terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Maria de Madalena


MARIA DE MADALENA


A vida de Maria de Madalena só é possível de ser traçada através de algumas fontes que nos foram deixadas pela tradição cristã. Essas fontes são os textos canônicos como : Mateus, Marcos Lucas e João e os nos chamados apócrifos como: O Proto-Evagenlho de Tomé, O Evangelho de Felipe, O Evangelho de Maria, e o Pitis Sophia, este último traduzido para o latim somente em 1851. Madalena é a figura presente em várias passagens da vida de Cristo, e participa de forma marcante na Paixão, Morte e Ressurreição do Mestre. Com o passar dos tempos Madalena acabou sendo relegada a segundo plano dentro da tradição da igreja católica, sendo portanto estigmatizada apenas como uma prostituta que se arrependeu. Apesar de os textos canônicos não evidenciarem o termo “prostituta” e sim “pecadora”,  isso se deu, porque muitos historiadores bíblicos afirmarem que somente as prostitutas andavam com os cabelos soltos e os lavavam em frente aos outros, o por dedução preconceituosa entenderam que os pecados que Madalena possuía, seriam diretamente ligados ao sexo no exercício de sua função. Em uma análise mais profunda dos evangelhos facilmente  chega-se a conclusão de que Maria de Betânia, irmã de Lázaro e Maria de Madalena, são na realidade a mesma pessoa. O seu sobrenome Madalena ou Magdalini em grego, significa que ela era natural de Magdala, ou Mejdel. O historiador Flávio Josefo descreve esta cidade como um centro comercial baseado na pesca, e fortemente influenciada pelo mundo helênico. Segundo, o Espírito Humberto de Campos em “Boa Noa”, através da mediundade de Francisco Cândido Xavier, portanto um fonte espiritual, Maria de Madalena, “vivia em uma Vila principesca onde se entregava aos prazeres em companhia dos patrícios romanos”; ”Jovem e formosa, emancipara-se dos preconceitos férreos de sua raça; sua beleza lhe escravizara aos caprichos de mulher os mais ardentes admiradores”. (pág. 131). “Humilde e sozinha, resistiu a todas as propostas condenáveis que a solicitavam para uma nova queda de sentimentos. Sem recursos para viver, trabalhou pela própria manutenção em Magdala e Dalmanuta.”  (pag.137). “Certo dia, um grupo de leprosos veio a Dalmanuta. Procediam da Iduméia aqueles infelizes, cansados e tristes, em supremo abandono. Perguntavam por Jesus de Nazareno, mas todas as portas se fecharam. Maria foi ter com eles e, sentindo-se isolada, com amplo direito de empregar sua liberdade, reuniu-os sob as árvores da pria e lhes transmitiu as palavras de Jesus, enchendo-lhes os corações com as claridades do Evangelho.” (pag. 137). “Dali em diante, todas as tardes, a mensageira do Evangelho reunia a turba de seus novos amigos e lhes dizia os ensinamentos de Jesus.... Em breve tempo, sua epiderme apresentava, igualmente, manchas violáceas e tristes. Ela compreendeu a sua nova situação e recordou a recomendação do Messias de que somente sabiam viver os que sabiam imolar-se....” “Sentindo a termo sua tarefa meritória, Maria de Magdala desejou rever antigas afeições de seu círculo pessoal, que se encontravam em Éfeso. Lá estavam João e Maria, além dos outros companheiros dos júbilos cristãos.”(pág. 138). “Seu espírito parecia transpor as fronteiras da eternidade radiosa. De minuto a minuto, ouvia-se-lhe um gemido surdo, enquanto os irmãos de crença lhes rodeavam o leitor de dor, com preces sinceras de seus corações amigos e desvelados.”(pág. 140).



