terça-feira, 31 de janeiro de 2012

As origens do termo Satan


AS ORIGENS DO TERMO SATAN


                        Os judeus começaram a adotar nas suas crenças o termo satan, mais ou menos quinze anos após a morte de Zoroastro(660-583 a. C.), na época em que foram levados em cativeiro para Babilônia no ano 600. Até mesmo por que Lúcifer, considerado posteriormente pelos teólogos  como chefe dos demônios, era na realidade a “Estrela da Manhã”, um título conferido rei da Babilônia, pelo seu poder e grandeza, segundo o que realmente se refere o profeta Isaías, cap. 14, v.12 do Velho Testamento. Desta forma,  verificando-se o capítulo 24, do livro II de Samuel, e do capítulo 21 do livro de Crônicas, onde se vê claramente que os Judeus reconheceram a inconseqüência de um Deus bom praticando o mal, matando setenta mil pessoas, ficaram apavorados com as pragas e maldições do deus Jeová, pois um verdadeiro Pai não entregaria o seu povo a tais tormentos. Velhos, crianças, virgens, mulheres, doentes, vítimas inocentes da cólera de um deus vingativo, cruel e sem misericórdia. O povo Judeu nunca mais invocou o nome de Jeová até o nascimento de Jesus. Por isso talvez, adotaram o dualismo da teologia de Zoroastro. O nascimento do termo “Satanás”, que séculos mais tarde seria  identificado erroneamente, diga-se de passagem, como uma entidade personificadora do mal, originou-se de uma disputa entre duas raças e aconteceu da seguinte forma: A raça branca originaria do polo boreal, era chamada pelos europeus, de raça boreana e hiperboreana. Moisés, a chamava de Ghiboreana, esta raça tinha horror a raça negra pelas suas funestas incursões, por isso é que a denominaram Sudeana. Deste termo se originaram os termos Suth ou Soth dos egípcios, Sath dos fenícios e Shatan ou Satan dos árabes e dos hebreus. Esse termo na realidade identificava a raça negra, que naquela época era inimiga da raça branca. Portanto nesse período a que estamos nos referindo, os povos de uma maneira geral, ainda não tinham adotado o princípio do mal, como uma entidade celestial decaída, que só muitíssimo mais tarde, essas idéias foram surgindo na imaginação dos místicos e religiosos, por influência ou absorção de outras culturas.




            O termo demônio e a maneira como hoje é entendido percorre também um caminho de intrincadas modificações e inúmeras adaptações sobre o seu verdadeiro significado. Nos Vedas, religião primordial da Índia, os deuses recebiam o nome de Deva, essa palavra nesse país, significa “brilhante”, pois o esplendor ou a luz era um dos atributos mais gerais pertencentes, em comum, às diferentes manifestações da Divindade. No Zend-Avesta, livro persa que retrata as idéias religiosas de Zoroastro, a palavra “deva”, passou a “daeva”, significando  “espírito mau”. Na Grécia, os próprios gregos tinham seus deuses, e a palavra daimon  que gerou a palavra demônio nos evangelhos, advém de  “deva”, termo natural da Índia, e na acepção grega, esse termo designava todos os espíritos de uma forma geral, bons e maus. Tanto é que Sócrates, talvez depois de Jesus, o mais sábio espírito que já tenha baixado à Terra, dialogava freqüentemente com o seu daimon, ou seja, espírito mentor, ou anjo da guarda, como queiram designar. A palavra “diabo” assim como “ satan” , na realidade significa, ser contrário, e foi termo utilizado por Jesus para identificar a contrariedade de Pedro e de Judas conforme podemos verificar nas escrituras do Novo Testamento. A conotação de entidade maléfica desse termo se solidificou a partir dos primórdios do Catolicismo com a finalidade de afastar as pessoas dos cultos pagãos, tão naturais naquelas épocas. Mas tarde esses conceitos foram  transmitidos para o Islamismo  e  Protestantismo respectivamente, perdurando até os dias de hoje.




            Portanto, satanás-diabo, são termos que significam oposição, sendo importante relembrar, que antes dessa personificação do mal através de uma figura antagônica aos poderes de Deus, os judeus acreditavam que somente Deus é quem punia os pecadores e premiava os justos. Hoje em dia, com surgimento das novas idéias no seio da Igreja Católica, muitos teólogos estão voltando as velhas concepções judaicas, admitindo que na Bíblia não existem evidências concretas da existência de Satanás ou do Diabo.


Esta reformulação de pensamento de alguns teólogos se enquadra perfeitamente dentro dos preceitos básicos demonstrados pelo Espiritismo, doutrina codificada por Allan Kardec, no século XIX. Vejamos em algumas passagens, a prova bíblica que o Judaísmo nos seus primórdios, ou seja, anteriormente aos conceitos de Zoroastro ou de Manes,  não atribuía de forma alguma o mal a figura de satanás. Para os judeus, Deus era a causa de todos acontecimentos de suas vidas, fossem eles positivos ou negativos.

I SAMUEL CAP.2,V.25
Se um homem pecar contra o outro , Deus o julga; se ele pecar, porém contra o Senhor, quem intervirá a seu favor? Mas não ouviam a voz de seu pai, porque Deus os queria perder.

