser espiritual que tinha vindo em missão, mas por motivo de elevação espiritual não poderia encarnar em uma freqüência tão baixa quanto a nossa densa matéria. Os que assim pensavam eram chamados de gnósticos nos tempos do Cristo. Esse pensamento foi combatido pelos próprios apóstolos que viveram com  Jesus, e foram iniciados nos mistérios dos reinos dos céus(Mateus cap.13, v.11), conforme narrativa dos próprios evangelhos. Em sua segunda epístola, João o apóstolo amado de Jesus, chega mesmo a chamar de sedutor e Anti-Cristo quem comungava desses pensamentos, no cap.1, vs. 38 a 40 lemos: “Muitos sedutores têm saído pelo mundo afora, o quais não proclamam que Jesus Cristo, encarnou. Quem assim proclama é o sedutor e Anti-Cristo”. Timóteo, no cap.3, v.16, de sua primeira epístola assevera: “... o Mistério da bondade divina, manifestado na carne, justificado pelo espírito..” O apóstolo Pedro, também se pronunciou a esse respeito escrevendo em sua primeira epístola no cap.3 vs. 17 a 18; “Padeceu a morte em sua carne, mas foi vivificado quanto ao espírito...” Paulo de Tarso, o apóstolo dos gentios não fugiu a regra, combatendo esse tipo de pensamento, em Romanos cap.1, vs. 2 e 3: “...Deus prometera outrora pelos seus profetas nas Santas Escrituras, acerca de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor, descendente de Davi, quanto à carne.”.  O próprio anjo Gabriel coloca as coisas em seu devido lugar: “Bendita sois vós entre as mulheres”. Essas palavras são inequívocas. O anjo, nessa passagem não a adora como Mãe de Deus, nem a chama de deusa e muito menos dirige-se a ela como virgem, mas chama-a de mulher e só a considera superior as outras mulheres porque a sua extrema pureza a elegeu dentre as demais.
Observamos  portanto, através dessas passagens que  João, Pedro  e  Paulo  de  Tarso, ou  seja,  os  apóstolos  mais diletos de Jesus, e que foram incumbidos justamente de levar as suas palavras ao resto do mundo, em consenso asseveravam quanto a materialidade do corpo de Jesus. Sabemos portanto que esses mesmos apóstolos eram orientados por uma plêiade de Espíritos superiores e pelo próprio Cristo como a Bíblia mesmo relata em algumas passagens, não poderiam estar enganados quanto a este fato. Os docetas ao tempo de Jesus e os apolinaristas quatro séculos mais tarde,  sustentavam a idéia do corpo aparente de Jesus, apresentando-o como uma espécie de deus mitológico, sob a influência das idéias helenísticas e gnósticas que tanto invadiram a judéia, as quais no passado foram um dos fatores que influenciaram ao surgimento da seita dos essênios. O Docetismo assim como era chamado exerceu grande influência em Alexandria no Egito, aonde o nascimento de Osiris apresentava as mesmas características. Esta seita, propagou-se para Êfeso, onde o apóstolo João instalara uma Escola Cristã, esta seita para  João era tão perniciosa que o apóstolo a refutou, designando-a como herática. Os apolininaristas, surgem quarto século depois de Cristo, provando que essa tese não havia se extinguido totalmente, Apolinário de Laodicéia, a ressuscita, daí o nome “seita dos apolinaristas”. Dessa maneira, acreditava  que Jesus tinha nascido de uma virgem milagrosamente e seu corpo era aparente ou fluídico, assim como os docetas. Os Apolinaristas seguiam uma facção gnóstica da época na qual entendiam que os avateres, ou seja, os filhos de Deus, não encarnavam em corpos materiais. Paulo de Tarso representava a outra facção gnóstica, que entendia somente na ressurreição, ou seja, após somente a morte física é que “renascia’ era o corpo espiritual. Os Apolinaristas foram anatematizados no concílio de Alexandria no ano de 360, depois de Cristo, e no concílio de Roma no ano de 374 e ainda no de Constantinopla em 381. Léon Dennis, O Apóstolo do Espiritismo, na pág 68, de um de seus livros “Depois da Morte”, assim se exprime sobre essa questão: ”Quanto às teorias que de Jesus fazem uma das três pessoas da trindade, ou um ser puramente fluídico, uma e outra parecem igualmente pouco fundadas. Pronunciando essas palavras: “ De mim afaste esse cálice”, Jesus resolveu-se homem, sujeito ao temor e aos desfalecimentos. Como nós, sofreu, chorou, e esta fraqueza inteiramente humana, aproximando-nos dele, o faz ainda mais nosso irmão, tornando os seus exemplos e suas virtudes mais admiráveis ainda.”
