terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Judaísmo


O JUDAÍSMO


O judaísmo é a primeira e mais antiga das três religiões monoteístas e começou oficialmente como religião institucionalizada após o período de cativeiro do povo hebreu na Babilônia. Com ele vislumbram-se os primeiros rudimentos da compreensão da divindade no planeta, apesar da visão antropomórfica, sugerida pela compreensão dos homens naquela época, o Judaísmo absorve o Monoteísmo e prepara o caminho para o Cristianismo a partir da vinda de Jesus. Segundo Emmanuel, em “A Caminho da Luz”, na pág. 65, relata-nos: “Dos Espíritos degredados na Terra, foram os hebreus que constituíram a raça mais forte e mais homogênea, mantendo inalterados os seus caracteres através de todas as mutações.”




Moises e Araão


Por essas razões, entendemos a razão da sua crença fervorosa e inabalável no Deus único de Israel. O próprio Emmanuel, em “O Consolador”, assevera que Moisés aparece como a primeira revelação a partir do recebimento das tábuas da lei, ou seja, os dez mandamentos recebidos no Monte Sinai,  sendo Jesus a  segunda, e o Espiritismo codificado por Allan Kardec, a terceira. O Judaísmo, suas leis básicas e seus princípios advém do Torá, o chamado pentateuco que na realidade são os cinco primeiros livros da Bíblia, seja ela católica ou protestante. Sendo assim, a Bíblia Hebraica é composta pelo Torá que é justamente o Pentateuco(Gênesis: O Livro das origens contendo tradições da mais remota antigüidade; Êxodo: Libertação do povo de Deus do Egito;Números; Advertência de Moisés ao seu povo, regras de higiene, deveres, instituição das festas da páscoa, de pentecostes e dos tabernáculos, incluindo várias outras prescrições; Levítico: Numeração das tribos, leis diversas, recenseamento, organização social, cidades refúgio, etc.;Deuteronômio: repetição dos dez mandamentos, exortações, recomendações de Moisés, sanções penais, etc. Terminando por último com cântico dirigido ao Senhor pelo condutor do povo de Israel), acrescido dos Profetas e os Hagiógrafos, chamados também de escrituras. O judaísmo se ramificou no passado em várias seitas que comungavam dos mesmos princípios bíblicos (Torá), mais por terem pontos de vista divergentes, seguiram caminhos diferentes, mas que sem dúvida nenhuma deixaram suas marcas nas próprias escrituras, as quais os mencionam, assim como os próprios relatos dos grandes historiadores do passado, que registraram esses acontecimentos.



Escriba Judeu


 Algumas dessas influencias sofridas pelo Judaísmo foi a contaminação pelas idéias gregas, tanto que alguns séculos antes de Cristo, o Judaísmo era conhecido como religião helênica, sendo esse, um dos fatores que propiciaram o surgimento dos essênios. A exemplo das pitonisas gregas muitas mulheres judias alcançaram posições proeminentes  entre a classe sacerdotal, a Bíblia por seu turno em (Juízes cap.4, v.4) diz que “Débora, uma profetiza julgava Israel naquela época” e fala de Holda, outra profetiza, que morava em Jerusalém, no colégio(II Reis cap.22, v.14); e o profeta Samuel menciona várias mulheres sábias, (II Samuel cap.14, v.2). Apesar da injunção de Moisés no sentido de não se utilizar de adivinhação ou augúrio na tentativa radical de controlar os abusos da mediunidade, vemos que sua própria irmã Miriã, era uma profetisa segundo Êxodo cap. 15, v. 20: “Então Miriã, a profetisa, irmã de Arão”. O apóstolo João em Apocalipse cap, 2 vs 6 e 20, faz severas críticas a  Zelabel, uma profetiza pertencente a seita Nicolaíta.
Desta forma, os israelitas sofreram nitidamente muita influência da Grécia, como também de outros povos, um exemplo disso é a cidade de Séforis, situada apenas cinco quilômetros de distância de Nazaré, cidade natal de Jesus, era um ponto estratégico de passagem para o Egito, Sefóris era habitada, segundo pesquisas arqueológicas mais recentes, tanto por romanos como judeus, e ambos tinham como sua segunda língua o grego. No quadro que se apresenta abaixo, relacionamos algumas seitas filosófico-religiosas do tempo de Jesus que tinham na sua base preceitos do Judaísmo.