  
 Emmanuel, apesar de não citar seu nome, confirma a versão dos Evangelhos de uma forma geral, escrevendo em “Há Dois Mil Anos” nas págs. 145 e 146: “Ao lado do Mestre não se via mais a carinhosa assistência dos discípulos e seus numerosos seguidores. Apenas algumas mulheres _ entre as quais se destacava o vulto impressionante e agoniado de sua mãe _ o amparavam afetuosamente, no doloroso e derradeiro transe.”
Sabe-se também, pelos próprios Evangelhos, que algumas mulheres possuíam altos cargos na Igreja primitiva, pois Jesus em seu apostolado quebrou várias regras estabelecidas pela sociedade judaica. Uma delas foi quanto a participação  feminina, dando-lhes um papel mais importante dentro do seu grupo ensinando-as e esclarecendo-as quanto as coisas sagradas. Um visão completamente antagônica ao judaísmo, que dava a elas, lugares separados  dos homens nas sinagogas, pois acreditavam que elas  fossem impuras e portadoras do pecado original. Provas de uma participação mais ativa das mulheres nos assuntos religiosos, são facilmente comprovadas no Novo Testamento, principalmente nas conversas de  Jesus com Maria de Madalena na casa de seu irmão Lázaro e com a mulher samaritana(João cap.4). Em Lucas (cap. 8, v. 1 a 3), vemos esse comportamento reforçado: “Os doze o acompanhavam, assim como algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e doenças: Maria chamada de Madalena, da qual haviam saído sete demônios, Joana mulher de Cuza, o procurador de Herodes, Sunan e várias outras, que o serviam com seus bens”. Em “Há Dois Mil Anos”, romance mediúnico psicografado por Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel, atesta o fato que realmente algumas mulheres eram companheiras inseparáveis de Cristo e nem no momento derradeiro o deixaram: “Ao lado do Mestre não se via mais a carinhosa assistência dos discípulos e seus numerosos seguidores. Apenas algumas mulheres _ entre as quais se destacava o vulto impressionante e agoniado de sua mãe _ o amparavam afetuosamente, no doloroso e derradeiro transe.”(págs. 145 e 146).



Paulo por sua vez, em sua epístolas, cita algumas mulheres que tinham tarefas de evangelização dentro da comunidade, tais como Febe, diaconisa da Igreja da Cencréia, Maria, “que muito fez pela comunidade romana”; e Júnia chamada de “apóstola.”(Romanos cap. 16 vs. 1a 8). Madalena na realidade era uma Apóstola de Cristo. No Pitis Sophia no livro 1 cap. 17 lemos: “Maria Madalena pede permissão para interpretar as palavras de Jesus e ouve do mestre: “Maria, tu a abençoada, a quem vou aperfeiçoar em todos os mistérios do alto, fala com franqueza, tu, cujo coração está mais voltado ao reino do céu do que todos os teus irmãos.” A partir do sec. IV, quando a virgindade como símbolo de pureza espiritual, se tornou um modelo a ser seguido pela Igreja, Maria a mãe de Jesus ascende definitivamente dentro da teologia católica e Madalena é vista como símbolo de renuncia aos prazeres materiais, principalmente os ligados ao sexo. 




Esses preceitos começam a se evidenciar, mais precisamente no ano de 305, com o concílio de Elvira, que veio a instruir todos aqueles os que participassem do cerimonial do altar, mantivessem total abstinência de suas esposas. Em 325, o Concílio de Laodicéia proibiu definitivamente que as mulheres servissem de sarcedotes e de possuírem paróquias. Em 425 através do Concílio de Catargo decretou que todo alto clero deveria separar de suas esposas, sob pena de perder os seus direitos sacerdotais. Mas na realidade, é nos textos apócrifos que encontramos uma maior representatividade do papel desenvolvido por Maria de Madalena, a chamada: Apóstola dos Apóstolos.