 Alguns espíritas albergam essas idéias por serem provavelmente esses mesmos que no passado pensavam dessa maneira, pois ainda não se desvincularam dessas idéias, idéias estas que na realidade não encontram sustentáculo na Doutrina ensinada pela maioria dos Espíritos, e pelo próprio sistematizador  Allan Kardec, que em a Gênese, obra do pentateuco espírita que trata desse pormenor de maneira clara, lógica e transparente. O codificador chega mesmo a sugerir que se a natureza do Cristo fosse realmente fluídica, todo o sofrimento do Calvário seria ilusório, não teria passado de vão simulacro, e um abuso a boa fé dos homens dignos, ao tempo que esse tipo de pensamento rebaixaria o extremo sacrifício a que o Cristo havia se submetido ao nosso favor. Emmanuel, André Luiz, Ramatis, como também,  vários Espíritos comunicantes a exemplo dos apóstolos, asseveram que Jesus teve um corpo material. Com relação a viagem para o Egito, após o seu nascimento, uma tradição acentua que José e Maria partiram com Jesus para o Egito, provavelmente para Heliópolis, sua capital cultural e sede da numerosa antiga colônia judaica, não somente para fugir de Herodes, mas visando a instrução filosófica de José, que era Rabino e ao contrário do que se pensa, possuía um padrão de vida médio, pois como carpinteiro tinha uma profissão definida e muito requisitada. A favor dessa tese pesquisadores entendem que o Santo Sudário, apresenta um homem com musculatura desenvolvida, digna de quem trabalhou intensamente como carpinteiro. Reforçando essa teoria alguns Apócrifos ainda revelam que o avô de Jesus, Joaquim, pai de Maria, era um rico comerciante de gado. Para alguns estudiosos, a razão da viagem de José, tanto para Belém(Miquéias cap. 5 vs. 1,4,12) como para o Egito(Oséas cap. 11 v.1)(Mateus cap. 2 vs. 12,13,19 a 23), foi somente para associar a figura de Jesus com a do Messias bíblico.
            Algumas outras dúvidas e controvérsias, reaparecem por ocasião do período que eqüivale o intervalo da vida do Mestre dos 12 aos quase trinta anos de idade. Alguns autores entendem que nesse período Jesus partiu a princípio com seu tio, o rico mercador José de Arimatéia, para um fabuloso aprendizado pelos principais centros espirituais do planeta; Índia, Tibete, Pérsia, Egito, Grécia, Caldéia, Babilônia, como na própria Judéia entre os essênios. O curioso é que as tradições de todos esses lugares por onde Jesus teria passado, narram histórias de um estranho instrutor que apareceu no seu meio, ensinou grandes verdades e despertou a ira dos sacerdotes. A verdade é que os Evangelhos não sustentam essas hipóteses, denominadas esotéricas, mas de uma certa forma não contradizem o que realmente Jesus teria realizado nesse intervalo de quase 17 anos de sua vida, deixando por vezes nas entrelinhas brechas para essas colocações. Por outro lado Jesus, a Igreja Católica, sustenta que o Mestre teria  esperado silenciosamente o momento de se apresentar a Israel, ao lado de seu pai José, exercendo o ofício da carpintaria, como nos informa autor cristão Justino de Roma, nascido na Galiléia,  no ano 150 dC. , que afirma em seus escritos que Jesus, fazia cangas para bois e arados. Hipótese que também entra no campo das probabilidades no que concerne a vida do Mestre. As suposições com  relação as suas viagens, estão nos próprios evangelhos, aonde muitos questionadores apregoam que se Jesus tivesse permanecido em sua cidade natal, João Batista seu primo provavelmente o teria reconhecido. Essa é uma hipótese válida por um lado, mas se entendermos que João Batista era um Essênio, sendo criado quase que internado nos mosteiros, justifica o fato  do Batista, não ter reconhecido seu primo, muito embora os Evangelhos não comentem nada sobre essa seita, historicamente é fato inquestionável que a seita dos essênios realmente existiu, e provavelmente João Batista, tenha participado dela. Fatos