Templo de Jerusalém



SEITA
DESCRIÇÃO

Fariseus

A palavra fariseu, advém do hebreu perishut, e significa separação, os doutores da lei, assim chamados na época costumavam criar dogmas das suas interpretações bíblicas, bem como fomentar práticas ritualísticas e a fazer proselitismo. Inimigos da mudança e das inovações, se apegavam aos seus princípios, utilizando sua religião para fazer valer os seus pensamentos e suas vontades. Por estas razões tiveram Jesus como seu inimigo, pois o Mestre significava mudança. Exerciam grande influência sobre o povo, fazendo-o seguir exatamente o que determinavam. Um exemplo são as vestimentas brancas, “túmulos caiados de branco”, segundo expressão do próprio Cristo, proibiam as curas no dia de sábado dentre outras. Segundo o historiador Josefo os fariseus eram “um corpo dentro da comunidade judaica que professava ser mais religioso que os outros e pretendia explicar a lei mais precisamente.”
Nazarenos



Os nazarenos, faziam votos de castidade , eram proibidos de cortar os cabelos e a ingerir bebidas alcoólicas. Sansão, Samuel, João Batista eram nazarenos. Conferiram esse título a Jesus, mais pelo seu procedimento do que a sua filiação a esta seita.

Sacudeus


Criada por Sadoc, esta seita acreditava somente em Deus. Anjos, alma, ressurreição, definitivamente não existiam segundo o seu pensamento. Predominantemente materialistas, viviam em constante conflito com os fariseus. Rejeitavam o Talmud (conjunto de comentários e opiniões dos antigos rabinos) e aceitavam somente o que estava escrito no Torá (Sagradas Escrituras judaicas, constituídas pelos cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), cuja a redação era atribuída a Moisés. Os sacudeus somente faziam pergaminhos utilizando animais abatidos dentro do templo, coisa que os fariseus não faziam e por isso eram considerados impuros.  Pertenciam a um partido político formado por grandes proprietários de terras e membros da elite sacerdotal. O famoso escritor Flávio Josefo, escreveu  que os sacudeus representavam o poder, a riqueza e a nobreza.Foram de uma certa forma os sucessores dos Helenistas.
Doutores da Lei ou Escribas


Não estavam ligados a nenhum segmento social e ou mesmo a algum partido político ou alguma seita específica, atuavam no Templo de Jerusalém, nas Sinagogas e nas escolas rabínicas. Eram por sua vez, considerados os intérpretes abalizados das Sagradas Escrituras. Homens de grande conhecimento, eram consultados em assuntos polêmicos e comumente influenciavam as decisões do Sinédrio. Muitos deles pertenciam ao grupo dos fariseus.

Samaritanos



Os Samaritanos, viviam na cidade de Samaria, acreditavam somente no Torá, e rejeitavam todos os demais livros que a esse foram ou fossem acrescentados. Segundo Kardec, em linhas gerais, eram os protestantes do nosso tempo.

Terapeutas



Eram dissidentes judeus, que viviam em Alexandria no Egito, e que a época do Cristo, abrigavam em seus conceitos muitos pensamentos essênios.

Essênios


Comunidade judaica dissidente, que abrigou-se no deserto por volta de 200 anos antes de Cristo, em virtude de considerar o mal procedimento dos sacerdotes do Templo de Jerusalém. Viviam em mosteiros,  sobre rígidas leis, esperavam ardorosamente o juízo final que se concretizaria através da vitória dos filhos da luz, liderados pelo messias sobre os filhos das trevas, os quais implantariam um reinado de Justiça no planeta Terra.

Zelotes ou Sicários



Membros de um partido-seita da judeía no tempo de Cristo que se opunha radicalmente a dominação romana, como totalmente incompatível com a soberania do Deus de Israel. Eram os fundamentalistas islâmicos, ou seja seriam os terroristas do tempo de Cristo. Organizavam atentados contra os romanos, brigavam entre si e com outras seitas, e planejavam a revolta liderada pelo Messias, que para eles definitivamente não era Jesus. Por causa deles é que Jerusalém, juntamente com o seu templo foi destruída. Mas alguns de seus líderes mais inescrupulosos, insuflavam a população na tentativa de conseguir adeptos baseando-se e interpretando nas próprias palavras de Jesus um chamamento para a guerra;  "não para trazer a paz, mas a espada". Em Lucas cap.22 v.36, Jesus instrui “simbolicamente” seus seguidores que não possuem espada a comprar uma; e após a refeição do festival judeu, em Lucas cap. 22 v 38, o Mestre averigua, aprovando, que eles estão armados. Segundo autoridades modernas, Judas, o Iscariotes deriva de Judas, o Sicarii - e Sicarii e Lestai eram sinônimos para zelotes. Na versão grega de Marcos, Simão é chamado "Kananaios", tradução grega da palavra aramaica para zelote. O Evangelho de Lucas não deixa dúvidas. Simão é claramente identificado  como zelote, e até mesmo a Bíblia do rei James o introduz como "Simão zelotes". Em razão dessas revoltas e rebeliões, no ano de 73, 960 judeus se suicidaram na fortaleza de Massada para não se entregarem aos romanos.