Desta forma, dentro da tradição gnóstica, é referenciada como a transmissora da Gnose aos homens, a companheira de Cristo, a representação da centelha anímica dentro de nós, que anseia pelo  união com o Salvador. No Pitis Sophia, escrito entre os séculos I e III D.C., baseado nos ensinamentos gnósticos de Valentiniano, composto por cinco livros, sendo os dois primeiros descrevem a queda de Sophia, os seus treze restantes dão conta da sua ascensão para a luz e sua reintegração com seu esposo. Em resumo seus ensinamentos descrevem o assédio das paixões materiais, a queda, o  arrependimento, as iniciações e a reintegração de Sophia que representa a alma humana em seu processo evolutivo rumo a divinização. Segundo a visão gnóstica o primeiro princípio feminino que emanou da divindade, juntamente com seu consorte masculino o Cristo. Através da Sabedoria descrita como “Emanação da Glória de Deus”, personificada por Sophia é que o adepto reencontrará o Cristo interno.




 É a Sophia Celeste, que através do casamento alquímico, é capaz de transmudar seu corpo material em um corpo de glória (I Coríntios, cap. 15, v. 45). Eva, Virgem Maria e Maria de Madalena, representam aspectos diferentes da vida de Sophia. Desta forma, Eva representa Sophia decaída, seduzida pelos prazeres mundanos, Maria a mão de Cristo, representa o aspecto puro e divino de Sophia e Maria de Madalena, representa a centelha anímica que existe em cada ser humano, que precisa ser trabalhada e desenvolvida. No Evangelho de Felipe versículo 32 lemos: “Três eram as que caminhavam continuamente com o Senhor: sua mãe Maria, a irmã desta e Madalena, a que se designa como companheira.”. Por essa razão Madalena é associada a noiva simbólica de Cristo. Ainda no Evangelho de Felipe, desta vez no versículo 73 lemos: “A câmara nupcial não é feita para as bestas nem para os escravos nem para as mulheres sem honra, e sim para os homens livres e para as virgens.”  Desta forma o próprio Felipe , nos explica o sentido da câmara nupcial e o porque de Madalena ser considerada sua companheira. Em Mateus cap. 25, vs. 1 a 13, Jesus adverte sobre a entrada no Reino dos Céus, através da parábola das dez virgens, e na qual ele Jesus, chama-se de esposo. Na Parábola da festa das bodas, Mateus cap. 22 vs. 9 e 10, Jesus solicita: “Ide às encruzilhadas e convidai para as bodas todos quanto achardes.”, mas da mesma forma adverta em  Mateus cap. 22 vs. 11, que só poderão entrar na festa das bodas, ou seja o Reino de Deus, aqueles que tiveram trajando “vestes nupciais”.




Parábola das virgens

 Desta forma, Mateus ratifica os escritos considerados apócrifos de  Felipe, quanto ao sentido alegórico atribuído a Maria de Madalena, em seus escritos. Uma visão completamente alegórica e simbólica que o Pitis Sophia, encarou como a própria necessidade de espiritualização do homem na Terra. Na visão gnóstica assim como Eva saiu de dentro de Adão nos legando a mortalidade, assim quando ela retornar a ele, pela imitação de Cristo, a morte não mais existirá. No evangelho de Mateus cap. 22, v. 30 escreve: “Na ressurreição, os homens não terão mulheres, nem as mulheres maridos; mas serão como anjos de Deus no céu.” Desta forma a câmara nupcial é o sacramento mais misterioso deixado pelo Cristo, pois ela não ocorre no mundo material, mas no espiritual. Por isto veio Cristo para anular a separação que existia desde o princípio, para unir ambos e para dar a vida àqueles que haviam morrido na separação e uni-los de novo. Maria de Madalena simboliza a Noiva a espera de seu Noivo, o Cristo. Ela é sua Alma companheira, purificada e pronta para se reunir ao Espírito, formando assim o andrógino original ou Adão, realizando assim a Boda Alquímica.



Maria de Madalena chegando a Marseille na França




Maria de Madalena pregando na França

Também é conferida a Maria de Madalena, a lenda do Santo Graal, que originou a confraria dos Templários.

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