que sustentam algumas hipóteses por parte dos estudiosos, são algumas evidências contidas nos próprios Evangelhos, como por exemplo na hora do desenlace de Jesus, segundo Mateus, descreve um grande brado: ”Eli, Eli, lamma sabacbtbani!, isto é “Meus Deus, meu Deus, porque me abandonastes”, segundo alguns estudiosos a tradução correta seria “Meus Deus, meus Deus, quanto me glorificais! “, que é justamente uma expressão utilizada nos ritos de iniciação do antigo Egito. Tudo indica que os tradutores bíblicos com a primeira tradução pretendiam  reportar o leitor ao Salmo 12, v.1 “Oh!, meu Deus! Oh, meu Deus, porque me abandonastes”. Mas como poderia Jesus, o maior Espírito dentre os homens, no momento derradeiro entender ou mesmo achar que Deus o teria abandonado? Esse pensamento como é colocado, é mais uma contradição das muitos que a Bíblia nos apresenta. Pontos como esse, sugerem a muitos autores, a idéia de que realmente Jesus tenha realmente peregrinado, pois algumas afirmativas do Mestre encontram correlações com outras doutrinas filosóficas. Penso que Jesus poderia ter usado essa expressão, não por ter aprendido em algum rito egípcio, e sim por ser essa a expressão de louvor ao Pai Maior, ser em atributo de sua grandeza espiritual e pela importância de sua missão na Terra , que já se encontrava na iminência de se consumar. Ainda sobre a sua peregrinação, temos também o incrível relato da história de “Santo Issa”, conforme a descoberta do escritor russo Nicolai Notovitch(1887), em uma de suas viagens realizadas ao oriente, o qual atesta a existência de manuscritos tibetanos antiquíssimos pertencentes a biblioteca do mosteiro de Ladak, na proximidades do rio Indo e aos pés da montanhas, dominado pelo pico de Himis, de 18.733 pés de altitude, no Tibete, os quais contam a história de um menino santo que lá chegou, peregrinou por diversos lugares e foi crucificado em Israel. Outros autores por nós consultados, afirmam que Jesus teria sido criado em um mosteiro essênio, vivido entre eles e pregado as suas idéias. Se isso realmente aconteceu, nos não sabemos, pois os estudiosos não encontraram ainda registros que atestem esse fato, mas com um estudo mas aprofundado sobre a história da época e a seita dos essênios, através dos Manuscritos do Mar Morto, observamos que Jesus não concordava com muitas idéias desse núcleo, as quais combateu como já vimos em capítulo precedente. O próprios Espíritos; Ramatis e Emmanuel, asseveram que Jesus não era essênio, porquanto não se filiara a nenhuma seita ou religião, como não poderia ser de maneira diferente. A idéia de que Jesus tenha peregrinado, não é de todo fora de propósito, mas que o objetivo dessas supostas viagens fora o aprendizado já é uma questão que requer maiores apreciações. Outra hipótese sobre o conhecimento de Jesus, é que sua família  tinha como amigos José de Arimatéia e Nicodemos, pessoas consideradas de posse, que muito bem podem  te-lo assistido durante a sua infância dando-lhe educação pertinente a pessoas de recursos da época. Buscamos nos próprios Evangelhos o esclarecimento para essa questão. Em Lucas Cap.2,vs.46 a 52,lemos: “Três dias  depois  o  acharam  no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. Todos os que o ouviam estavam maravilhados da sabedoria de suas respostas. Quando eles o viram, ficaram admirados. E sua mãe lhe disse: “Meu filho, que nos fizeste?!  Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição.” Respondeu-lhes ele:  Não sabeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai ? Eles, porém não compreenderam o que ele lhes dissera. Em seguida desceu com eles a Nazaré, e lhes era submisso; sua mãe guardava todas as coisas no seu coração. Em seguida , desceu com eles a Nazaré e lhe era submisso. Sua mãe guardava todas esta s coisas em seu coração. E Jesus crescia em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens.”