Destruição do Templo

Segundo os anais da história, logo após a destruição do templo de Jerusalém pelos Romanos, no ano 70 da era cristã, os eruditos judeus da Terra Santa compilaram os seis volumes da Mishná, por volta do ano 200 da era cristã, tendo por finalidade, registrar e preservar a regra básica da legislação religiosa judaica, que anteriormente eram passados oralmente de geração em geração, conforme a antiga tradição. Durante os cinco séculos seguintes o Mishná foi suplementado pela Guemará, registro de comentários, discussões e debates aportados de eruditos rabínicos e da Babilônia. Juntos esses dois textos compreendem o Talmud, que continua a ser uma fonte viva de estudo, pensamento e comentário religioso. Não poderíamos falar do judaísmo sem deixar de citar algumas particularidades dessa religião para melhor entendimento do leitor como:

a) Shabat, é o período que compreende desde o por do sol da sexta feira ao por do sol do sábado.

b) Kosher alimentos permitidos p/alimentação, uma vez que toda a comida feita de sangue é proibida, já que a vida está no sangue.

c) Oito dias após o nascimento os meninos são circuncidados, aos treze anos se tornam um Bar Mitsvá, expressão em hebriaco que significa “ filho do mandamento”, as meninas tornam-se uma Bar Mistvá, quando completam doze anos.

d) O Pessach, comemora o Êxodo do Egito, significa “para cima”, essa expressão  faz referência ao anjo do Senhor, na última praga do Egito, na qual segundo os relatos bíblicos, os hebreus primogênitos foram poupados.

Como também não citarmos o lugar para onde se encaminham suas peregrinações sagradas, aliais como é constante na tradição das três grandes religiões monoteístas (Judaísmo,Catolicismo e Islamismo). Desta forma para conhecermos e entendermos melhor  “O Muro das Lamentações”, local de adoração do povo judeu, recuaremos um pouco mais no tempo, mas precisamente no local aonde a tradição sugere que seja o local em que Abraão se preparava para sacrificar o seu filho Isaac a  Jeová, a rocha antiga denominada Monte Moriah. Neste local  a 1.000 anos antes de Cristo, foi aonde o rei Salomão construiu o primeiro templo, a partir daí,  esse local, tornou-se um lugar de sagradas peregrinações do povo judeu na antigüidade. Para tristeza do povo judeu,  este templo foi destruído em 588 antes de Cristo, verifica-se que o próprio Jesus na realidade nem conheceu essa construção do rei Salomão, neste local Herodes,  o Grande, construiu um templo muito maior, na mesma plataforma onde se ergue a chamada “rocha do sacrifício de Abraão”.
Sendo assim, o templo de Herodes foi construído, no mesmo local, que foi cenário da Purificação de Maria, quando o velho Simeão tomou o Menino Jesus nos braços e profetizou.(Lucas cap.2,vs.25a35). Este mesmo templo foi mais uma vez destruído pelos romanos em 70 depois de Cristo, sendo reconstruído pelo muçulmanos quando conquistaram Jerusalém no século VII, recebendo o nome de  “Cúpula da Rocha” e isto se deu em  691 depois de Cristo, pelo califa de Damasco, que mandou cobrir a parte exterior com mosaicos de ouro, substituídos mais tarde, por ordem do turco Otman, por 45.000 azulejos. Desta forma , a “Cúpula da Rocha” é atualmente constituída de alumínio revestido de ouro e ornamentada com versos do Corão ou Alcorão, uma vez que tornou-se “propriedade” do Islamismo. Os fundamentalistas, tantos Judeus, Cristãos ou Islâmicos consideram como um lugar sagrado das “coisas últimas”. Judeus e Cristãos consideram-no  como o lugar do Armagedão, o conflito final, antes da  vinda do Messias. Já os Muçulmanos acreditam ser o lugar onde Jesus e Madi, este o verdadeiro Messias, conseguirão juntos, a destruição do mal e a conversão ao Islão de judeus e cristãos. Pois o Islamismo considera Jesus como um dos três grandes profetas, ao lado de Moisés e Maomé, sendo que o verdadeiro Messias para eles, ainda é esperado. A  igreja da Cúpula da Rocha, ocupa o terceiro lugar entre as quatro maravilhas do mundo Islâmico, abaixo apenas das mesquitas de Meca terra natal do profeta Maomé e de Medina cidade onde o profeta encontrou refúgio das perseguições que o acometeram.