II SAMUEL CAP. 1,V.1
A cólera do Senhor se inflamou novamente contra Israel e excitou Davi contra eles; dizendo-lhe: “Vai recensear Israel e Judá.”

II REIS CAP. 22, V. 23
O Senhor pôs um espírito de mentira na boca de todos os profetas aqui presentes, ma é a tua perda que o Senhor decretou.

JÓ CAP.14, V.13
Se, pelo menos, me escondesses na região dos mortos, ao abrigo, até tua cólera tivesse passado, se me fixasses um limite em que te lembrasses de mim!

SALMOS CAP.29, VS. 4 a 6
Senhor minha alma foi tirada por vós da habitação dos mortos; dentre os que descem  para o túmulo, vós me salvastes. Ó vós, fiéis do Senhor, cantai a sua glória, dai graças ao seu santo nome Porque sua indignação dura apenas um momento, enquanto sua benevolência é para toda a vida.

SALMOS,CAP.70 VS.20 e 21
Vós me fizestes passar por numerosas e amargas tribulações, para de novo, me fazer viver e dos abismos da terra novamente me tirar.

SALMOS CAP.84,VS. 6 e 7
Acaso será eterna contra nós a vossa cólera? Estendereis vossa ira sobre todas as gerações? Não nos restituireis a vida, para que vosso povo se rejubile em vós.

SALMOS, CAP. 88,VS. 47 e 48
Até quando Senhor? Até quando continuareis escondido? Até quando estará acesa a vossa cólera? Lembrai-vos de como é curta a nossa vida, e quão efêmeros os homens que criastes.

ISAÍAS, CAP.45, V.7
Eu formo a luz e crio as trevas, asseguro o bem estar e crio a desgraça; sim eu Yaveh, faço tudo isto”

ISAÍAS, CAP. 57, VS. 16 a 18
Realmente, não desejo controvérsias sem fim, nem persistir sempre no descontentamento, senão o espírito desfalecerá diante de mim, assim como as almas que criei. Por causa de crime de meu povo me irritei um momento; feri-o, dando-lhe as costas na minha indignação, enquanto o rebelde agia conforme a sua fantasia. Vi a sua conduta, disse o Senhor, e o curarei. Vou guiá-lo e consolá-lo.

ECLESIASTICO, CAP.21,V.30
Quando o ímpio amaldiçoa o adversário(diabo), amaldiçoa-se a si mesmo.

MIQUÉIAS, CAP.7, VS. 18 e 19

Qual é o Deus que, como vós, apaga a iniquidade e perdoa o pecado do resto do seu povo, que não se ira para sempre porque prefere a misericórdia? Uma vez mais, tende piedade de nós! Esquecei as nossas faltas e jogai nossos pecados nas profundezas do mar!

            Satanás significava um ser contrário ou inimigo, uma peste, gente ímpia, caracterizando sempre uma idéia antagônica, e não a personificação do mal, tanto é verdade que em uma determinada situação Jesus chama Pedro de Satanás/Diabo, da mesma forma refere-se a Judas Iscariotes. Vejamos:

MATEUS CAP.16,VS.22 e 23
Pedro então começou a interpelá-lo e protestar nestes termos: “ Que Deus não permita isto, Senhor! Isto não te acontecerá.!” Mas Jesus, voltando-se para ele, disse-lhe: Afasta-te Satanás, tu és para mim um escândalo; teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens!” 

JOÃO CAP.6,V.70
Jesus acrescentou: “Não vos escolhi eu todos os doze? Contudo, um de vós é um demônio! ... “Ele se referia a Judas,  filho de Simão Iscariotes,  por que era quem havia de entregar, não obstante ser um dos doze.

Terminaremos essa capítulo, com esta belíssima e elucidativa explanação de Emmanuel, descrita no livro intitulado Pão Nosso,Edição da Feb, Cap.164, pág.339 e 340:

“Quando a teologia se reporta ao diabo, o crente imagina, de imediato, o senhor absoluto do mal, dominado num inferno sem fim. Na concepção do aprendiz, a região amaldiçoada localiza-se em esfera distante, no seio de tormentosas trevas.Sim, as zonas purgatoriais são inúmeras e sóbrias, terríveis e dolorosas, entretanto, consoante a afirmativa do próprio Jesus, o diabo partilhava os serviços apostólicos, permanecia junto dos aprendizes e um deles se constituirá em representação do próprio gênio infernal. Basta isto para que nos informemos de que o termo “diabonão indicava, no conceito do Mestre, um gigante de perversidade, poderoso e eterno, no espaço e no tempo. Designa o próprio homem, quando algemado às torpitudes do sentimento inferior.Daí concluiremos que cada criatura humana apresenta certa percentagem de expressão diabólica na parte inferior da personalidade. Satanás simbolizará então a força contrária ao bem. Quando o homem o descobre, no vasto mundo de si mesmo, compreende o mal, dá-lhe combate, evita o inferno íntimo e desenvolve as qualidades divinas que o elevam à espiritualidade superior. Grandes multidões mergulham em desesperos seculares, porque não conseguiriam ainda identificar semelhante verdade. E, comentando esta passagem de João, somos compelidos a ponderar: __ “Se, entre os doze apóstolos, um havia que se convertera em diabo, não obstante a missão divina do círculo que se destinava à transformação do mundo, quantos existirão em cada grupo de homens comuns na Terra?

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