             Verificamos que Jesus na realidade, era um espírito bem lúcido de suas atribuições enquanto encarnado. O Mestre, já  aos  doze  anos  no  Templo de Jerusalém, logo após o seu Bar-Mitzvah, cerimônia de iniciação religiosa judaica para o adolescente, conversando com os doutores e inteligências eminentes da época, demonstrava seus sublimes conhecimentos, assumindo, perante sua mãe no momento em que ela se apresenta para levá-lo, uma postura de plena e total consciência de sua missão na Terra,   quando   enfatiza   que   está   cuidando   dos  assuntos de seu Pai. Ora, indagamos, se Jesus presidiu a construção do próprio orbe terráqueo, sendo-lhe o arquiteto divino confiado por Deus, se era sabedor de tudo e de todos os acontecimentos do homem e de sua história ao longo dos séculos, o que Jesus iria aprender nesses lugares? Precisava Jesus se preparar? Ainda que aceitando uma hipótese de que tenha vivido ou até mesmo de passagem por esses lugares, vejo sempre o Mestre na condição de Mestre. Jesus desde a sua infância ao que tudo indica deve ter sido uma criança prodígio, um superdotado como hoje denominamos crianças com uma capacidade bem acima da média, aos quais temos na história múltiplos exemplos que atestam essa condição, Mozart, Pascal e Chopin, estão entre eles.  Jesus na realidade como o mais elevado Espírito que baixou à Terra , deverá ter sido sem dúvida alguma, o maior dos prodígios. Existe um Evangelho que retrata a sua infância, mas este foi considerado apócrifo, pois narra vários milagres e prodígios que foram realizados quando Jesus era apenas uma criança. Não podemos atestar a veracidade dos fatos que trata esse  Evangelho e suas narrativas  sobre a infância do Mestre, e sua autenticidade, mas Jesus como Médium extraordinário que era, mesmo na meninice poderia ter naturalmente  realizado muitos prodígios, alguns até de colocar muitos em dúvida sobre a veracidade dos fatos. O Evangelho da Infância de Jesus nos apresenta algumas histórias, nos apenas citaremos apenas duas resumidamente:“Contando Jesus com cinco anos, certo dia, após a chuva, foi brincar, com outros meninos, à beira do riacho. Construiu várias poças de água: nelas amassou o barro, e com o barro amassado fabricou doze passarinhos. Certo homem que cruzou, foi ter com José, pai de Jesus, denunciando este por estar fazendo aquilo em dia de Sábado. Veio José para o riacho, e ralhou com seu filho. Este, então dirigiu-se aos passarinhos de barro e ordenou-lhes: Ide passarinhos, voai e lembrai-vos de mim. E todos os passarinhos saíram voando e cantando...”

***

“Naquela época, encontrava-se em um local próximo um  certo rabino de nome Zaqueu, o qual, ouvindo Jesus falar dessa maneira com seu pai, encheu-se de admiração ao ver que, sendo menino, dizia tais coisas. Passados alguns dias, aproximou-se de José e disse: Vejo que tens um filho sensato e inteligente. Confia-o a mim para que aprenda as letras. Eu, de minha parte,  juntamente com elas, ensinar-lhe-ei toda espécie de  sabedoria e a arte de saudar os mais velhos, de  respeitá-los como superiores e pais e de amar seus semelhantes. Disse-lhe todas as letras com grande esmero e clareza, desde Alfa até Ômega. Jesus, porém, fixou seus olhos no rabino Zaqueu e indagou-lhe: Como te atreves a explicar Beta aos outros, se tu mesmo ignoras a natureza do Alfa? Hipócrita! Explica primeiro a letra A, se é que sabes, e depois acreditaremos em tudo o que disseres com relação a B. Começou a interrogar o professor sobre a primeira letra, porém este não pôde responder-lhe. Disse então a Zaqueu, na presença de todos: Aprende, professor, a constituição da primeira letra e repara como tem linhas e traços médios, aqueles que vês unidos transversalmente, conjuntos, elevados, divergentes... Os traços contidos na letra A são de três sinais: homogêneos, equilibrados e proporcionados.”