Muro da Lamentações e a  Cúpula da Rocha


Isto posto, voltamos ao Judaísmo, chegamos então ao “Muro das Lamentações”. Uma vez desapossados pelos muçulmanos do “Templo da Rocha”, que se transformou na igreja de adoração muçulmana sob o nome de “Cúpula da Rocha”, como já vimos, os judeus necessitavam de outro centro de devoção e adoração, assim, encontraram-no no muro maciço que circunda a zona ocidental da cidade antiga. Os enormes blocos de pedra considerados como pertencentes ao primeiro templo de Salomão, são na realidade uma parede de um Templo construído pelo rei Herodes. O seu nome nasceu em função do fato dos judeus sempre se lamentarem pela destruição do seu Templo e do seu exílio. Ao longo de 1.000 anos, os judeus de todas as partes do mundo se dirigem para esta incrível sinagoga sem telhado para orarem e assim estarem segundo as suas crenças mais perto de Deus.  Segundo Emmanuel, em “A Caminho da Luz”, no capítulo intitulado “A Incompreensão do Judaísmo”, pág. 70 e 71, o autor espiritual nos esclarece sobre a figura de Jesus e o motivo de sua não aceitação por parte do Judaísmo ortodoxo. O autor espiritual narra o seguinte: ”A verdade, porém, é que Jesus, chegando ao mundo, não foi absolutamente entendido pelo povo judeu. Os sacerdotes não esperavam que o Redentor procurasse a hora mais escura da noite para surgir na paisagem terrestre. Segundo a sua concepção, o Senhor deveria chegar num carro magnificente de suas glórias divinas, trazido do céu a Terra pela legião dos seus Tronos e Anjos; deveria humilhar todos os reis do mundo, conferindo a Israel o cetro supremo na direção de todos os povos do planeta; deveria operar todos os prodígios, ofuscando a glória dos Césares. E, no entanto, o Cristo surgira entre os animais humildes da manjedoura; apresentava-se como filho de um carpinteiro e, no cumprimento de sua gloriosa missão de amor e de humildade, protegia as prostitutas, confundia-se com os pobres e com os humilhados, visitava as casas suspeitas para lá arrancar os seus auxiliares e seguidores; seus companheiros prediletos eram os pescadores ignorantes e humildes, dos quais fazia apóstolos bem-amados. Abandonando os templos da Lei, era freqüentemente encontrado no Tiberíades, em cujas margens pregava aos simples a fraternidade e o amor, a sabedoria e a humildade. O judaísmo, saturado de orgulho, não conseguiu compreender a ação do celeste emissário. Apesar da crença fervorosa e sincera. Israel não sabia que toda a salvação tem de começar no íntimo de cada um e, cumprindo as profecias e de seus próprios filhos, conduziu aos martírios da cruz o divino Cordeiro.”

                        Sendo assim, a facção mais liberal Judaísmo, considera hoje em dia, que Jesus foi um grande orientador judeu, um rabino propriamente dito, apesar de alguns de seus ensinamentos estarem diametralmente opostos a base do Judaísmo, que encontra seus fundamentos mais profundos no Torá, como por exemplo: Jesus acreditava ter o poder de perdoar os pecados, esse atributo sob a perspectiva judaica, pertence somente a Deus; Jesus também alegava ter o poder de ressuscitar os mortos, ao passo que os profetas hebreus como Elias(I Reis, cap.17, vs. 19 a 24) e Eliseu (II Reis cap.4, vs. 32 a 36), quando operavam um prodígio; frisavam que o faziam como meros instrumentos de Deus; Jesus ainda louvava a oração solitária, afirmando que só os hipócritas oravam em conjunto. O judaísmo preconiza a importância da oração grupal. E ainda o Judaísmo, não reconhece Jesus como “Filho de Deus” que se destaca e se eleva acima dos homens. Segundo os preceitos do judaísmo, todos os homens são iguais, e nenhum ser mortal pode pretender a divindade, pois todos os homens são de fato descendentes de Adão. Portanto o Judaísmo, ainda espera a vinda do Messias, já a facção ortodoxa aguarda essa manifestação através de inúmeros prodígios, bem como nos esclarece Emmanuel. Outros, já mais liberais, acreditam que a redenção futura se consolidará pela própria modificação dos homens na terra. Mas ao mesmo tempo todos frisam que o autor da redenção é Deus, sendo o Messias mero instrumento da ação do criador, que terá a missão de restabelecer o Reino Divino na Terra.
             Encerrando este capítulo relacionaremos um breve resumo dos pilares da fé e particularidades segundo o Judaísmo:

-     Crença na existência de Deus;
-          Unicidade de Deus;
-          Unicidade na Adoração;
-          Unicidade nos Atributos de Deus( Imaterialidade, Onisciência, Onipotência, Imutabilidade);
-          Crença nos Anjos como mensageiros de Deus;
-          Crença que Moisés foi o maior de todos os profetas;
-          Crença no Torá (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio);
-          Crença na vinda do Messias;
-          Crença na ressurreição dos mortos e no Juízo Final.

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