            Outro ponto capital dos ensinamentos de Jesus e muito combatido, é o da reencarnação. Para isso reviveremos a passagem em que o Mestre procurado a noite pelo doutor da lei, o fariseu Nicodemos, simpatizante das suas idéias e preceitos, em diálogo registrado em Mateus cap. 3, vs. 1 a 13, assevera que era necessário para Nicodemos, nascer de novo, para que pudesses entrar definitivamente no reino dos céus, ou seja, que através das reencarnações sucessivas tornar-se-ia espírito puro, não precisando assim volver a Terra. Jesus ainda o repreende de maneira sutil, indagando ao velho fariseu, que tinha título de doutor da lei , mas era desconhecedor dessas profundas verdades. Jesus prossegue em seu diálogo, complementando como poderia ele querer saber de verdades mais profundas a respeito das verdades celestiais, se o mesmo colocava em dúvida princípios tão primários como o da reencarnação. Jesus nesse colóquio, afirma categoricamente que é necessário renascer da água e do espírito, sabemos hoje através da ciência que o feto e posteriormente o bebê ao longo do seu desenvolvimento embrionário, fica imerso no líquido amniótico, que tem a finalidade de proteger a criança ao longo da gestação. Sabemos que o próprio ser humano na sua constituição apresenta em média 75% de água em seu organismo. Na Cabala hebraica, a água era considerada a matéria primordial, elemento purificador. Portanto Jesus referia-se ao nascimento via uma nova gestação, com a presença de um espírito que haveria de habitar o novo corpo, que estava sendo formado no seio do útero materno. Recorrendo dessa forma, aos conhecimentos cabalísticos de Nicodemos. Muitos ingênuos apregoam que Jesus nessa passagem referia-se ao batismo, mas essa prática não existia no Judaísmo propriamente dito, e sim entre os essênios uma dissidência judaica, a qual João Batista fazia parte, daí a natureza de seu sobrenome, Batista, aquele que batiza. Jesus referiu-se sim ao batismo de fogo em Mateus, cap.3 v11: “Aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de desatar; ele vos batizará com o Espírito e com fogo.”O fogo simboliza o batismo cósmico da aura terrestre realizado por Eloin, segundo demonstra a Cabala, depositária do conhecimento restrito e oculto de alguns sacerdotes hebreus. Entendemos porque então, Jesus, nunca batizou ninguém. Jesus, assevera aos apóstolos categoricamente com todas as letras que Elias é João Batista reencarnado, em Mateus cap.17, vs 10 a 13. Já em Mateus cap.18, vs. 8 e 9, explica a necessidade de muitos reencarnarem, ou seja, entrarem na vida  mancos, coxos, a  viverem os suplícios das dores físicas(perispírito) e morais na espiritualidade. Jesus referia-se portanto a reencarnação na Terra, pois no céu, estágio psicológico de paz e harmonia profunda não é lugar sem dúvida alguma para as imperfeições humanas. Em Mateus cap. 26. V. 52, estabelece com todas as letras as leis de causa e efeito, quando assevera que todos aqueles que usarem a espada , pela espada morreriam. Essa lei foi cumprida por João Batista, por ter no passado vivendo a personalidade do profeta  Elias, eliminou os profetas de Baal a espada, como a própria Bíblia nos revela em I Reis cap.18 v.40. Jesus em João cap.8, v.58, evidencia a preexistência da alma, quando respondendo algumas indagações de alguns judeus, responde que conhecia perfeitamente Abraão, que tinha vivido muitos séculos antes dele, afirmando ainda que antes de Abraão ele Jesus, já existia, ou seja, já era um espírito dotado de enorme capacidade moral e espiritual. Em Mateus cap.17 vs. 3 e 4, estabelece a comunicabilidade com os espíritos, conversando com o profeta Elias e Moisés, sob as vistas maravilhadas dos apóstolos Pedro, Tiago e João. Mesmo após seu desenlace continua seu trabalho dando provas da sobrevivência com Paulo de Tarso, Ananinas, Pedro, e para um cem número de pessoas, que segundo os evangelhos atestaram sua presença póstuma. Jesus não somente curou os casos de influências espirituais negativas, por espíritos impuros e imundos, ou seja ignorantes, mas também restituiu a saúde os casos de indivíduos que estavam naquela situação por dívidas contraídas em outras vidas. E para esses, Jesus sempre advertia, vá e não peques mais para que não te suceda coisa pior. Nos ensina amar a Deus incondicionalmente, como também a respeitar e a honrar os nossos pais, aqueles que nos deram a oportunidade material de reencarnarmos e evoluirmos. Ensina a todos que o Pai, e ele são entidades completamente distintas, afirmando que o Pai Eterno é o Senhor de todas as coisas existentes no universo, ele Jesus,  é  apenas um de seus filhos cumprindo uma missão sob o seu desígnio, por isso sabe perfeitamente o que dele emana, pois está sempre em sintonia com ele, desta forma é um com o Pai, da mesma forma que podemos ser um com ele Jesus. Assevera que somos deuses, e poderíamos fazer coisas ainda maiores das que ele fez, demonstrando-nos a humildade que lhe era peculiar e natural em um espírito de sua envergadura, bem como exaltando em nós as nossas potencialidades. Jesus passa a sua missão a ensinar, os valores da vida espiritual, que devem ser conquistados as custas de muito sacrifício, asseverando sempre adentrarmos pela porta estreita, que naturalmente é o caminho mais árduo, mas o mais seguro para alcançarmos a evolução espiritual. Atesta a imortalidade da alma, ao ressuscitar em espírito ao terceiro dia,  aparecendo a muitos ,comprovando a vida além túmulo. Exorta o reino dos céus, apregoando que ele existe primeiramente dentro de nós mesmos, e que para conquistarmos deveremos negar-mos a nós mesmos, amando o nosso próximo e a Deus acima de tudo. Exalta a caridade aos pobres os doentes, os presos, é que são esses que necessitam de algum tipo de ajuda, não os sãos. Assevera sua condição evolutiva extraterrena e a pluralidade  mundo habitados, afirmando que não pertencia a esse mundo e que tinha outras ovelhas que deveria também cuidar, nas diversas moradas da casa do Pai. Escolhe seus apóstolos, não por títulos, e sim pela capacidade moral que entrevia neles. Aceita a traição de Judas, entendendo que os homens são passíveis de falhas mas que podem apesar disso, se reabilitarem em uma outra vida, a partir de esforços e méritos pessoais. Estudava as Escrituras, citando-as detalhadamente em várias pregações entendendo que o homem deveria amar o seu próximo, mais também estudar a fundo as palavras sagradas dos profetas. Divide seus os ensinamentos em exotéricos e esotéricos. Prega a sua mensagem a prostitutas, ladrões, cobradores de impostos, comerciantes, religiosos, sábios, ignorantes, reis e plebeus, enfim a todos aqueles que desejam e necessitam escutar e praticar os seus ensinamentos. Ensina a prudência e a mansidão a todos os homens. O perdão e o dever do trabalho como meio de multiplicar os talentos morais que nos foram confiados pelo Pai do Céu. Ensinou-nos a lei do merecimento, através do “batei e vos será aberto”, mas que para isso deveríamos primeiramente nos ajudar para que os céus, através dos Espíritos Superiores, pudessem nos ajudar. Ressalta a nossa potencialidade, comparando-nos ao grão de mostarda pois embora minúsculo pode se tornar uma árvore enorme e frondosa. Comparou o reino dos céus, a inocência das crianças, revelando que se almejássemos adentrar ao  reino maior deveríamos ter a simplicidade e a capacidade de perdoar e sobretudo a inocência, que nelas observamos.    
Desta forma, Jesus articulou o seu ministério transformador através de três grandes conjuntos de medidas: seus ensinamentos, sua vida ética e as práticas rituais espirituais. Esses pilares eram organicamente interdependentes, dessa forma não era possível progredir somente atuando em uma área restrita. Era fundamental incorporá-los ao quotidiano, pois, conforme ele mesmo disse segundo Mateus cap. 7 v. 24: ”Todo aquele que houve as minhas palavras e as põe em prática será comparado a um homem sensato que construiu a casa sobre a rocha”. Tiago (cap.1, v.22), seu irmão, foi ainda mais direto quanto essa regra comportamental: ”Tornai-vos praticantes da palavra, e não simples ouvintes, enganando-vos a vós mesmos!”. A prática constante dessa trilogia levava o indivíduo a uma progressiva purificação, que por sua vez, aceleravam a expansão da consciência permitindo assim, um entendimento mais profundo e abrangente dos ensinamentos do Mestre. Esses três elementos: ensinamentos, ética e prática, interagiam constantemente, retro alimentando-se e criando uma espiral de progresso e evolução espiritual para todos aqueles que seguissem esse modelo.
            O Mestre como maior Espírito que baixou a Terra, deixou-nos  todos esses ensinamentos e tantos outros não citados mas igualmente importantíssimos, sobre as verdades espirituais, mas que por motivos políticos e pessoais foram deturpados pelos homens que não quiseram entender a relevância e a grandeza de suas lições.  Resta-nos agora reavaliar todos esses ensinamentos e colocar-nos em prática o quanto antes, as humildes e profundas lições que o Mestre Jesus nos entregou, para que através delas possamos realmente encontrar a felicidade tão almejada pelo ser humano, entendendo o real propósito de nossa vida no orbe terreno, que é o aperfeiçoamento do Espírito encarnado para uma dia desfrutar a “união relativa” com Deus.

 

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